O casal de agricultores Julinere Goulart Bentos e Cesar Jorge Sechi se tornou réu pelo assassinato do advogado Renato Gomes Nery, de 72 anos, executado a tiros em frente ao próprio escritório no dia 5 de julho de 2024, em Cuiabá. A decisão é do juiz Francisco Ney Gaiva, da 14ª Vara Criminal, que acolheu o pedido do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e incluiu os dois na ação penal como mandantes do crime. A decisão, proferida nesta segunda-feira (21), também autorizou a retificação de trechos da denúncia inicial.
Conforme a nova acusação, Julinere e Cesar responderão por homicídio qualificado — por motivo torpe, uso de meio que gerou perigo comum e recurso que dificultou a defesa da vítima — com agravante pelo fato de o advogado ser idoso. Eles também foram denunciados por integrar organização criminosa. Segundo os promotores, Julinere foi a autora intelectual do crime, atuando como coordenadora da ação, enquanto Cesar foi o responsável pelo apoio financeiro da execução.
As investigações apontaram que o assassinato foi praticado por uma estrutura criminosa complexa, com divisão de tarefas e vínculos diretos com interesses contrariados por uma disputa judicial envolvendo terras. Renato Nery havia vencido a ação e, segundo o Ministério Público, isso motivou a decisão do casal em eliminar o advogado. O crime, segundo a denúncia, foi orquestrado com frieza e com o objetivo de intimidar adversários.
A denúncia ainda detalha a composição da organização criminosa, dividida em núcleos. O de comando, formado pelo casal mandante; o de intermediação, que incluiu Jackson Pereira Barbosa, Ícaro Nathan Santos Ferreira e Heron Teixeira Pena Vieira, responsáveis pelo fornecimento da arma, repasse de valores e articulação do crime; e o núcleo operacional, com Heron e Alex Roberto de Queiroz Silva, que executaram o assassinato.
Além desses, o Ministério Público identificou um quarto grupo: o núcleo de obstrução, encarregado de ocultar a arma do crime e criar barreiras à investigação. Todos os envolvidos responderão por suas respectivas participações na ação penal em curso, segundo a promotoria. O caso gerou grande comoção na sociedade mato-grossense, especialmente entre membros da advocacia, pela brutalidade e o grau de organização da execução.
O aditamento da denúncia e o novo enquadramento dos réus foram assinados pelos promotores Rinaldo Segundo, Vinicius Gahyva Martins e Élide Manzini de Campos, do Núcleo de Defesa da Vida. A Justiça deve agora analisar os próximos passos do processo, que segue em tramitação na Comarca de Cuiabá.