A Justiça de São Paulo acatou na quinta-feira, 27, o pedido de prisão preventiva de dois suspeitos de envolvimento na morte do cabeleireiro José Roberto Silveira, de 59 anos, conhecido como Betto Silveira. Ele foi encontrado amordaçado, com punhos e joelhos amarrados por fios e com sinais de asfixia, no sobrado onde morava, no Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, no sábado, 22.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que a prisão preventiva de ambos foi solicitada pela Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que realiza diligências para localizá-los. Anteriormente, eles já tinham sido identificados pela polícia.
Um terceiro homem chegou a ser encaminhado ao 72° Distrito Policial, na Vila Penteado, na quarta-feira, 26, por suspeita de participação no crime. “Na unidade policial, porém, o suspeito apresentou informações desconexas e, após ser ouvido, foi liberado”, disse a pasta.
Como foi o crime?
O crime ocorreu na residência de Betto. De acordo com o boletim de ocorrência, obtido pelo Estadão, o cabeleireiro saiu de casa por volta das 1h40 de sábado e retornou pouco depois, às 2h13. Ele estava em um Hyundai/HB20 preto.
Algumas horas depois, às 5h53, uma câmera de segurança registrou o momento em que dois suspeitos abriram o portão frontal da casa e deixaram o local a pé.
O corpo de Betto foi encontrado na tarde de sábado por amigos, que foram até o imóvel após não conseguirem contato com ele.
A vítima estava amordaçada, com punhos e joelhos amarrados por fios e apresentava sinais de asfixia.
Quem era Betto Silveira?
Nascido em Garça, no interior de São Paulo, Betto chegou a São Paulo em 1991 e, à época, trabalhou na Vila Madalena. Onze anos após a mudança, ele foi morar no Alto de Pinheiros, onde vivia havia 22 anos.
Em suas redes sociais, Betto dizia que sua profissão era uma espécie de “hobby remunerado”. Ele foi descrito em uma publicação como “um cara que ama ver o sorriso no rosto das pessoas” e que encontrou na profissão uma “forma de produzir tais sorrisos com sua criatividade, empenho e paciência”.
Quem morava no imóvel?
No sobrado, Betto vivia com a mãe, uma idosa de 98 anos, que dependia de seus cuidados. De acordo com o boletim de ocorrência, em outro quarto da casa, morava um venezuelano que alugava o cômodo. Esse homem relatou à polícia que a vítima foi até o seu quarto para pedir seda para fazer um cigarro por volta das 2 horas do sábado.
À polícia, o rapaz afirmou que ouviu Betto conversando com outra pessoa por longo período, além de sons de chuveiro ligado, televisão e música.
Por volta das 4 horas, ouviu ruídos de objetos quebrando e movimentação intensa no quarto, mas que tais sons não lhe causaram estranhamento, justamente por ser rotineiro o elevado movimento na casa da vítima.
O que dizem as testemunhas?
Duas testemunhas relataram à polícia que Betto havia terminado um relacionamento com outro homem recentemente. Uma delas disse que a relação acabou há dois meses. “A vítima desejava reatar, porém o ex-companheiro já estava envolvido em outra relação e não demonstrava interesse, situação que deixou Betto muito triste à época. Entretanto, relata que, com o passar do tempo, ele superou o término e passou a se relacionar com outro homem.”
Outra testemunha afirmou que o ex de Betto registrou um boletim de ocorrência contra o cabeleireiro em razão de ameaças. Essa testemunha também disse que desde o término da relação, o cabeleireiro passou a conhecer “diferentes homens com certa frequência, por aplicativos de encontro”.
De acordo com a polícia, o boletim de ocorrência contra a vítima foi registrado por lesão corporal e ameaça, em agosto deste ano, “inclusive com aplicação de medida protetiva”. O atual namorado do ex dele também o acusou de ameaça, e uma amiga da vítima relatou que este homem também ameaçou Betto.



