O defensor público Márcio Bruno Teixeira, que defende o acusado, disse que ainda irá analisar a decisão do júri, para então decidir a medida a ser tomada. Porém, durante o julgamento, ele alegou, por várias vezes, que o jovem era inocente e que não havia nenhuma prova consistente que pudesse incriminá-lo. "Essa investigação apresentou falhas, pois a própria testemunha ocular não deu certeza de que o Evair seria o executor desse crime", pontuou, ao se referir a Bianca Nayara Correa de Souza, ex-mulher de Rubens Alves de Lima, acusado de ser o mandante do crime.
Para ele, todas as provas, assim como as interceptações telefônicas dos acusados e de pessoas ligadas a eles, citam suposto envolvimento dos outros três acusados, entre eles do acusado de ser o mandante do crime, porém, o nome de Evair, segundo o defensor, não foi mencionado. "Os telefonemas não apontaram nenhuma ligação do réu. Também foi feito busca e apreensão na casa dele, da mãe dele, e nada foi encontrado", disse.
O promotor João Augusto Gadelha pontuou sobre a existência de 'rede criminosa' na região do bairro Jardim Fortaleza, na capital, onde a vítima foi morta a tiros, envolvendo Evair Peres, que declarou, em depoimento, ser usuário de drogas. Ele concluiu que não se tratava de um 'pistoleiro' profissional, mas de uma pessoa interessada no dinheiro que iria ganhar pela execução do jornalista, que teria sido de R$ 2 mil. Além de Evair e Rubens, que encontra-se foragido desde a data do crime, outro acusado de intermediar a negociação entre o autor dos disparos e o mandante do assassinato.
As provas obtidas contra o réu, na visão do MPE, se sustentam, pois pelo menos 40 pessoas foram ouvidas durante o inquérito e todas apontaram Evair, vulgo 'Baby', como sendo o autor do crime. O motivo seria ciúmes de Rubens com Bianca, tanto que, antes de efetuar os disparos contra o jornalista, o acusado teria mandado que a jovem saísse do carro para que não fosse atingida. Foram disparados seis tiros contra a vítima, sendo que dois deles a atingiram. Naquele momento, o casal estava parado na frente da casa de Bianca, no bairro Jardim Fortaleza, e o jornalista foi alvejado na cabeça e no peito dentro do veículo, sem chance de defesa, conforme laudo pericial.
Apesar da principal testemunha ter mudado o depoimento e negado reconhecer o acusado, em depoimento à Justiça, no ano passado, Gadelha considerou que essas contradições de Bianca não poderiam ser levadas em consideração para inocentar Evair, pois, segundo ele, ela estaria com medo e possivelmente coagida. "Uma amiga dela disse que, depois da morte de Auro Ida, Bianca reatou o relacionamento com Rubens. Provavelmente, ela teria sido pressionada a inocentar Evair e, consequente, os outros dois acusados", defendeu.
Em trechos do depoimento prestado à Justiça, Bianca disse que não tinha reconhecido o acusado e que, ao prestar depoimento à Polícia Civil, teria sido induzida a afirmar que conhecia 70% do suspeito. "Me perguntar se eu o conhecia, daí ficaram me perguntando quantos por cento o reconhecia, se era 50%, 60%, 70%, e disse que sim, que era 70%", afirmou. As imagens de trechos do depoimento dela foram disponibilizados durante o julgamento pela defesa do acusado. Ela afirmou que já tinha visto o jovem algumas vezes em uma lan house do ex-marido dela, no bairro onde mora.
O depoimento de uma das testemunhas, que era namorado de uma amiga de Bianca. Ele disse ter visto Evair andando de bicicleta pouco depois de ouvir disparos de arma de fogo. Segundo a testemunha, ele aparentava estar com algo na cintura. Isso foi contra as alegações de outras testemunhas, inclusive de um amigo dele que prestou depoimento nesta quinta-feira, de que o acusado estaria em um bar no momento do assassinato.
O amigo disse ainda que Evair era usuário de drogas e que fazia 'correria', tanto para o consumo, quanto para venda. "Correria quer dizer tráfico", afirmou o promotor, ao argumentar que o acusado teve outras passagens pela polícia quando era menor de idade.
A defesa do acusado de intermediar a contratação de 'Baby' recorreu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e não há data prevista para ir a júri popular. Os dois cumprem pena na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. Outro suspeito de envolvimento no assassinato também foi detido, mas como era menor de idade na época do crime foi encaminhado para o Centro Sócioeducativo de Cuiabá e liberado após completar a maioridade.
O advogado de defesa de Rubens Alves de Lima informou que o cliente está desaparecido desde o crime e que já entrou com recurso para reverter a situação.
G1 Mato Grosso – Pollyana Araújo