O empresário é o pivô do esquema investigado pela PF e foi ouvido nesta quinta-feira (4), na condição de testemunha de acusação.
O interrogatório foi acompanhado pelos quatro réus no processo, o ex-secretário adjunto do Tesouro Estadual, Vivaldo Lopes, Laura Dias – esposa do ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes – e o gerente do Bic Banco, Luiz Carlos Cuzziol.
Eder Moraes, preso no presídio da Papuda, em Brasília, desde o dia 20 de maior, acompanhou o depoimento por videoconferência.
Segundo a defesa de Eder Moraes, o empresário Júnior Mendonça apenas manteve as alegações que haviam sido dadas por ele em delação premiada. “Não tivemos nenhum fato. O Ministério Público Federal fez perguntas, a defesa também, enfim, ele foi inquerido sobre tudo aquilo que já havia afirmado anteriormente”, afirmou o advogado de Eder, Paulo Lessa.
O advogado de Mendonça, Huendel Rolin deixou a Justiça Federal sem falar com a imprensa. Um grande número de jornalistas aguardava a saída de Júnior Mendonça, mas, aparentemente, ele saiu pelas portas do fundo do prédio.
Já a defesa de Vivaldo Lopes alegou que a audiência foi tranquila e o depoimento prestado por Júnior Mendonça deixa claro que os depósitos feitos na conta do ex-secretário do Tesouro Estadual foram “realizados dentro da mais absoluta licitude”, assegurou o advogado Ulisses Rabaneda.
Ainda segundo ele, “a defesa vem conseguindo provar que Vivaldo é inocente das acusações e temos a certeza de que na hora de proferir a sentença o juiz vai acolher a tese defensiva”.
Audiências
A partir do próximo dia 24, o juiz Jeferson Schneider irá ouvir os quatro réus do processo e todas as testemunhas arroladas pela defesa e pela acusação. De acordo com o advogado Paulo Lessa, as audiências serão realizadas ao longo de quatro dias.
Entenda o Caso
Eder Moraes, Vivaldo Lopes, Luiz Carlos Cuzziol e Laura Tereza da Costa Dias se tornaram réus em ação penal que tramita na 5ª Vara da Justiça Federal pelos crimes de lavagem de dinheiro. A ação foi proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) e aceita pelo juiz da 5º Vara, Jeferson Schneider.
O Bic Banco, instituição financeira gerida por Cuzziol, é apontado como uma instituição utilizada para concessão de empréstimos fraudulentos no Estado.
A investigação da Polícia Federal apontou que transferências bancárias totalizando o valor de R$ 520 mil à empresa Brisa Consultoria e Assessoria, pertencente ao secretário adjunto do Tesouro de Mato Grosso, Vivaldo Lopes Dias, teriam sido usadas no suposto esquema de lavagem de dinheiro tendo o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes, como principal organizador. No período em que Eder de Moraes ocupava a cadeira de secretário da Sefaz (entre fevereiro de 2008 e março de 2010) Vivaldo Lopes Dias era o secretário-adjunto da pasta. Os empréstimos eram viabilizados via Bic Banco.
As transferências – de acordo com demonstrativo encaminhado à Justiça Federal – foram realizadas entre janeiro e março de 2010 por meio de contas da Globo Fomento e Comercial Amazônia de Petróleo, pertencentes ao empresário Júnior Mendonça (delator do esquema), de acordo com a Polícia Federal. Os acusados negaram as práticas de crimes para Policia Federal.