Internacional

Julgamento de Morsi é adiado para 8 de janeiro no Egito

 
O julgamento foi iniciado na Academia de Polícia, nos arredores do Cairo, com duas horas de atraso. Morsi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egitox, não se apresentou com a roupa branca exigida para os detentos. O juiz optou por aguardar pela troca de roupa para iniciar o processo, segundo uma fonte informou à France Presse.
 
Após o início, Morsi assumiu uma postura desafiadora no tribunal, cantando "Abaixo o domínio militar" e alegando ser o único presidente "legítimo" do país, informou uma testemunha da Reuters. Ele também disse que o julgamento era "ilegítimo".
 
"Sou o doutor Mohamed Mursi, o presidente da República". "Este tribunal é ilegal", declarou.
"Isto foi um golpe militar. É preciso julgar seus líderes", ressaltou, acrescentando: "O golpe é uma traição e um crime".
 
O presidente deposto parecia irritado e interrompeu a sessão repetidas vezes, levando o juiz a interromper e suspender os trabalhos, disse a testemunha.
 
Morsi e os outros réus serão levados para a prisão de Tora, segundo uma fonte de segurança.
Do lado de fora da academia, manifestantes que apoiam Morsi e a Irmandade Muçulmana fizeam protestos e foram dispersados por bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia.
 
Um total de 20 mil soldados da Polícia e das Forças Armadas foram deslocados para os arredores do tribunal, diante do temor de que os protestos convocados pelos partidários de Morsi derivem em distúrbios.
 
Esta foi a primeira vez que Morsi aparece em público desde que foi derrubado em julho passado.
Um dos advogados de defesa do presidente deposto disse aos jornalistas do lado de fora do tribunal que o julgamento é “inconstitucional”.
 
 
O primeiro chefe de Estado eleito democraticamente no Egito, que ficou apenas um ano no poder, foi mantido em detenção pelo exército em um local secreto desde sua destituição, em 3 de julho.
 
O local do julgamento, a Academia de Polícia ao lado da penitenciária de Tora, no Cairo, é onde estão detidos os principais líderes da Irmandade Muçulmana, o movimento islamita de Morsi que foi duramente reprimido pelas novas autoridades militares após o golpe de Estado.
 
Seus partidários, na prisão ou dizimados pela implacável repressão das autoridades instaladas no poder em 3 de julho pelo Exército egípcio, prometeram se fazer ouvir quando o primeiro chefe de Estado democraticamente eleito no Egito aparecer no tribunal.
 
O julgamento reacende o estado de alerta no Egito, pois ameaça agravar as divisões em um país onde milhares de partidários de Morsi morreram na repressão e onde mais de 2 mil islamitas foram presos, entre eles quase toda a direção da Irmandade Muçulmana, a confraria à qual Morsi pertence.
 
Ao contrário de seu antecessor, Hosni Mubarak, Morsi já advertiu que não cooperará com a justiça, pois não reconhece sua autoridade, segundo a Aliança contra o Golpe de Estado.
 
A justiça egípcia, que se opôs a Morsi em várias ocasiões durante sua presidência, parece determinada a seguir adiante com o julgamento e ignorar todo tipo de pressão política. Morsi e os outros acusados enfrentam a pena de morte ou a prisão perpétua por fatos que marcaram uma importante mudança em sua presidência.
 
Depois de seis meses no poder, Morsi estabeleceu por decreto ficar acima de todo controle judicial, o que motivou as manifestações contra ele.
 
A Irmandade Muçulmana pediu a seus partidários que desalojassem os manifestantes, provocando cenas de violência que reforçaram a oposição que, seis meses mais tarde, saiu às ruas para reclamar a renúncia de Morsi, o que conseguiu com a ajuda dos militares.
 
G1 Mundo

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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