Na série de matérias sobre o tempo de magistratura dos juízes e desembargadores mato-grossenses registramos hoje a história de mais três magistrados. No dia 12 de junho de 2007 três juízes substitutos foram aprovados em concurso público: Alethea Assunção Santos, Cristiane Padim da Silva e Roger Augusto Bim Donega, e agora, em 2019, completam 12 anos de dedicação à magistratura.
À época, no dia 20 de setembro, os três juízes substitutos puderam escolher, devido à ordem de classificação, as Comarcas onde iniciariam as carreiras. A cuiabana Alethea Assunção Santos optou por Aripuanã (1.002 km de Cuiabá). A rondonopolitana Cristiane Padim da Silva escolheu a Comarca de Porto Alegre do Norte (1.125 km da Capital) e o paulista Roger Augusto Bim Donega foi para Comarca de Colniza (1.065 km de Cuiabá).
Seguir a carreira da magistratura era o sonho desde criança da juíza Cristiane Padim, que, atualmente, está na Primeira Vara Criminal de Tangará da Serra (a 239 km ao médio-norte da Capital). Mesmo conhecendo a realidade da profissão, que requer muita dedicação e trabalho, não desistiu e dedicou sete anos de sua vida para estudar para o concurso.
A magistrada diz que a primeira Comarca por onde passou trouxe amadurecimento e ensinamentos para a carreira e falou do amor pela profissão que escolheu seguir. “Em Porto Alegre do Norte aprendi a base de como solucionar os problemas, ser criativa, como fazer com o que tenho e encontrarmos soluções diferenciadas. Me sinto bastante realizada na carreira, e me considero vocacionada. Amo o que faço, e isso me motiva a levantar da cama todos os dias”, afirma.
Sacerdócio é a palavra utilizada pelo juiz Roger Augusto Bim Donega, que atua na Quinta Vara Criminal de Alta Floresta (803 km ao norte de Cuiabá). Ele conta que a carreira requer muito trabalho e sacrifícios e que para passar no concurso se dedicou aos estudos por seis anos e meio, em meio ao trabalho da advocacia. Os frutos estão sendo colhidos, e prova disso é a homenagem que recebeu esta semana da Câmara de Vereadores de Alta Floresta pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido na cidade.
“Quando se trabalha sério e se consegue fazer ações em benefício da sociedade, o resultado aparece. As pessoas confiam no trabalho da Justiça. O índice de criminalidade foi reduzido em Alta Floresta e temos dado resposta rápida nos processos. E é isso o que a sociedade quer: resultados e aplicação da lei. Tem sido gratificante”, comenta o magistrado que já passou pelas Comarcas de Colniza, Nova Monte Verde, Apiacás e Juína.
A juíza Alethea Assunção Santos, da Primeira Vara Criminal de Cáceres (224 km a oeste da Capital), define esses 12 anos de trajetória, entre tantas outras que poderia mencionar, como um período de desafio e aprendizado. Mesmo tendo nascido em Cuiabá, conta que a magistratura possibilitou viver no interior de Mato Grosso, conhecendo as peculiaridades de cada região, além das competências de cada unidade por onde passou (Aripuanã, Juara, Pontes e Lacerda e Cáceres).
“São lugares totalmente diferentes. Viver esses desafios foi enriquecedor porque a gente começa a entender a realidade da população que mora no interior do Estado. Morei quase cinco anos em Aripuanã e quando meu filho nasceu vi a dificuldade que era, por exemplo, conseguir consulta com um pediatra. Lá só havia clínico geral”, recorda a juíza.
Apesar das dificuldades, Alethea Assunção Santos diz que o resultado da atividade jurisdicional é satisfatório. Citou um caso da efetividade do serviço da Justiça com um processo de adoção tardia de um adolescente de 12 anos, em 2017, na cidade de Cáceres, graças a um contato dela com uma juíza no Rio de Janeiro. Uma família de Curitiba adotou a criança mato-grossense. “Esse é um caso não tão comum de se ver e quando conseguimos resolver casos difíceis como esses que aparecem é muito satisfatório”, avalia.