Jurídico

Juiz vê bloqueio ilegal e libera mais seis ônibus em processo sobre esquema no transporte

O juiz Bruno D’Oliveira Marques, da Vara Especializada em Ações Coletivas, liberou mais seis ônibus que foram confiscados pela Justiça nos autos que investigam suposto esquema de exploração irregular dos serviços de transporte coletivo intermunicipal em Mato Grosso.

A decisão foi divulgada nesta terça-feira (6) e consta num processo oriundo da Operação Rota Final.

O pedido de desbloqueio foi feito Banco Mercedes Bens do Brasil S/A, já que os veículos, que foram financiados, ainda estão alienados à instituição financeira.

Diante da situação, o magistrado concluiu que a indisponibilidade foi ilegal.

Ele explicou que “a alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel”, portanto, os bens são do banco, até que o comprador quite a dívida.

“Por conseguinte, tendo em vista que a propriedade resolúvel do bem móvel indisponibilizado pertence a terceiro, e não ao requerido, DETERMINO o levantamento da constrição lançada sobre os veículos”.

Em decisão anteriores, o magistrado também cancelou o bloqueio de outros veículos retidos no processo.

O esquema

A ação por improbidade administrativa foi ajuizada contra Silval Barbosa, Carla Maria Vieira de Andrade Lima, Francisco Gomes de Andrade Lima Neto e Pro Nefron Nefrologia Clínica e Terapia Renal Substitutiva, Francisco Gomes Andrade Lima Filho, Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros do Estado de Mato Grosso (Setromat), Empresa Colibri de Transporte Ltda, Expresso Rubi Ltda, Barratur Transporte e Turismo Ltda, Transporte Jaó Ltda, Viação São Luiz, Rápido Chapadense Viação Ltda, Viação Nagib Saad Ltda e Orion Turismo Ltda, Verde Transportes Ltda, Viação Eldorado Ltda – ME, Viação Sol Nascente Ltda, Empresa de Transporte Andorinha S/A e Viação Xavante Ltda, Eder Augusto Pinheiro e Júlio César Sales Lima.

Segundo os autos, o Estado assinou um Termo de Compromisso de Conduta em setembro de 2007, para que o governo concluísse o procedimento licitatório até março de 2010, quando estariam expirados os contratos até então vigentes.

Mas em agosto de 2014, o Estado publicou ato normativo que invalidou todo o procedimento licitatório que havia sido realizado para regularizar o sistema de transporte coletivo intermunicipal.

Em delação premiada, o ex-governador Silval Barbosa revelou que os empresários do ramo que atuavam na exploração irregular dos serviços, sob a coordenação do Setromat, o subornaram para que o referido ato normativo fosse editado. O ex-gestor contou que, para isso, recebeu R$ 6 milhões.

O ato administrativo acabou sendo derrubado por decisão do Tribunal de Justiça, mas, segundo o MPE, “a manobra criminosa alcançou o êxito no seu propósito, uma vez que conseguiu obstruir a conclusão da licitação do STCRIP, estendeu a operação precária por aproximadamente cinco anos e instalou nova controvérsia sobre o certame que se arrasta até os dias atuais”.

Na delação, Silval também afirmou que o valor da propina foi negociado entre Chico Lima, que na época atuava como procurador do Estado e o Setromat, então presidido por Júlio César Sales Lima.

Ainda de acordo com a denúncia do MPE, na negociação ficou conveniado que o valor da propina seria integralizado parceladamente, cabendo essa responsabilidade ao requerido Éder Augusto Pinheiro, proprietário do Grupo Verde, empresa detentora do maior número de linhas precárias em operação no Estado e com atuação ampla em todas as regiões de Mato Grosso.

Dos R$ 6 milhões, o ex-governador contou que teve conhecimento que Éder Augusto repassou R$ 400 mil para Chico Lima, dos quais R$ 200 mil lhe foi entregue para pagar dívidas políticas e pessoais.

Redação

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