O dia a dia dos jovens na busca pelo primeiro emprego não é fácil. Além da falta de experiência, rapazes e garotas precisam lidar com contratempos e dificuldades – como conciliar trabalho e estudos, por exemplo.
Para dificultar ainda mais nessa jornada atrás do primeiro emprego, os candidatos precisam lidar com a ampla concorrência experiente que se formou nestes tempos de crise pelo qual o Brasil passa.
Seja pela busca de certa independência financeira ou para ajudar nas contas da família, o que é comum entre os candidatos que buscam um lugar no mercado de trabalho é justamente a falta de experiência.
A reportagem do Circuito Mato Grosso esteve na unidade matriz do Sistema Nacional de Emprego (Sine), em Cuiabá (MT) e conversou com alguns desses jovens que seguem firme na busca de uma assinatura na Carteira de Trabalho e Previdência Social.
A busca
A estudante Natália Cristina Rondon, de 17 anos, se arrumou e saiu cedo de casa com um único objetivo em mente: “arrumar um emprego”. Ela explica que gostaria de trabalhar no setor de comércio. “Trabalhar em loja seria o ideal, mas o que aparecer eu aceito”.
Natália sempre estudou em escola pública e agora, no segundo ano do Ensino Médio, ela explica as principais dificuldades pela qual passa na busca de vaga. “Tem muitas dificuldades, como a entrevista, por exemplo. Muitas vezes não sabemos nem o falar”.
Ela estuda no período da manhã e busca um trabalho que possa conciliar com os estudos. “Estou à procura de uma vaga para o período da tarde. Eu sei que minha rotina vai ser mais cansativa, mas no final vai valer a pena”.
Enquanto aguarda ansiosa que sua senha seja chamada em um dos guichês do Sine Matriz, Natália explica seu planos, caso consiga uma vaga no mercado de trabalho. “Moro com minha mãe e um primo. Com o dinheiro que eu receber, caso consiga um emprego, vou ajudar nas despesas de casa e comprar coisas pra mim com o que sobrar. Quero fazer Medicina Veterinária futuramente, mas até lá, quero desenvolver meu trabalho e crescer cada vez mais na empresa”.
Também com foi com o objetivo de independência financeira que Raphael Pereira, de 15 anos, foi ao Sine acompanhado de sua mãe, Grazielli Lucila. “Quero ter meu próprio dinheiro para ajudar em casa e poder comprar minhas coisas. Acho que o emprego ajuda a madurecer a pessoa”, explica Raphael.
Segundo ele, a idade é um fator negativo na hora de participar de seleção para uma vaga. “A idade atrapalha um pouco e o nervosismo também. Acho que o candidato com idade mais avançada e que já tenha trabalhado antes, leva vantagem em relação a quem busca o primeiro emprego”.
A mãe de Raphael, Grazielli Lucila, explica que a independência financeira do filho foi o que motivou ela a leva-lo no Sine. “As vezes ele pede dinheiro pra sair com os amigos e nem sempre a gente tem. Então essa independência financeira vai ser bom, até pra ele estar adquirindo mais responsabilidades também”, explica Grazielli.
A mãe conta que as dificuldades começam na hora de montar o curriculum, já que quase não há informações a serem colocadas do jovem, a não ser os dados pessoais. “A maioria das empresas pedem experiência, mas como ter experiência se é o primeiro emprego? Senti muita dificuldade na hora de elaborar o currículo dele, pois quase não há informações a serem colocadas”.
Raphael está completando o ensino fundamental. Para Grazielli os estudos vêm em primeiro lugar, e o filho não trabalha caso as notas abaixem por conta do trabalho. “O meu maior medo é dele trabalhar e acabar indo mal nos estudos, mas eu já falei pra ele que isso acontecer ele terá que sair do trabalho”.
Ajuda extra
O ‘bicho papão’ dos jovens na busca do primeiro trabalho é justamente o processo seletivo. De acordo com o secretário adjunto da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), Samir Prado, o governo oferece uma Oficina de como se portar em uma entrevista de emprego.
“Nessa Oficina a gente prepara o jovem para o processo seletivo. Muitas vezes o candidato não sabe o que falar, como se comportar ou se vestir. Há casos do jovem ir de boné em uma entrevista”, relata Samir.
De acordo com o secretário, as ações do governo são realizadas frequentemente e, junto com parcerias firmadas, busca ajudar o jovem a alcançar o tão sonhado primeiro emprego. “O estado de Mato Grosso está com esse olhar para a população jovem e busca, na medida do possível, sua inserção no mercado formal de trabalho. Sempre estamos em parceria com instituições como o Senai e o Sesc, por exemplo.
Com o intuito de auxiliar esses jovens a se preparar melhor para o primeiro trabalho, foi realizado um mutirão na sexta-feira (12) na unidade matriz do Sine, em Cuiabá. Lá foram ofertados cursos de capacitação, além do encaminhamento para processos seletivos.