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Jovem relata dia em que teve cabelo arrancado por kart em parque

O cabelo dela acabou enroscando no motor do equipamento. Ela diz que não recebeu o equipamento que cobre quase toda a cabeça e evita acidentes do tipo. Moradora de Panambi (RS), ela passou meses internada e diz que vai processar o parque.
 
Como toda mulher, sou vaidosa. Do que mais cuidava era o cabelo, e hoje em dia eu não tenho mais. Isso dói.
 
Fui em uma excursão para o parque com um grupo de Panambi. Viajamos à noite, iríamos passar um sábado.
 
Entrei lá, fui em três brinquedos e, no quarto, que era o kart, aconteceu. Eu estava andando e senti um puxão. Foi muito rápido. Tirei o pé do acelerador, parei e, quando vi, estava sem o capacete e havia muito sangue.
 
Em um primeiro momento, vieram tampar para o pessoal [que visitava o parque] não ver. Depois é que chamaram uma ambulância.
 
Uma amiga ficou desesperada, pedindo socorro, porque eu estava com o osso da cabeça exposto. Fui levada para um hospital de Itajaí e lá fiquei seis dias na UTI.
 
Os médicos recolocaram a pele que foi machucada, mas houve rejeição de algumas partes. Meses depois, tirei pele da perna para colocar na cabeça. Fiquei internada de fevereiro até maio.
 
Fui 19 vezes ao centro cirúrgico [para fazer curativos e procedimentos]. Toda vez era desgastante: eu precisava ser entubada e anestesiada. Tinha também que viajar todo dia para Blumenau para sessões em câmera hiperbárica [para acelerar a cicatrização].
 
Quem ficou comigo em Santa Catarina foi o Álvaro, meu noivo, até porque minha mãe estava grávida.
 
Além da preocupação comigo, tinha a preocupação com ela. O Álvaro perdeu o emprego e passou as dores que eu passei.
 
Precisei trancar a faculdade de engenharia. Provavelmente me formaria no fim do ano, mas tive que adiar.
 
Foram mais dois meses morando em um hotel em Itajaí por causa do acompanhamento médico necessário.
 
CUIDADOS
 
Hoje, eu não posso deitar na cama normalmente por causa do medo de me machucar. Com o acidente, fiquei com uma sobrancelha mais alta. Também perdi a sensibilidade na cabeça.
 
Todo dia de manhã a gente precisa fazer curativos, colocar gazes e uma touca. Uso uma prótese [peruca] que a cada seis meses precisa ser trocada e custa R$ 6.000.
 
Voltei para a faculdade e para a empresa onde eu trabalhava, mas com restrições.
 
Não posso fazer todas as disciplinas da faculdade porque tenho que ficar mais em casa, para a cicatrização, com a cabeça "aberta", arejada. Tem todo um cuidado com o perigo de infecção ainda.
 
Muita coisa não vai voltar. O principal é a atividade física: o simples entrar em uma piscina ou jogar vôlei.
 
Há lugares em que eu não vou porque tenho medo que aconteça alguma coisa, que puxem o cabelo [peruca].
 
A gente mora em uma cidade pequena. As pessoas que convivem comigo entendem, mas outros vêm perguntar coisas que a gente não gosta de ficar falando.
 
Às vezes penso: "Não vou em tal lugar porque os outros vão ficar comentando".
 
Eu trabalho, tenho que pagar a faculdade e mais todos os gastos com medicamentos.
 
Hoje as nossas despesas são ao redor de R$ 2.500. Recebi ressarcimento [do parque] acho que por dois meses após a volta. Depois, não.
 
Minha cabeça não está 100% sarada, mas não estou em tratamento. Deveria voltar a Itajaí para uma reavaliação, mas tudo tem um custo. Um especialista que consultei disse que, como a medicina evolui a cada dia, há possibilidade de um implante, mas não de imediato. O cabelo não vai mais voltar. O que dói mais é o emocional.
 

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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