Em anos anteriores, Cássia foi aprovada em 1º lugar em nutrição na UFAC e 2º lugar em Odontologia na UFRJ (Foto: Maria Clara Monteiro)
"Eu preciso de um curso que me satisfiça completamente”. Foi com este pensamento que a estudante de Santarém, oeste do Pará, Cássia Santos do Amaral, de 25 anos, decidiu largar dois empregos e duas graduações para focar no sonho de se formar em medicina. Esta é a terceira vez que a jovem vai tentar ingressar no curso por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Quando fez o exame pela primera vez, Cássia trabalhava como professora de flauta doce, musicalização e percussão; integrava uma orquestra e era acadêmica dos cursos de farmácia e música, mas percebeu que para passar em medicina teria que se dedicar exclusivamente a isso. “Eu já havia tentado outros vestibulares enquanto eu estava em duas faculdades, mas eu nunca chegava perto porque não tem condições de tentar medicina fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Medicina é um projeto que leva, dois, três anos, ou até mais. Então eu precisava ficar focada. Eu tive a consciência de abrir mão de tudo que eu estava fazendo para tentar esse curso”, destacou.
A jovem contou que já foi aprovada em 1º lugar no curso de nutrição na Universidade Federal do Acre (UFAC) e em 2º lugar no curso de odontologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas nenhuma das conquistas realizaria o sonho que vinha com ela desde a infância: atuar como médica. “Eu sempre fui interessada em pessoas, em gente, em trabalhar em casos clínicos. Vi que não tinha interesse em trabalhar limitada no laboratório [como farmacêutica]. Queria mesmo era trabalhar com doentes. Algo dentro de mim sempre ficava me dizendo, que não era aquilo que eu queria fazer”, explica a jovem.
Apoio da Família
Cássia ressalta que quando Cássia decidiu largar tudo para se dedicar ao Enem o apoio da família foi fundamental. “Eles sempre me deixaram livre para fazer o que eu queria ser”. A estudante tem uma irmã que é enfermeira e outra que formará e medicina no mês de novembro. “Quando minha irmã passou no curso de medicina, comecei a me interessar ainda mais pelas coisas que ela vivenciava na universidade. Achava o máximo as coisas que ela contava. Foi o que me levou a dar essa reviravolta na minha vida e ir atrás do que eu queria realmente. Minha irmã é o meu espelho. É o exemplo de vida que eu tenho pra mim. Acima de tudo, ela é a minha maior incentivadora para realizar meu sonho”.
A música como aliada
Após 12 anos de envolvimento com a música, a arte passou a se tornar uma aliada na rotina de estudos de Cássia. Ela diz que quando fica tensão com a rotina intensa de estudos procura ouvir música clássica para relaxar e se concentrar. “A música nunca vai sair de mim. Algumas horas do meu dia eu tiro para escutar música, seja o tipo que for. É um tipo de terapia para mim. As vezes a gente está tão ocupada, focada e desesperada que é preciso parar um pouco. E quando a gente estuda música, a gente trabalha várias partes do cérebro. A gente estuda partitura, tem que prestar atenção no maestro, tem que saber o que o colega está tocando ao lado, tem que se ouvir também. Então isso faz com que a gente aguce mais a nossa concentração”.
Ler revistas e acessar a internet, também são meios que a estudante usa para se manter atualizada do que acontece no dia-dia. “Gosto muito de ler revistas e entrar na internet, porque o Enem é uma prova de vida. Não existe só técnica na prova, então além do que a gente estuda no cursinho e estuda em livros, a gente precisa estar informado do que está acontecendo no mundo. O que ajuda também na construção da redação”.
Cássia irá prestar vestibular para a Universidade Estadual do Pará (UEPA) e Universidade Federal do Pará (UFPA) com as notas do Enem. E também tentará uma vaga para medicina no Centro Universitário do Pará (Cesupa), na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo.
A estudante está confinante para realizar o exame este ano. “Após a minha dedicação exclusiva para o Enem, eu estou confiante e segura para a realizar a prova. Espero e desejo ser aprovada este ano, mas caso eu não consiga, continuarei tentando até conseguir a vaga”, conclui.
Fonte: G1