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Jovem e namorado são agredidos por estarem de mãos dadas

A agressão aconteceu sem motivo aparente. Vinicyus Andrade e o namorado, Gabriel, estavam em um baguncinha localizado na Av. Beira Rio, na madrugada deste sábado (06), quando um rapaz alto [característica retratada pela vítima] chegou empurrando o companheiro e deferiu um soco no rosto do rapaz.

O casal tinha acabado de sair de uma festa na região e parou para comer um lanche antes de ir para casa. Os dois então escolheram um dos estabelecimentos e estavam de mãos dadas em frente a ele enquanto escolhiam o que iriam pedir. De acordo com Vinicyus, foi então que o rapaz começou as agressões.

“Depois que ele bateu no Gabriel, eu acertei ele com o meu capacete e ele veio pra cima de mim e começou a me bater. A gente caiu no chão e o pessoal que estava lá tentou conter. Porém não tentavam conter ele e sim a mim”, narrou ao Circuito Mato Grosso.  Após a pancadaria, o agressor foi aconselhado a fugir do local e acabar com a briga.

Vinicyus e Gabriel, assustados tentavam a todo custo impedir a fuga. “Eu chamei a polícia que foi até o local, mas o cara já tinha ido embora em um carro”. O jovem conta que com a chegada da polícia eles ainda foram ameaçados de serem levados, caso não parassem com a “baderna”. “Uma moça que estava no local disse para os PM que a gente estava atrasando o lanche dela. Eles falaram que nada poderiam fazer, pois o rapaz já tinha fugido. Não tínhamos nome, nada dele, ai ficava difícil. Falaram só pra gente ir registrar um B.O”, contou incrédulo.

O sentimento de impunidade ainda permanece nos jovens. Gabriel, segundo contou Vinicyus, está magoado e assustado. Os dois acabaram indo para casa, não registraram queixa e não chegaram a ir até uma unidade de pronto atendimento para saber se as lesões foram graves.

“Nós só viemos embora e acabamos dormindo, pois ainda fomos trabalhar. Estamos trabalhando sem poder fazer mais do que seguir a vida. Nunca imaginei que isso fosse acontecer com a gente”, desabafa. O post no Facebook, foi uma forma de pedir para que as pessoas respeitem as diferenças. Para que outros casais homossexuais não sejam agredidos por estarem em locais públicos.  

De acordo com Vinicyus, os presentes conheciam o agressor e tentavam a todo custo “acobertar” a ação dele. “Isso que machuca sabe? Eles vendo que não estávamos fazendo nada, que estávamos apenas ali de mãos dadas escolhendo nosso lanche, falaram que éramos os culpados da agressão. Eu tenho o direito de andar de mãos dadas com meu namorado em qualquer lugar, como já fiz diversas vezes”, finalizou.

Como o agressor não foi identificado e as vítimas não fizeram um Boletim de Ocorrência, o Circuito Mato Grosso não conseguiu contato com o rapaz acusado de praticar a violência contra o casal. 

Homofobia

A homofobia é o termo usado para designar o preconceito e aversão aos homossexuais. Atualmente a palavra é usada para indicar a discriminação às mais diversas minorias sexuais, como os diferentes grupos inseridos na sigla LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgêneros, travestis e intersexuais). A repulsa e o desrespeito a diferentes formas de expressão sexual e amorosa representam uma ofensa à diversidade humana e às liberdades básicas garantidas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição Federal.   

Todo ser humano, independente de sua sexualidade, tem o direito ao tratamento digno e a um modo de vida aberto à busca de sua felicidade. A Constituição Federal brasileira não cita a homofobia diretamente como um crime. Todavia, define como “objetivo fundamental da República” (art. 3º, IV) o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação”. 

Atualmente está em tramitação no Congresso o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006 que tem como proposta a criminalização da discriminação gerada por diferentes identidades de gênero e orientação sexual.

A expressão homofóbica pode se dar das mais variadas formas. Em alguns casos a discriminação pode ser discreta e sutil, entretanto, muitas vezes, o preconceito se torna evidente com agressões verbais, físicas e morais. Qualquer que seja a forma de discriminação é importante à vítima denunciar o acontecido. A orientação sexual não deve, em hipótese alguma, ser motivo para o tratamento degradante de um ser humano.

 O agressor costuma usar palavras ofensivas para se dirigir à vítima ou aos LGBTI como um todo;

 Muitas vezes o agressor não reconhece seu preconceito e trata as ocorrências de discriminação como brincadeiras;

 É comum o agressor fazer uso de ofensas verbais e morais ao se referir às minorias sexuais;

A agressão física ocasionada pela homofobia é comum e envolve desde empurrões até atitudes que causem lesões mais sérias, como o espancamento;

O agressor costuma desprezar todas as formas de comportamento da vítima, considerando-os desviantes da normalidade;

O homofóbico costuma se dirigir à vítima como se esta fosse inferior, nojenta, degradante e fora da normalidade;

É costume do homofóbico a acusação de que as minorias sexuais atentam contra os valores morais e éticos da sociedade;

O agressor costuma ficar mais agressivo ao ver explícitas demonstrações amorosas ou sexuais que fogem ao padrão heteronormativo (por exemplo: mãos dadas, beijos e carícias)

O agressor costuma negar serviços, promoção em cargos empregatícios e tratamento igualitário às vítimas;

* Fonte: Guia de Direitos.org

Leia mais: Casal de namorados é agredido em baguncinha da Beira Rio

Catia Alves

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