Cidades

Jovem cuiabano perde 37 quilos em nove meses

Foto: Ahmad Jarrah / Circuito MT 

Em outubro de 2014, Denner Campos, 21 anos, se viu em uma situação delicada. O cuiabano pesava 165 quilos, com 1.77m, e com diagnóstico de superobesidade, teve uma crise de hipertensão e foi internado no Pronto-Socorro de Cuiabá. Ali, Denner foi indicado pelo seu cardiologista a se consultar com uma equipe multidisciplinar para começar uma dieta rigorosa caso não quisesse mais passar por aquela situação.

Os dias no hospital o fizeram refletir sobre como estava conduzindo sua vida. Por causa da pressão alta, Denner também teve um problema na visão: enxergava duplicado com um dos olhos. Saiu após quatro dias internado e foi direto à nutricionista. O garoto tinha indicação para cirurgia bariátrica, mas decidiu ir por um caminho mais longo: a reeducação alimentar.

Cortou o que mais lhe agradava ao paladar: refrigerantes e sanduiches. “No começo da dieta foi muito difícil. Eu era viciado em lanches e refrigerantes e tive que introduzir salada no meu cardápio. Eu não como mais pães e arroz branco, substituí por batata e mandioca”, diz.

Incluiu na sua dieta frutas e vegetais, substituiu o refrigerante por sucos e água, cortou pães e massas e passou a caminhar 5 km todos os dias. “Minha dieta é feita todos os dias, não existe exceção no fim de semana”, destaca. Após nove meses de reeducação, está com 128 quilos, 37 quilos mais magro, não se medica, está com a visão retomada e não é mais considerado hipertenso.

Obeso desde criança, Denner nunca havia feito dieta e afirma nunca ter tido problemas com relacionamentos e nem ter sofrido bullying na escola relacionados a gordura: “Eu sempre fui muito bravo. Se as pessoas falavam ou pensavam algo sobre minha obesidade, isso nunca chegou até a mim”.

Vaidoso, diz que uma das principais dificuldades do sobrepeso era a compra de roupas: “Hoje visto 54, antes era 62. É bem mais fácil de encontrar. Não encontrava roupas em lojas de departamento. Agora compro roupa em qualquer lugar”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a obesidade como uma das doenças que mais assolam a humanidade. A projeção é que em 2025 cerca de 2,2 milhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos. No Brasil, os dados são igualmente alarmantes: mais de 50% da população está acima do peso.

Há vários métodos para diagnosticá-la, sendo o principal deles o Índice de Massa Corporal, o famoso IMC. O índice é traduzido na seguinte fórmula: IMC = PESO/ALTURA². Faça o teste e tenha em mente o seguinte alerta: IMC de 97 ou acima disso é obesidade

Denner ainda tem 40 de IMC, isso indica que ele ainda é um obeso mórbido, mas por pouco tempo, ele garante. O objetivo é chegar aos 100 ou 99 quilos.

A nutricionista e colunista do Circuito Mato Grosso Wânia Monteiro de Arruda aponta que o ideal para o emagrecimento saudável é a reeducação alimentar e exercícios físicos para o resto da vida, pois acaba mudando hábitos. E nada de dietas malucas ou elementos milagrosos.

“Não existe uma cápsula nem um alimento que faça com que você emagreça instantaneamente. Quanto mais você come adequadamente, mais você leva nutrientes para dentro das células e desinflama o tecido gorduroso. A obesidade veio quando nós deixamos de jantar ‘comida’ para comer pão, presunto e queijo – alimentos com pouquíssimos nutrientes. O que recomendo é comer ‘comida viva’: arroz, feijão, carne, todo tipo de legumes, frutas e verduras. Um prato mais colorido é um prato mais nutritivo”, explica a nutricionista.

Dificuldades

A nutricionista explica que no início de uma reeducação alimentar é complicado e o ideal é ir introduzindo alimentos saudáveis aos poucos, para que mudança seja permanente e a alimentação saudável um hábito.

“As papilas gustativas gostam do que a gente expõe a elas. O que eu oriento para pessoas que não são acostumadas a comerem vegetais é começar aos poucos. Cortar uma fatia de tomate, bem pequeno, pôr no meio do arroz… Até começar a melhorar a papila e ir mudando aos poucos. Quando a mudança é muito radical, muitas vezes há desistência depois do primeiro mês”. 

Exercícios Físicos

Atividades como caminhar, dançar, andar de bicicleta estão entre as recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a quem tem mais de 18 anos, e ainda indica que sejam feitas diariamente. A nutricionista Wânia ainda aconselha a orientação de um profissional de educação física: “Uma criança de dois anos de idade está sempre correndo e se exercitando. A todo tempo, ela tem sangue circulando de melhor qualidade, alimentando o coração, o pulmão, ruins, intestino, fígado. Todos os órgãos. A gente vai envelhecendo e vai parando. Ficamos o tempo todo lendo, assistindo TV. E acabamos não levando o nutriente de boa qualidade para nenhum órgão internamente, aí não se tem uma boa oxigenação dos órgãos, o que dificulta o organismo bioquimicamente”, explica.

Sobre cirurgia bariátrica

A indicação para a cirurgia bariátrica, segundo Wânia, ocorre quando o paciente tem obesidade mórbida (IMC maior que 40) e comorbidades relacionadas ao peso, como diabetes e hipertensão. “A bariátrica é uma cirurgia disabsortiva. Corta-se uma parte do estômago, deixando-o pequeno, e liga-o direto no intestino. Assim, diminui a capacidade de absorção de nutrientes, porque é no intestino que os nutrientes são absorvidos. Toda pessoa que faz cirurgia bariátrica tem muitos problemas nutricionais”, revela.

Mudar hábitos. Essa é a principal mudança que deve ocorrer em quem quer emagrecer e, principalmente, manter o peso eliminado. “Mesmo após ter feito a cirurgia bariátrica, se o pensamento é gordo, ou seja, acabou de almoçar e já está pensando no que vai jantar, pensando no volume de alimentos, no desejo, a pessoa vai voltar a engordar. Ela vai tomar leite condensado, sorvete e bebida alcoólica”, alerta.

Confira reportagem na integra 

* Após um mês dessa entrevista, Denner conseguiu emagrecer mais quatro quilos, chegando a marca 41 quilos eliminados, saindo da obesidade mórbida e indo para obesidade grau II.

Cintia Borges

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