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Jovem batalha na Justiça após ter couro cabeludo arrancado em kart

Moradora de Panambi, no Noroeste do Rio Grande do Sul, a engenheira mecânica Fernanda Dryer trava uma batalha na Justiça para conseguir reparar danos graves sofridos há mais de dois anos, em fevereiro de 2013, em um parque de diversões de Santa Catarina. À época com 22 anos, ela teve quase todo o couro cabeludo arrancado pelo motor de um carrinho de kart.

A jovem luta diariamente para reconstruir a vida que tinha antes do acidente. Atualmente, convive com a dor e a vergonha. "Eu sempre fui uma pessoa muito ativa. Agora não. Agora não vou jogar vôlei, não vou entrar em uma piscina no verão. Toda vez que acordo de manhã, tenho que esconder a cicatriz. Fico com as cortinas fechadas para esconder a prótese", lamenta ela.

Foram várias cirurgias dolorosas para reconstituir parte da cabeça de Fernanda. Hoje, uma peruca cobre uma camada bem fina de pele. A prótese que ela usa, com longos cabelos pretos, é especial para não machucar. Além disso, a maquiagem também ajuda esconder as cicatrizes que se estendem até o rosto.

"Eu, como pai, tento ser forte, mas cada vez que vejo ela se arrumando para sair, tirando e colocando a peruca, me dá vontade de chorar. E eu choro. Só que a gente esconde, foge, porque é triste, é difícil", afirma o pai, Elemar Dryer.

Fernanda vive uma rotina de viagens para ir a diversos consultórios médicos. Já são 21 cirurgias nos últimos dois anos. Por isso, a jovem precisa de ajuda financeira do Beto Carrero World, parque onde aconteceu o acidente.

Além das viagens de Panambi até Porto Alegre, para consultas frequentes, ela precisa de acompanhamento psicológico e perucas, que devem ser trocadas de seis em seis meses. Cada uma custa cerca de R$ 7 mil.

"Quando a gente estava no hospital foi totalmente diferente. Disseram que iriam nos ajudar. Quando voltei pra casa mudou totalmente. Não entraram em contato", relata a jovem.

O advogado de Fernanda entrou na Justiça com uma ação indenizatória por danos materiais, morais e estéticos. Eduardo Barbosa alega que a jovem não recebeu todos os equipamentos de segurança para andar de kart. Faltou a bala clava, uma espécie de touca que ajuda a prender o cabelo embaixo do capacete. Ele também acusa o parque catarinense de dificultar o andamento da ação, e faz denúncias.

"Havia gastos de viagem para o exterior, para Miami e Punta Cana, mas não para a Fernanda, que estava no hospital, mas para diretor do parque, que viajou e colocou aquele valor de quase R$ 40 mil consumido em viagens particulares como se fossem de despesas. E colocou outras despesas que não são pertinentes ao acidente ou ao tratamento", relata o advogado. "A Fernanda nunca viajou para o Exterior, não tem nem passaporte", acrescenta o pai.

A mãe argumenta que a filha precisa da prótese para fazer as atividades diárias, como trabalhar e estudar. "É necessário para ela se sentir bem", completa.

"Eu sei que não vai voltar ao normal. Então, só queria o que é do meu direito. E que a tecnologia avance. A minha esperança é que um dia eu possa mudar isso", encerra Fernanda.

Em nota enviada à RBS TV, a direção do parque afirma que continua prestando auxílio mensal para o tratamento de Fernanda e para a compra das próteses capilares. O advogado da jovem confirma os repasses, porém diz que somente são realizados sob determinações judiciais. Ou seja, o pagamento é feito cada vez que a família entra na Justiça com uma ação.

Confira a nota do parque na íntegra:

"Desde o ocorrido, nos preocupamos primeiramente em prestar auxílio à Fernanda e sua família, para depois entendermos o que causou o incidente. Muito antes do assunto chegar na justiça, o Parque disponibilizou todos os recursos financeiros, logísticos, equipe médica e psicológica necessária para assegurar todo bem-estar e tratamento possível naquele momento.

Apesar do kart ser uma operação terceirizada, o Parque não mediu esforços, entendendo que a saúde e recuperação de Fernanda eram prioridade. Detalhes do processo correm em segredo de justiça e não podem ser comentados neste momento.

As medidas de segurança no kart foram intensificadas de forma a impossibilitar que incidentes do gênero voltem a acontecer. O parque continua dando auxílio financeiro mensal para o tratamento de Fernanda, além das próteses capilares."

Fonte: G1

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