Joel Rufino nasceu no Rio de Janeiro, em 1941. Formou-se em História pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. Sua história em meio aos livros começou no tempo de criança, quando sua vó Maria foi sua contadora de histórias. Enquanto sua mãe proibia a leitura de gibis, seu pai se responsabilizou por formar sua primeira “biblioteca”, onde os livros eram emplilhados em um caixote
Na direção do Departamento de História do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, o historiador Nelson Werneck Sodré convidou Joel Rufino, Maurício Martins de Mello, Pedro de Alcântara Figueira, Pedro Celso Uchoa Cavalcanti Neto e Rubem César Fernandes para escreverem a coleção História Nova do Brasil. E em plena ditadura militar, o livro foi lançado. Teve vida curta, pois ao apresentar uma perspectiva marxista e criticar a historiografia vigente, o esforço dos autores em renovar o ensino de história foi frustrado. A censura tirou o de cena.
Mas, o regime militar não tirou de cena apenas o livro. Pela militância política, foram muitos os que deixaram o país. Dentre eles, Joel Rufino, que esteve exilado na Bolívia e no Chile. Seu retorno ao Brasil trouxe a clandestinidade e a prisão. Parte de suas “memórias do cárcere” estão no livro Quando eu voltei, tive uma surpresa, cartas que escreveu ao amigo Nelson Werneck Sodré.
A anistia trouxe Joel de volta à família, à sala de aula, à literatura. Com o passar dos anos, muitas condecorações e prêmios. Sua produção literária – ficção e não ficção – chegou às crianças, jovens e adultos. A literatura infantojuvenil foi agraciada com Cururu virou pajé, O curumim que virou gigante e Ipupiara, o devorador de índios, esforço do historiador em abordar aspectos da mitologia e do extermínio dos indígenas pelos bandeirantes, na figura de Domingos Jorge Velho, o devorador de índios do período colonial.
Recentemente, Joel Rufino nos deixou. O curumim, palavra em tupi-guarani que significa criança, entrou para a História Nova do Brasil ao se agigantar por seus feitos.