Com Sandra Carvalho
O advogado, Lazaro Roberto Moreira Lima disse que o irmão João Emanuel não tem qualquer tipo de participação no esquema que lucrou mais de R$ 50 milhões após aplicarem golpes através do Grupo Soy. “O que aconteceu foi que fomos contratados como advogados e como advogados atuamos. Infelizmente as coisas para serem esclarecidas primeiro se bate, prende e depois é que se esclarece. Infelizmente a sistemática processual do Brasil é essa”.
Em entrevista o advogado justifica a prisão do irmão por ele ser uma figura pública e ‘fácil de bater’. Segundo ele, tanto a Polícia, o Ministério Público e a juíza Selma Arruda da 7ª Vara Criminal, entenderam por meio de decisão que quem era o presidente da empresa e quem fazia absolutamente tudo era Walter Dias Magalhães Junior. “Quem aparece na mídia sempre que é apresentado qualquer coisa nesse procedimento? O João. Então veja bem, o João é uma figura fácil de ser divulgada em decorrência a isso muita coisa é dita, mas nada disso nem é comprovado nem é verdade”, justificou.
Lázaro também foi denunciado pelo Ministério Público acusado de fazer parte da organização. Além de João Emanuel, Lázaro, estão sendo investigados o pai deles o juiz aposentado Irênio Lima Fernandes, os empresários Walter Dias Magalhães Junior, Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal, Marcelo de Melo Costa, o contador Evandro José Goulart e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.
Na manhã desta quinta-feira (29) a polícia Judiciaria Civil (PJC) cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do pai do ex-vereador. A ação fez parte da investigação da Operação Castelo de Areia que está em andamento pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e a Delegacia Regional de Cuiabá.
O advogado disse que todos irão comprovar a inocência e isenção de qualquer tipo de dano que tenha sido causado. “Existem gráficos que o Walter apresentava pra gente, para nos convencer da situação que existia na empresa e também documentos referentes ao que nos era apresentado. Pois bem, isso vai ser desmentido, ele vai ser inocentado e com certeza absoluta toda a verdade vai ser trazida a tona”, finaliza.
Operação Castelo de Areia
A operação Castelo de Areia foi deflagrada no dia 26 de agosto de 2016 e levou à prisão cinco membros da organização criminosa que lucrou mais de R$ 50 milhões, por meio de crimes de estelionatos operados pelo Grupo Soy, com sedes em Cuiabá e Várzea Grande.
O ex-vereador e mais seis pessoas investigadas já foram denunciados pelo Ministério Público Estadual. Além de João Emanuel foram denunciados o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima e o juiz aposentado Irênio Lima Fernandes; os empresários Walter Dias Magalhães Junior, Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal e Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.
As investigações da Polícia Civil iniciaram com denúncias recebidas pela Delegacia Regional de Cuiabá e pela GCCO, unidade que preside o inquérito policial. O número de vítimas da organização criminosa ultrapassa mais de 20 pessoas, sendo que algumas ainda estão procurando a Polícia Civil para denunciar o grupo. Foram identificadas vítimas em Mato Grosso, Ceará e Bahia.
Um novo inquérito policial foi instaurado, dentro da segunda fase da operação, e já estima prejuízo de mais R$ 1 milhão para sete vítimas ouvidas até o momento.
Uma parte do esquema consistia na promessa de captação de recursos de bancos no exterior, a juros reduzidos, para os quais as vítimas tinham que antecipar valores para pagamento dos empréstimos. “Para que essa vítima conseguisse o dinheiro tinham que fazer depósitos para garantir a abertura da conta, às vezes até seguro para esse dinheiro sair”, explicou o delegado do GCCO, Diogo Santana.
Em um dos golpes, uma vítima afirma que o vice-presidente da empresa Soy Group, o advogado João Emanuel, teria utilizado um falso chinês para ludibriá-lo em um suposto investimento com parceria com a China, fazendo com que o investidor emitisse 40 folhas de cheque, que juntas somam o valor de R$ 50 milhões. “João Emanuel teria até traduzido o idioma mandarim, fazendo uma verdadeira farsa. "Intérprete sem entender muito do mandarim”, disse o delegado Luiz Henrique Damasceno.
Algumas vítimas chegaram a viajar ao Chile, com tudo montado pelos estelionatários para transparecer segurança de um empréstimo seguro naquele país. Para conseguir tal captação o grupo exigia a antecipação do dinheiro como garantia do empréstimo. Nesse caso, uma vítima sofreu um prejuízo de mais de R$ 300 mil.
As investigações apontam que o Grupo Soy, com aparência imponente, é sucessora da empresa ABC Share que foi vedada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de continuar a atuar no mercado imobiliário. Fato este que motivou a criação da empresa Soy, com o único objetivo de continuar com a aplicação dos estelionatos.
De acordo com o delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, o que chamou a atenção na investigação foi a forma que os membros se organizaram para cometer os crimes. “A estrutura que montaram para convencer as vítimas, para ludibriá-las a cair nessa tentação de golpes. Chegaram a alugar um prédio de cinco andares numa área nobre da cidade e lá apenas quatro salas estão sendo utilizadas, com apenas oito funcionários trabalhando ali. Para que o golpe fosse realmente concretizado pediam todo tipo de garantia. As pessoas realmente achavam que era uma coisa séria pelo tanto de documentos que eles apresentavam”, salientou.