2015 nasceu escaldante! Não somente por estar com temperatura mais alta registrada desde fins do século XIX, mas sobretudo pelo clima de terrorismo imposto pelos radicais islâmicos ao ‘Charlie Hebdo’.
No dia 1º de janeiro, Dilma Rousseff bradou em discurso de posse o lema para seu segundo mandato: Brasil, Pátria Educadora. No comprometimento de que só a educação liberta um povo e lhe abre as portas de um futuro próspero, muito há que fazer. Dos 5,9 milhões de candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio, o temido Enem, meio milhão teve nota zero em redação, quando 250 alcançaram a nota máxima. Dentre os candidatos entrevistados, o hábito da leitura foi o responsável pela nota mil.
Qual a relação que se pode fazer com a ação dos extremistas islâmicos e o resultado vexatório do Enem? Se a informação exige a abertura para o alternativo e um esforço de compreensão, como proferiu o antropólogo Roberto Da Matta, sem dúvida uma educação de qualidade pode ser uma das vias para se alcançar a prática da liberdade, justiça social, diversidade cultural. Ao contrário, a imobilidade de crenças num mundo escrito por muitas línguas (a homenagear Yonne Leite que dedicou sua vida aos estudos de línguas indígenas no Brasil), é criadora de déspotas, guerras mundiais, holocaustos, racismos e desigualdades. Pensar na humanidade sem crenças e sem valores culturais é radicalismo. Em Raça e História, Lévi-Strauss alertou sobre o etnocentrismo, ao entendermos que nossas línguas e crenças nos colocam no centro do mundo.
O legado de Yonne Leite ensina que o conhecimento não tem fim, e conhecer é uma das maiores alegrias inventadas pelas culturas humanas. Para recomeçar a coluna com o pé direito, acreditar que Dilma Rousseff levará ao pé da letra o que proferiu – educação será a prioridade das prioridades. Então, 2015 promete uma Pátria Educadora com mais leitores a caminho da nota mil, cônscios da grandeza da diversidade cultural do país. Voltando à França de 1968, sejamos realistas, peçamos o impossível.