O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, instaurou inquérito para apurar informações de recebimento de propina por deputados estaduais em Mato Grosso, delatados pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
A PRG apura os crimes de administração pública e peculato (desvio de dinheiro). São investigados: Ondanir Bortolini “Nininho” (PSD); Zeca Viana (PDT); Wancley Carvalho (PV); e Eduardo Botelho (PSB), presidente da Assembleia Legislativa; Emanuel Pinheiro (PMDB), prefeito de Cuiabá; e o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP). A decisão é de sexta-feira (8).
Sete deputados, em exercício de mandato, e outros três ex-deputados, em exercício de cargos eletivos foram citados por Silval Barbosa em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR). Todos são alvos de mandado de busca e apreensão na Operação Melboge deflagrada nesta quinta (14) pela Polícia Federal.
Lista de propina
Vinte e quatro deputados estaduais teriam recebido propina do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), entre 2012 e 2013, de esquemas em obras do MT Integrado, Copa do Mundo e empresas beneficiadas com incentivos fiscais. A lista consta da delação premiada assinada por Silval Barbosa para a Procuradoria Geral da República (PGR) e se refere a titulares do cargo e a suplentes.
O esquema de pagamentos teria iniciado em 2012 a partir de uma reunião os deputados Romoaldo Junior (PMDB), então líder do governo, José Geraldo Riva (à época presidente da Assembleia Legislativa), Mauro Savi (PSD) (o primeiro-secretário), Gilmar Fabris (PSD), Baiano Filho (PSDB), Wagner Ramos (PSD) e Dilmar Dal Bosco (DEM).
Eles teriam exigido o pagamento de R$ 1 milhão para cada deputado, condicionando a aprovação das contas anuais de Silval Barbosa ao pagamento do esquema. Esse tipo de reunião aparece em mais de um caso citado pelo ex-governador, sempre com a participação de membros da Mesa Diretora da Assembleia no período.
Silval teria feito uma contraproposta de R$ 400 mil, e a negociação foi fechada em R$ 600 mil, que seriam pagos em 12 parcelas. O valor equivalia entre 3 e 4% do total de contratos assinados por empresas envolvidas no MT Integrado, nas obras da Copa e seria utilizado, segundo Silval, para quitar dívidas de campanha.
As construtoras citadas são Guaxe e Encomind; 3 irmãos Engenharia; JM Terraplanagem e Construção; Agrimat Engenharia e Empreendimentos; Rio Tocantins; Francisco Marino; Base Dupla; Camargo Campos; Destesa Engenharia e Construção; Dínamo Construtora; H.L. Construtora; OK Construtora e Serviços; Campesato; Apuí Construtora; e Centro-Oeste Construtora.