Foi com os Wakalitesu (povo do jacaré), Kithaulu (povo do marmelo), Sawentesu (povo da mata) e Halotesu (povo do cerrado), todos grupos da etnia Nambiquara que habitam uma vasta área da Chapada dos Parecis, que Jacutinga conheceu o casal anfitrião Chil e Esmeralda, que morava em Vilhena, Rondônia, e dava suporte aos indigenistas da Funai e aos índios, estes últimos em trânsito para tratamento de saúde. Também Marcelo e Gigi que moravam na Cascalheira e trabalhavam com os grupos Mamaindê e Negarotê e Elza, atendente de enfermagem, e Miranda, mestre de obras que construiu enfermarias nas aldeias do Vale do Guaporé, Serra do Norte e Chapada dos Paresis, ecossistemas onde estão os mais de 20 grupos pertencentes à etnia Nambiquara.
Vilhena, chamada de “Princesinha da Amazônia”, cidade mais próxima da região Nambiquara, na divisa Rondônia-Mato Grosso, com todas as ruas sem calçamento e casas de madeira, lembrava o cenário da filmografia John Wayne. Nessa cidade, porta de entrada do “Eldorado”, os indigenistas compravam produtos de primeira necessidade, desde alimentos, remédios, roupas até pilhas grandes, marca Rayovac, para abastecer rádios portáteis que, nas aldeias, eram uma espécie de elo com o mundo dos não índios. Nas rádios, a voz de Guilherme Arantes a cantar “Planeta Água”.
Na aldeia, Jacutinga continuava preocupado com o destino dos índios. Sem recurso, distante de Cuiabá, sede da Funai, idealizou junto com os índios estratégias para mantê-los nas aldeias, distantes da estrada. Com a pick-up Willys F75 quebrada, deu início à abertura de um porto pesqueiro, no interior da Reserva Indígena Nambiquara, às margens do rio Juína, lugar mítico, farto em peixes, mel e frutas nativas.
O lendário rio Juína, explorado por Rondon, cientistas e trabalhadores braçais que esticaram o fio telegráfico, voltou a ser um lugar de interesse dos indígenas. Hoje, a iniciativa privada investe na possibilidade de construir uma PCH nas águas esverdeadas do Juína, morada de seres sobrenaturais da cosmologia Nambiquara.