Mario Ferri foi retirado no hotel em que se hospedava, no Centro Histórico de Salvador, e conduzido pela Polícia Federal ao Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, onde embarcou em um voo doméstico por volta das 18h para a Grande SP. Ele foi notificado e tinha até o domingo (6) para deixar o Brasil. A assessoria de imprensa da PF informou que o italiano não está impedido de retornar ao país porque não foi expulso do Brasil.
'Punição exagerada'
O italiano falou nesta manhã de quinta-feira (3), quando deixava a sede da Polícia Federal em Salvador. Em sua avaliação, a punição que recebeu foi muito "exagerada". "Penso que foi um pouco exagerado [a punição] porque meu propósito era o de passar uma mensagem positiva. Na camisa estava escrito ‘save the favelas children’ (salve as crianças da favela), porque eu vim para cá fazer um trabalho com as favelas como jornalista italiano", explicou-se.
Ainda de acordo com o relato de Ferri, sua intenção era fazer um gesto pacífico. "Luto contra a Fifa porque a Fifa, para fazer essa Copa, passou por cima da dignidade das pessoas", opinou sobre a organização do Mundial. O italiano conseguiu invadir o jogo porque estava bem próximo ao campo, em uma cadeira de rodas, em área reservada a torcedores portadores de deficiências físicas.
"A única coisa de que me arrependo é de ter usado a cadeira de rodas para entrar, mas quero esclarecer que o ingresso que comprei não era para deficientes, era um ingresso normal", garante. Ainda segundo Ferri, esta não é a primeira vez que ele protagoniza atos como o que ocorreu na terça-feira (1º), na Arena Fonte Nova.
"É a décima invasão que faço, sempre deixando mensagens positivas. Estou proibido de entrar na África do Sul, no Brasil, nos estádios italianos, em Londres, em Dubai, pois são todos lugares onde entrei no campo”, assume, mas não descarta que pode voltar a cometer a mesma infração. “Se houver a oportunidade e um motivo justo, eu posso fazer de novo em uma outra ocasião”, afirma.
Segundo a Polícia Federal, “notificação” é um procedimento de natureza administrativa que a Delegacia de Imigração da Polícia Federal utiliza quando não nacionais praticam irregularidade no país. "O Brasil é um país muito bonito, foi uma bela experiência, a polícia me tratou bem", completa.
Caso
Durante o jogo entre Bélgica e Estados Unidos, pela Copa do Mundo, Ferri entrou na Arena Fonte Nova, em Salvador, em uma cadeira de rodas, simulando ter alguma deficiência. Aos 16 minutos do primeiro tempo, ele se levantou da cadeira, atravessou uma barreira de proteção e invadiu o gramado. Depois, foi contido por seguranças.
A PF recebeu da Interpol (polícia internacional) e da polícia italiana informações sobre os antecedentes de Ferri, que já invadiu gramados ingleses e italianos. Segundo a polícia da Itália, ele está proibido de frequentar estádios nos dois países.
O chefe da Interpol no Brasil, delegado Luiz Navajas, afirmou que Ferri foi preso em flagrante por invasão do gramado da Arena Fonte Nova e por estelionato, já que ele entrou no estádio se passando por um cadeirante. Ele pagou fiança e foi liberado. Navajas disse que, apesar dos antecedentes de invasão de gramados, a entrada de Ferri no Brasil não foi detectada porque o nome dele não constava da base de dados da Polícia Federal.
"Após o ocorrido – e aprofundando as pesquisas junto à polícia italiana – nós verificamos que ele tinha uma difusão verde [alerta] expedida sobre sua habitualidade de arranjar confusões em eventos esportivos, principalmente invasões de campo. E também tinha uma extensa ficha policial, tanto por desacato, perturbação da ordem, dano ao patrimônio privado e público e, principalmente, violência em estádios, brigas em estádios", declarou o delegado.
Segundo Navajas, os registros da polícia italiana indicam que, em razão de problemas causados em eventos futebolísticos em Roma, Ferri foi proibido neste ano pela Justiça da Itália de ingressar na cidade durante três anos.
G1