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Irmãos relatam abandono de pais biológicos e adotivos

 
Levantamento do G1, com base em dados do Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, mostra que denúncias de crianças e adolescentes relatando a negligência de pais e responsáveis têm aumentado a cada ano no país e já superam as de violência física e sexual.
No caso dos três irmãos, o convívio familiar praticamente inexistiu, o que fez com que eles não tivessem uma referência ideal de família. É por esta razão que Rodrigo, hoje com 21 anos, acredita que não sintam falta dos pais biológicos e adotivos. "Eu e meus irmãos somos a nossa família. Temos nossos amigos. Crescemos em abrigo e aprendemos com as dores dos nossos amigos que viviam com a gente. Hoje sabemos lidar com isso, aceitamos a situação."
 
Revolta
Mas nem tudo foram flores. "A maturidade veio com o tempo. Com a vida que tivemos, virei homem mais cedo, tive de buscar minha independência mais cedo. Quando tinha entre 14 e 15 anos, eu me revoltei, arrumava briga, mas isso passou. O mesmo aconteceu com meus irmãos por um certo tempo também. Hoje estamos bem", disse Rodrigo.
 
Leonardo, que hoje está com 20 anos, disse que não sente falta dos pais, tanto biológicos quanto adotivos. "Me lembro de pouca coisa. Durante o primeiro período em que ficamos com a família adotiva, não consigo ter muita lembrança, mas, na segunda vez que nos levaram pra casa deles, consigo lembrar que batiam na gente. Não sinto falta."
 
Com os pais adotivos, Rodrigo conta que foram oito anos. "Logo que nos deixaram, eu senti um pouco de falta, mas hoje não sinto mais. Até entendo o lado deles. A nossa mãe adotiva ficou doente e não aguentou o tranco de nos cuidar. Até tentaram de novo, mas não deu certo."
 
Pai biológico
Em 2007, já adolescentes, os três se encontraram com o pai biológico. "Tivemos ajuda da Fundação Criança de São Bernardo do Campo e da Justiça. Nosso pai veio até São Paulo, parecia carinhoso, interessado em nós. Marcamos um encontro na casa dele, em uma cidade do interior de Tocantins. Lá a coisa foi bem diferente. Ele estava com uma família constituída, estava distante, queria nos obrigar a ter a mesma religião que a dele. 
 
O convívio não foi bom e resolvemos voltar para o abrigo em São Bernardo do Campo (SP)", disse Rodrigo.Hoje, Leonardo, Rodrigo e Débora (19 anos), vivem juntos em uma casa de aluguel na periferia de São Bernardo do Campo. "Somos a nossa família. Penso em casar, mas não sei ainda se quero ter filhos", finalizou Rodrigo.
 
G1

Redação

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