Jurídico

Irmão de Romoaldo afirma que temeu pela imagem do deputado

Em depoimento à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, o servidor do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Juliano Jorge Boraczynski, confirmou ter sido vítima de uma tentativa de extorsão praticada pelo advogado Júlio Cesar Rodrigues, delator da 2ª fase da Operação Ventríloquo, denominada Filhos de Gepeto.

De acordo com Juliano Jorge, após as ameaças do delator, ele temeu pela imagem de seu irmão, o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB).

“Me senti intimidado pelo meu irmão e não por mim”, disse, durante depoimento no Fórum da Capital, na tarde desta segunda-feira (6).

De acordo com Juliano Jorge, em julho de 2015, ele recebeu diversas ligações e mensagens de texto, em que o delator tentava extorquir dinheiro de Romoaldo.

Júlio César, segundo a testemunha, afirmava que tinha provas que poderiam incriminar Romoaldo, em esquema praticado no Legislativo Estadual.

De acordo com a denúncia, uma das mensagens enviadas por Júlio César dizia: “Tenho seu mano gravado várias vezes… quero um milhão p segurar a bronca toda.. Vcs tem três dias”.

Ainda em seu depoimento, Juliano Jorge disse que levou até o Gaeco a denúncia de que teria sido vítima da tentativa de extorsão.

A ação derivada da Operação Ventríloquo investiga suposto desvio de R$ 9,4 milhões da Assembleia Legislativa, em 2014. O desvio teria sido feito, por meio da simulação de um pagamento ao banco HSBC, em função de dívida com o antigo Seguro Saúde Bamerindus.

Além de Júlio César, o ex-chefe de gabinete de Romoaldo, Francisvaldo Mendes Pacheco, também é réu nesta ação penal, acusado pelos crimes de constituição de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. 

Gravações de delator

Em sua delação, Júlio César entregou gravações feitas de conversas com outras pessoas supostamente envolvidas no esquema – o que comprovaria que as ameaças feitas ao irmão de Romoaldo tinham fundamento.

Em uma das gravações, o advogado aparece conversando sobre o esquema com Romoaldo. Em outra, ele conversa com Francisvaldo Pacheco e, no terceiro vídeo, a conversa foi com Joaquim Mielli, advogado e delator da primeira fase da operação.

As imagens e outros documentos apresentados por Júlio César desencadearam a nova fase da operação.

Na primeira ação penal, além de Júlio César também são réus: o ex-deputado José Riva; o ex-procurador-geral da Assembleia Legislativa, Anderson Flavio de Godoi; e o ex-secretário de Finanças da AL, Luiz Marcio Bastos Pommot.

Por conta da mesma investigação, o Ministério Público Estadual (MPE), também ofereceu denúncia contra os deputados Romoaldo Júnior, Mauro Savi (PR) e Gilmar Fabris (PSD). Outras nove pessoas também foram denunciadas.

Pagamento de empréstimo

Ainda nesta segunda-feira, Selma Arruda ouviu outra testemunha, o empresário Rodrigo Santiago Frison, proprietário da empresa Canal Livre Comércio e Serviços Ltda.

Em seu depoimento, Rodrigo Frison voltou a afirmar que o montante de R$ 240 mil depositado em sua conta – pelo delator da primeira fase da Operação, Joaquim Mielli – era referente ao pagamento de um empréstimo concedido por ele a Francisvaldo Pacheco.

Conforme o empresário, o empréstimo seria utilizado para custear os custos de uma dupla sertaneja.

"Hoje talvez, pelas coisas apresentadas na mídia, não sei dizer onde ele [Francisvaldo Pacheco] utilizou esse dinheiro", disse o empresário, durante depoimento.

Valquiria Castil

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