Foto: Valquíria Castil
Com Sandra Carvalho
Está em andamento na manhã desta terça-feira, no Fórum de Cuiabá (MT), o julgamento do empresário Rogério da Silva Amorim e outras duas pessoas acusadas de participar do assassinato da garota Maiana Mariano, quase cinco anos após o crime.
A audiência em que também serão julgados Paulo Ferreira Martins e Carlos Alexandre da Silva está sendo presidida pela juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da Primeira Vara Criminal da Capital. Todos estão em liberdade. Serão ouvidas 14 pessoas. Neste momento, a mãe de Maiana, Sueli Cícero Mariano, presta depoimento como informante. Acompanhe:
08h45 – A mãe de Maiana, Sueli Cícero Mariana disse que Rogério andava com Maiana na empresa dele, tinha apresentado ela para os filhos e até para a Mãe. Sobre o Rogério ter uma família, ele dizia que Elisangela era apenas sócia na empresa.
09h05 – "Ele dava presentes, arrumou o quarto dela que tinha goteiras. Deu uma moto biz, celular, notebook. No entanto nem o celular foi encontrado na bolsa quando ela foi encontrada". Na véspera da morte de Maiana, Sueli viajou para visitar a mãe que estava adoentada no Paraná. Quem pagou a passagem foi Rogério. Na despedida Maiana disse que a amava muito, contou em depoimento.
09h13 – "O meu filho que ligou falando que Maiana tinha desaparecido, no dia 26". Maiana, segundo a mãe era muito responsável. Depois que Maiana morreu, Sueli disse que não teve contato mais contato com Rogério. Em determinado momento, Sueli disse que um dia Maiana estava apavorada porque a ex-mulher de Rogério teria ido ate a casa e forçado o portão.
09h42 – "O Rogério tinha falado pra eu procurar primeiramente ele, mas quando eu cheguei na rodoviária fui direto para a delegacia. Ele dizia que não era pra eu ficar procurando, que a Maiana ia aparecer. Que era pra eu ficar calma e continuar a minha vida que tudo ia ficar bem Quando eu viajei pra ver minha mãe eu entendi que ela estaria protegida na casa da mãe dele, com ele com as pessoas que amavam ela. Eu só cai nessa por causa da mãe dele. Eu achava que minha filha estava protegida, a mãe dele uma pessoa estudada professora, ajuda ela com questões da escola".
09h53 – A mãe de Maiana disse que algumas vezes foi ao Fórum pra tentar emancipar a jovem, mas que não conseguiu. Maiana teria pedido a emancipação através da sugestão de Rogério.
10h02 – A mãe da vítima nega a defesa dos réus de que teria denunciado Rogério por exploração sexual e admitiu usar drogas quando Maiana morava com ela. Sueli diz que Maiana era carinhosa, não era rebelde, nunca teve problemas de os filhos gritarem ou brigarem com ela. Mesmo não concordando com o relacionamento deles, depois dos sete meses não tinha o que fazer. Encerra o depoimento.
10h15 – Começa o depoimento da prima, Poliana Martins. Ela é a prima de Maiana, que era afilhada da mãe de Poliana. Ela diz que conversavam bastantes e que alertava a prima sobre o relacionamento não dar certo, por conta da diferença de idade. Ela afirmou que Maiana estava morando com o Rogério, ele teria alugado uma kit net e confirmou que sempre estava na casa da sogra, mãe de Rogério.
10h30 – "Dois dias depois que ela desapareceu, ele foi procurar ela na minha casa", disse Poliana. "E eu perguntei, mas só agora você veio procurar". Acrescenta nessa penúltima mensagem que ela acreditava muito no Rogério, ela estava apaixonada. Poliana disse que Maiana respeitava a família do Rogério. Poliana disse também que ela não era uma adolescente adiantada ela tinha sonhos, estava descobrindo muitas coisas. "Essa é minha percepção", disse Poliana.
10h51 – Poliana se pergunta "o que aconteceu para acontecer isso com ela? O que ela fez de tão grave para terem feito isso com ela?", questiona. Encerra o depoimento.
11h30 – Danilo Paulo Vilela, irmão de Maiana, começa a depor. Ele disse que Maiana era uma boa pessoa, sempre alegre e animada. Sempre que voltava da casa dele estava alegre. O irmão diz que Maiana via no Rogério a figura do pai que não teve. "Rogério foi me procurar dois dias depois e disse que tinha ido em vários lugares procurando Maiana. Ele aparentou não está muito preocupado. Fiquei sem saber o que fazer, mas saímos para procurar". Danilo diz que Rogério ajudou a procurar e deu dinheiro pra fazer cartazes.
Segundo Danilo, a família achou estranho porque todas as informações do paradeiro da irmã vinha de Rogério. Ele acusou apontando o dedo de quando o réu Paulo confessou que matou a mando de Rogério, este assassino. "Paulo que indicou o local em que o corpo de Maiana estaria enterrado. Ela que está morta". Danilo acusou Rogério quando relatou a confissão do réu Paulo Ferreira Martins, no dia em que encontraram o corpo de Maiana. "Paulo disse que matou minha irmã a mando de Rogério, esse assassino", disse Danilo apontando o dedo para Rogério.
11h48 – Danilo assegurou que quando Paulo disse isso, ele não estava sob pressão apenas preso algemado e deve ter se dado conta da besteira que fez. Danilo disse que não conhecia Paulo. A confissão de Paulo teria se dado no dia em que encontraram o corpo. Encerra o depoimento.
12h20 – Começa depoimento da mãe de Rogério, Antônia Silva Amorim. Ela diz que ele já estava separado da ex-mulher e que morava com ela na época que se relacionou com Maiana. Maiana ia cedo e saia a noite da casa da sogra. "Ouvi a Maiana falando que ia pagar o chacareiro. Na chácara". A mãe de Rogério disse que no dia em que Maiana foi morta, Rogério foi almoçar em casa e pediu para a mãe levar a Maiana no banco para trocar o cheque e levou pra chácara.
Ela afirma que Maiana não quis que a sogra levasse porque ela iria de moto. A mãe de Rogério disse que incentivava ela a estudar. "Ela era muito nova e agitada. Eu sempre pegava livros pra ela estudar", disse a mãe de Rogério. Ela nega ter contato com a Calizangela, ex-mulher de Rogério. Antonia disse que trabalhou junto com o Paulo em uma escola. "Paulo fazia qualquer tipo de serviço ele era pedreiro, vigilante", explicou a professora. Encerra o depoimento.
14h40 – A juiza Mônica Catarina Perri Siqueira, da Primeira Vara Criminal da Capital terminou de ouvir as testemunhas. O último a depor foi o funcionário de Rogério, que é acusado de ser o mandante do assassinato. Ele era vendedor na empresa do réu e fazia serviços extras em bancos, ele também servia de motorista para Maiana, a mando de Rogério. Por fim, a juíza deu um intervalo para que os advogados conversassem com os réus. A magistrada passará a ouvir os réus Rogério da Silva Amorim, Carlos Alexandre da Silva e Paulo Ferreira Martins.
Entenda o caso
Maiana Mariano, 17 anos, foi assassinada no 21 de dezembro de 2011, em uma chácara no bairro Altos da Glória, em Cuiabá. O Ministério Público do estado (MPE) denunciou Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva como executores do crime e o empresário Rogério da Silva Amorim como o mandante. Conforme a MPE, os dois teriam agido a pedido do empresário, que à época mantinha relacionamento com a adolescente.
Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva teriam recebido R$ 5 mil para executar Maiana Mariano. Ainda conforme o Ministério Público, Rogério da Silva teria proposto o crime por a adolescente e sua família supostamente o extorquirem.
Conforme exame de perícia, a garota foi asfixiada com um pedaço de pano e seu corpo foi jogado em um matagal. A ossada foi encontrada cinco meses depois. Paulo Martins é réu confesso no julgamento, e a defesa do empresário diz ter provas que mostram a inocência dele. Diz que o relacionamento entre o Rogério da Silva Amorim e adolescente teria terminado aproximadamente um ano antes do crime.
Conforme o Ministério Público, no dia do assassinato, o empresário teria mandado Maiana descontar um cheque de R$ 500 em um banco e levar o dinheiro para um chacareiro, onde ela teria sido morta. O ministério aponta que a jovem foi morta na chácara e o corpo foi levado, num carro de passeio, à região da Ponte de Ferro.
O MPE aponta ainda que Maiana e Rogério tiveram um relacionamento extraconjugal por aproximadamente um ano e viviam há cinco meses em união estável, quando ocorreu o assassinato. A ex-mulher do empresário também foi denunciada como participante dos crimes, mas Justiça não acatou a medida por considerar não haver indícios que sugira o envolvimento dela no crime.