Foto: Ahmad Jarrah
O ex-secretário-adjunto da extinta Secretaria de Estado de Transportes e Pavimentação Urbana, Valdísio Juliano Viriato, preso preventivamente na 5ª fase da Operação Sodoma, chegou a Capital na tarde desta quarta-feira (15).
Valdísio teve mandado de prisão cumprido em Balneário Camboriú (SC).
Em Mato Grosso ele foi levado do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, para o Instituto Médico Legal (IML), localizado na Capital. O preso já passou pelo exame de corpo delito.
O ex-adjunto será encaminhado para o Centro de Custódia da Capital (CCC).
Valdísio é apontado é apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE), como integrante de suposta organização criminosa que teria causado prejuízo de R$ 8,1 milhões aos cofres do Estado, por meio de cobrança de propina aos sócios das empresas Auto Posto Marmeleiro e da Saga Comércio e Serviço de Tecnologia e Informática Ltda., Juliano Volpato e Edézio Corrêa, em troca de contratos e de compras fraudulentas de combustível, entre os anos de 2011 e 2014.
Após deixar o Governo do Estado, em fevereiro de 2014, Valdísio se mudou para a cidade catarinense.
“Estrita confiança”
De acordo com a decisão Selma Arruda, Valdísio Juliano é apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como o homem de “estrita confiança” do líder da suposta organização criminosa – o ex-governador Silval Barbosa -, na secretaria que atuou entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2014.
“Tinha autonomia na parte operacional da Secretaria e tinha a função de executar as ações criminosas, garantindo que as mesmas tivessem aparência de regularidade, de modo a dificultar a ação dos órgãos de controle”, diz trecho da decisão.
Em sua decisão, a magistrada disse que caso ficasse em liberdade, o investigado poderia trazer prejuízos a investigação, uma vez que poderia coagir testemunhas, mesmo após a troca de Governo.
Além disso, Selma afirmou que Valdísio é uma pessoa que “não tem escrúpulos”.
Ao relatar as funções exercidas pelos integrantes da suposta organização criminosa, o MPE disse que o ex-adjunto era responsável por autorizar e fornecer suporte para o esquema de desvio de dinheiro público, inserindo um consumo fictício de combustível em caminhões-tanques que integravam a patrulha da secretaria que trabalhava.
Conforme a decisão, ao se mudar para Santa Catarina, Valdísio passou a administrar a BVPX Camburiú Ltda. – empresa no nome de Giancarlo da Silva Lara Castrillon (ex-presidente do Detran-MT), mas que, segundo o MPE, seria de propriedade do ex-adjunto.
“O que preocupa o juízo, é a notícia trazida pelo Ministério Público de que a equipe de inteligência da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso constatou que Valdísio mantém em Balneario Camburiú/SC um alto padrão de vida, bastante incompatível com o salário que recebia na condição de secretário-adjunto em Mato Grosso, o que aumenta ainda mais a suspeita que esteja manipulando recursos obtidos de forma ilegal neste Estado”, diz trecho da decisão.
Sodoma 5
Deflagrada no dia 14 de fevereiro, a Sodoma 5 investiga fraudes à licitação, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas, realizados pelos representantes da empresa Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática LTDA, em benefício da organização criminosa supostamente comandada pelo ex-governador, Silva Barbosa.
As supostas fraudes em licitações teriam sido realizadas nos anos de 2011 e 2014.
Segundo a Polícia Civil apurou, as empresas foram utilizadas para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas, utilizando-se de duas importantes secretarias, a antiga Secretaria de Administração (Sad) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Septu), antiga Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).
As duas empresas, juntas, receberam aproximadamente R$ 300 milhões do Estado de Mato Grosso, em licitações fraudadas. Com o dinheiro desviado efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa no montante estimado em mais de R$ 7 milhões.
Nesta fase, o ex-governador Silval, o seu ex-cehefe de Gabinete, Silvio Cesar Côrrea Araújo e ex-secretário adjunto de Administração, José Jesus Nunes Cordeiro, tiveram uma nova ordem de prisão decretada.
Além deles a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, decretou a prisão dos ex-secretários Valdisio Juliano Viriato (adjunto de Transportes) e Francisco Anis Faiad (Administração).
Veja vídeo do momento em que Valdísio Juliano deixa o IML, em Cuiabá: