Cidades

Intolerância ainda é principal causa de violência contra LGBTs

O Dia Internacional de Combate à Homofobia é celebrado em 17 de maio. Nesses 27 anos, desde que a data foi escolhida, a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) continua a luta pelos direitos de serem respeitados pelo o que realmente são. A data foi escolhida para lembrar a exclusão da homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A homossexualidade só foi desclassificada como uma doença, distúrbio ou perversão em 1990. No entanto, mesmo após tantos anos, membros da comunidade ainda enfrentam a discriminação e violência.

Para o fundador do movimento LGBT em Mato Grosso, representante da ONG Livre Mente e membro da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Clóvis Arantes, a data traz a tona a discussão sobre os direitos humanos.

“É entender que essa é uma discussão pensada na garantia de direitos humanos. Toda vez que eu deixo de reconhecer o outro enquanto uma pessoa de direito, a tendência é que eu cometa injustiças e violência. Então hoje, nesse dia internacional de luta, é o dia para reforçar os direitos humanos dessa população”, disse ao Circuito Mato Grosso.

De acordo com Arantes, o “ser diferente” deveria ser encarado com naturalidade, fato que não ocorre em nossa sociedade.

“Eu espero enquanto pessoa que as pessoas se respeitem mais. Se a gente conseguir construir uma relação de respeito, nós vamos deixar de cometer violência. No geral às pessoas não entendem que é uma questão de respeito”, pontuou.

A homofobia se manifesta de diversas maneiras e em sua forma mais grave resulta em ações de violência verbal e física, podendo levar até ao assassinato de LGBTs. Segundo o Grupo Gay da Bahia, em 2016 foram registradas 343 mortes de pessoas LGBT no Brasil. Uma morte a cada 25 horas.

O termo homofobia é usado para descrever uma repulsa  pelas relações afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, um ódio generalizado aos homossexuais e todos os aspectos do preconceito heterossexista (opressão paralela, que suprime os direitos de lésbicas, gays e bissexuais) e da discriminação anti-homossexual.

Intolerância em todos os sentidos

Para a presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT) Eliana Siqueira, o tempo é de uma "onda" de intolerância com o diferente, não só com relação aos homossexuais, mas com todo o tipo de diferença.

“A data é importante para as pessoas entenderem que não existe nenhuma diferença entre as pessoas. Você pode gostar de brancos, amarelos, pardos e outras pessoas gostarem de pessoas do mesmo sexo”, disse à médica que é casada desde 2014 com a assiste social Cristina Oliveira.

“A sociedade tem tentando deixar cada um no seu canto. Estamos cada vez mais acuados, com círculos sociais pequenos, socializando muitas vezes pelas redes sociais. Enquanto não mexem com você, você só fica assistindo passivamente as situações. Hoje é muito importante sair dos nossos lugares em defesa dos direitos coletivos, pois, cada vez mais, os direitos estão sendo retirados”.

Sempre alerta

Para o servidor público e estudado de psicologia, Raul Bruno, 24, as ações ligadas a esta data chamam a atenção para o fato de que é preciso continuar mobilizados na erradicação desse tipo de preconceito. “Serve de lembrete a todos de que se trata de uma luta que ainda está longe de terminar. As ações ligadas a essa data chamam atenção para o fato de que é preciso continuarmos mobilizados na erradicação desse tipo de preconceito”.

Mesmo não participante de grupos institucionalizados de combate à homofobia, o estudante acredita que existem várias formas de militar pela causa. “Por exemplo, você pode "militar" no trabalho, corrigindo e/ou conscientizando aquele colega sobre alguma piada homofóbica. Contudo, é evidente que, quanto mais pessoas se mobilizarem nas discussões políticas, mais provável é que as barreiras sejam derrubadas”, disse.                       

Combate à homofobia

O Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH/Sesp) inicia nesta data uma campanha de conscientização dos direitos LGBT e conscientização do respeito à dignidade. Assinada este ano com a frase: “Vocês não estão sozinhos”, a proposta vem com o objetivo de externar o apoio da Segurança Pública nos casos de violência e repressão aos direitos do cidadão.

As denúncias de violência contra a população LGBT (l) estão aumentando, mas muitas vítimas ainda temem relatar às autoridades competentes as agressões, além dos que deixam de denunciar por desconhecimento de seus direitos ou por não saber como fazê-la.

Quando for agredido, procure a polícia, peça exame de corpo delito e denuncie o caso aos grupos de ativistas homossexuais. Lembre-se que as Delegacias de Polícia são públicas. Se foi mal tratado pelo oficial, chame o Delegado Titular, se ele não estiver chame o plantonista. Se mesmo assim, for mal atendido, entre com uma ação contra a delegacia. Não tenha medo!

GECCH 

O Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH) foi criado pelo Decreto nº 547/2016, e está vinculado a Secretaria de Estado de Segurança Pública.

É um grupo colegiado que se reúne para discussão e desenvolvimento de Políticas Públicas, diversos órgão comprometidos com a causa em Mato Grosso.

Catia Alves

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