A direção do Instituto Gerir, gestor do Hospital Regional de Rondonópolis, reclama que a SES (Secretaria de Estado de Saúde) deve R$ 15 milhões à organização social, cujas atividades estão suspensas. O montante seria referente a contas em aberto parcial ou inteiramente desde agosto deste ano.
Conforme o instituto, em agosto e setembro o governo pagou por somente alguns serviços prestados na unidade, e a parcela de outubro não tem previsão para quitação. O valor mensal gira em torno de R$ 5,4 milhões.
Ontem (12), houve cruzamento de informações sobre o fechamento das portas do hospital motivado pela troca de diretoria. O então diretor Fernando Rinaldo se afastou da função e o hospital está sendo administrado, em nível de coordenação, pelo médico Gustavo Vasconcellos.
Procurada pelo Circuito Mato Grosso, a assessoria de imprensa negou a informação. “A informação que está circulando em grupos de mensagem de WhatsApp de que o Hospital “fechou as portas” por determinação judicial e que o Instituto Gerir abandonou a administração é falsa e irresponsável.”
Mas, hoje (13) o sindicato representante dos médicos divulgou a informação de que a equipe que presta serviços no Hospital Regional decidiu, em assembleia geral, suspender as atividades por falta de pagamento.
O diretor do Sindimed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso), Pedro Maggi, disse que a situação “se tornou insustentável” após sucessivos atrasos nos pagamentos do Instituto Gerir. “Existe um limite. E esse limite foi ultrapassado. Não há mais condições para se trabalhar sem material, tampouco sem receber”, pontuou.
Segundo ele, o instituto teria informado aos médicos que não tem conseguido cumprir com a regularidade dos pagamentos devido aos constantes atrasos nos repasses de recursos pela SES.
“Fato é que a precariedade consta desde o contrato com esta empresa, por meio de dispensa de licitação. E ainda o Governo atrasa os repasses. E quem paga o preço é a população, que não pode contar com um atendimento digno”.
O hospital atende demandas de 19 municípios na região sul do Estado. De acordo com o Instituto Gerir, o hospital tem capacidade para atender cirurgias nas especialidades de buco maxilo, infantil, geral, neurologia, ortopedia, oftalmologia, otorrinologia, plástica, proctologia, torácica, urologia, vascular. A unidade hospitalar tem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas especialidades de angiologia, endocrinologia, infectologia, nefrologia e neurologia. São 128 leitos ativos, 545 cirurgias por mês. A média de atendidos mensal é de mil pacientes.
Nesta segunda, o juiz Francisco Rogério Barros deu prazo de dez dias para que o SES regularize o pagamento dos salários dos médicos do Hospital Regional.
Outro lado
A SES informou que concluiu nesta segunda-feira a transferência de R$ 2,2 milhões para o Hospital Regional de Rondonópolis, totalizando o repasse de R$ 5 milhões referentes ao mês de setembro. Disse ainda que os médicos estão trabalhando normalmente, e as cirurgias ortopédicas foram retomadas. O governo descarta intervenção no hospital.
Quanto ao valor da dívida, a assessoria de imprensa da SES informou que os R$ 15 milhões divulgados pelo Instituto Gerir incluem o contrato do hospital de Sinop, com a contagem do pagamento do mês de novembro, com vencimento no dia 15. A dívida com o hospital de Sinop é de R$ 2,2 milhões. Outros R$ 2 milhões referente ao contrato de R$ 4,2 milhões teriam sido pagos nesta semana, referentes às contas de setembro.