Fala-me a dor que reina neste mundo,
Sussurra em meu ouvido uma cantiga,
E a se mostrar amena, doce amiga,
Invade-me o viver, o mais profundo.
E chega sempre assim… E num segundo
A mim me inunda, sem qualquer intriga,
Sufoca a minha voz, que amor mendiga,
Enquanto em seus abismos já me afundo.
E, sem qualquer pudor, meu ser enlaça,
Derruba esteios, quebra-me a vidraça,
Cruel posseira, aos poucos me devora.
Exausta fico, o jogo é tão perverso,
Jamais se finda e escapa em cada verso
Que, a padecer, rabisco vida afora.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.