Uma pesquisa feita pelo EXTRA (confira ao lado) mostrou que o aluguel de uma barraca em Copacabana subiu de R$ 5, em fevereiro, para R$ 15 na quarta-feira passada — um aumento de 200%. Para utilizar uma cadeira, cujo empréstimo custava R$ 10 há nove meses, o consumidor precisa desembolsar outros R$ 15.
Em Ramos, também houve inflação nos preços, mas de apenas três itens pesquisados: o latão de cerveja, que custava R$ 4, custa R$ 5 hoje; o refrigerante em lata saiu de R$ 3 para R$ 4; e o biscoito de polvilho subiu de R$ 2 para R$ 3.
As altas registradas nos dois points de lazer surpreendem mais quando comparadas à inflação oficial no país, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os biscoitos ficaram 6,47% mais caros de fevereiro até agora, enquanto a variação chegou a 50% em Ramos. No caso dos refrigerantes, a diferença não fica muito atrás: pela pesquisa do IBGE, 4,48%; na praia, 25%.
Para fugir dos preços exorbitantes, a comerciária Raquel Machado, de 26 anos, e suas amigas compraram refrigerantes no supermercado e levaram para Copacabana.
— É o jeito que encontramos para economizar — disse Raquel.
A família de Marcos Herculano, de 37 anos, adora se divertir na praia, mas atualmente o calçadão de Copacabana estampa apenas o biquíni da filha mais velha do taxista, Dina Herculano Miranda, de 17 anos.
Para gastar menos nos feriados e fins de semana, os moradores da Ilha do Governador deixam de ir para a Zona Sul e aproveitam os dias ensolarados no Piscinão de Ramos.
Na área de lazer na Zona Norte, os gastos com a jovem e com as seis crianças (dois filhos e quatro sobrinhos), somando o aluguel de barraca e cadeiras e a compra de picolés, refrigerantes, água e lanches, costuma ser de, em média, R$ 100 por dia.
— Acho caro, mas as crianças precisam se hidratar e comer direito, pois gastam muita energia, correndo de um lado para o outro. Se fosse para a Praia de Copacabana, acredito que gastaria, no mínimo, uns R$ 300 com a garotada — calcula Marcos.
O taxista lembra que não faz diferença frequentar a praia tradicional ou o lago artificial, pois a diversão para a família é a mesma:
— Se tem areia e água salgada, vira praia. Aqui é até mais seguro para as crianças, porque não tem onda.
Fatores para o aumento – Daniel Plá, professor de Varejo do MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca que alguns preços chegam ao patamar do absurdo:
— Eles aumentam em dias de sol. Por outro lado, se os ambulantes percebem que a demanda será pequena e que os produtos não serão vendidos com tanta facilidade, reduzem os preços.
O economista e professor do Ibmec Gilberto Braga explica que alguns aumentos não são exagerados, em razão da prática do comércio de praia de arredondar os preços para facilitar o troco.
— Se o biscoito de polvilho aumentasse na mesma proporção que a cerveja (25%), passaria para R$ 2,50, mas a maioria dos frequentadores não leva moedas para praia.
Por outro lado, Braga avalia que o aumento de até 200% dos aluguéis de barracas e cadeiras mostra uma característica oportunista.
Apesar disso, alguns consumidores ouvidos pelo EXTRA, em Copacabana, consideram os preços justos.
— Pagamos pelo conforto — disse o comerciário Roberto Siqueira, de 54 anos, que alugou uma cadeira.
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