O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira (14) que avanços já são observados na política de combate à inflação, mas ainda não são suficientes para garantir a convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5%, até dezembro de 2016, como tem defendido a instituição.
“Já a partir deste mês de abril, deveremos observar a inflação mensal em patamar bem inferior ao registrado nos 3 primeiros meses do ano, quando ocorreu a concentração de realinhamento de preços administrados”, afirmou Tombini, durante participação, em São Paulo, de evento do Itaú BBA, braço de investimento do banco.
O presidente do BC destacou a melhora das expectativas de mercado para a inflação em 2016 e nos anos seguintes.
“Certamente esses avanços estão embasados em vários fatores, em especial no compromisso firme da política monetária com a convergência e na eliminação de incertezas que pairavam sobre o realinhamento dos preços administrados”, disse.
“Os avanços alcançados no combate à inflação, a exemplo de sinais favoráveis vindos de indicadores de expectativa de médio e longo prazo, contudo, ainda não se mostram suficientes”, ressaltou.
“Diante disso, faz-se necessário manter a política monetária vigilante. Só assim conseguiremos alcançar um dos pilares do regime de metas para inflação, que é ancorar expectativas e assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% em dezembro de 2016, cujos benefícios deverão se estender para além do próximo ano”, completou.
A inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 1,32% em março. Em 12 meses o indicador acumula alta de 8,13%, a maior desde dezembro de 2003 (9,3%).
Depois de subir por 14 semanas seguidas, a estimativa do mercado financeiro para a inflação oficial deste ano recuou na semana passada. A previsão dos economistas, que era de 8,2% na semana anterior, passou para 8,13%, segundo o relatório Focus, divulgado na segunda-feira (13) pelo Banco Central.
‘Valorização do dólar é fenômeno global’
O presidente do BC destacou ainda que a balança comercial deverá voltar a apresentar superávit, influenciada pelo aumento das exportações “a despeito da retração dos preços das commodities” e por alguma contração do volume das importações “dado o menor dinamismo da atividade doméstica”.
Com relação ao câmbio, ele disse que a “valorização do dólar é um fenômeno é global” e que o atual patamar “mais depreciado” do real contribui para a redução do déficit em transações correntes.
“O fortalecimento do dólar tem ocorrido em relação a várias moedas, alcançando o maior patamar dos últimos 12 anos”, disse o presidente do BC, citando que em relação à cesta das outras 6 principais moedas, a divisa dos Estados Unidos valorizou-se 25% nos últimos 12 meses, além de uma valorização de superior a 23% frente ao euro.
Tombini avaliou ainda que os efeitos das medidas de ajuste nas contas públicas, implementado por meio de aumento de tributos, corte de gastos, redução de subsídios e realinhamento de tarifas públicas, “deverão se materializar nos próximos meses”, o que contribuirá para a convergência da inflação para o centro da meta.
"Desempenho fraco no 1º semestre"
Com relação à atividade econômica, Tombini o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de 2014 confirmou a “pausa do crescimento” no ano passado e avaliou que a expectativa é de melhora a partir do segundo semestre.
“A expectativa é de um desemprenho fraco no primeiro semestre deste ano, com ligeira melhora a partir da segunda metade, e um desempenho mais favorável em 2016 como consequência dos ganhos de competitividade decorrentes da depreciação cambial, da melhora da confiança dos agentes, e da melhora dos fundamentos macroeconômicos dos ajustes atuais”, afirmou.
“Neste ano, a economia brasileira passa por um processo de ajuste importante e necessário, o qual fará de 2015 um ano de transição, com vistas na construção de bases mais sólidas para retomada do crescimento econômico sustentável mais à frente”, concluiu.
Fonte: Terra