É um filme americano do gênero de suspense dirigido por Ron Howard e escrito por David Koeep, baseado no romance de mesmo nome de Dan Brown, e é uma sequência de Anjos e demônios, estrelado por Tom Hanks, repisando seu papel de Robert Langdon, junto com Felicity Jonnes, Omar Sy, Sidse Babet Knudson, Ben Foster e Irrfan Khan, que foi lançado no Brasil em outubro de 2016.
Em Inferno, Ron Howard fecha a trilogia cinematográfica baseada na obra de Dan Brown, levando Robert Langdon a uma jornada onde memória, arte e catástrofe iminente se entrelaçam. O filme abre em um clima de confusão: Langdon desperta em um hospital em Florença, desorientado e sem lembrar dos últimos dias. O que poderia ser apenas um mistério pessoal rapidamente se transforma em uma corrida desesperada para impedir a liberação de um vírus mortal, concebido por um bilionário com a visão distorcida de salvar o planeta através de um genocídio em escala global.
A trama é mais sombria e claustrofóbica que as anteriores, conduzindo o espectador por museus, passagens secretas e palácios renascentistas. Cada obra de arte, cada inscrição e cada referência literária servem como pistas codificadas, e o epicentro desse labirinto simbólico é a Divina Comédia de Dante Alighieri. A visão dantesca do inferno, com seus círculos de punição e sofrimento, se torna metáfora e guia para a narrativa, transformando as cidades históricas de Florença, Veneza e Istambul em cenários vivos, quase personagens que respiram a herança de séculos de cultura e intriga.
Tom Hanks retorna ao papel de Langdon com a mesma firmeza intelectual, mas desta vez adiciona um toque de vulnerabilidade, refletindo a fragilidade de um homem que luta não apenas contra enigmas externos, mas contra as próprias falhas de sua memória. Felicity Jones interpreta Sienna Brooks, médica e parceira de Langdon nessa busca, cuja inteligência e aparente devoção à causa escondem motivações ambíguas. Ben Foster, no papel de Bertrand Zobrist, mesmo com pouco tempo em tela, cria uma presença marcante, moldando um antagonista movido por ideais extremos que misturam ciência e desespero.
O elemento histórico, embora menos central que em O Código Da Vinci ou Anjos e Demônios, continua a pulsar no pano de fundo da obra. O filme resgata a atmosfera da Florença medieval, o peso cultural de Dante e o simbolismo de suas visões, conectando-as a dilemas contemporâneos sobre superpopulação, ética científica e o limite entre salvar e condenar a humanidade.
O contraste entre o esplendor das obras renascentistas e a ameaça invisível de um vírus mortal cria uma tensão estética poderosa: a beleza eterna da arte contra a efemeridade frágil da vida humana.
Visualmente, Inferno aposta em imagens saturadas e flashes alucinatórios, representando a confusão mental de Langdon e transportando o espectador para um estado de constante desorientação. As perseguições em vielas estreitas, as passagens por museus silenciosos e a grandiosidade de monumentos históricos reforçam o senso de urgência.
Como experiência cinematográfica, Inferno é o mais intenso e distópico dos três filmes. Se por um lado a trama mantém o padrão de mistério e quebra-cabeça, por outro aposta mais na tensão de um desastre iminente do que na contemplação de enigmas históricos. Isso o torna menos filosófico e mais voltado para a ação, mas ainda capaz de provocar reflexões sobre a fragilidade da civilização diante de ameaças invisíveis.
Como trilogia, O Código Da Vinci, Anjos e Demônios e Inferno formam um percurso narrativo que vai da contemplação à urgência absoluta. O primeiro seduz pela calma investigativa e pela exploração simbólica da história e da arte, conduzindo o espectador a um labirinto de teorias e reflexões. O segundo acelera o ritmo, transformando Roma em um campo de corrida contra o tempo, equilibrando intriga e ação. Já Inferno leva essa urgência ao extremo, mergulhando em um clima quase apocalíptico, onde a ameaça é global e o foco se desloca do mistério histórico para a sobrevivência imediata.
Juntos, mostram como o mesmo protagonista pode atravessar diferentes tons narrativos sem perder a essência: a busca pela verdade em meio a camadas de segredos que a história insiste em guardar.
Vale a pena assistir.

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.
Foto capa: Reprodução/Divulgação