Índios usaram pedras e paus para tentar forçar a entrada no Anexo III da Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira (17), depois de parte do grupo ter o acesso barrado a uma audiência sobre produção agrícola. Policiais legislativos reagiram à invasão com bombas de efeito moral e de gás. De acordo com a Polícia Militar, pelo menos dois homens – que estariam depredando carros e vidraças – foram detidos.
Imagens feitas pelo repórter da GloboNews Victor Boyadjan de dentro da entrada do anexo mostram parte da confusão. Índios usam pedaços de pau e cones de sinalização de trânsito para atingir o vidro. Policiais legislativos reagem, e o grupo recua. Outro vídeo mostra funcionários da Câmara com dificuldades de respirar após gás.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerca de cem índios estavam no local. A Câmara dos Deputados informou ao G1 que havia um limite de 50 pessoas permitidas a entrar na audiência, que ocorre na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Policiais legislativos sugeriram que os índios se revezassem para participar, mas o grupo “ignorou” a recomendação e tentou que todos entrassem. O Batalhão de Choque foi acionado para conter a confusão.
"Com as senhas, um grupo de índios teve acesso à audiência, cujo plenário ficou lotado, e outro teve que aguardar do lado de fora da Câmara. A este grupo, que queria entrar à força na Casa, foi proposto rodízio, o que foi recusado", disse a Casa em nota.
"Então começaram a arremessar pedras e paus, quebrando portas de vidro do Anexo III da Câmara. O grupo também depredou vários carros que estavam no estacionamento. Para conter o grupo, foi utilizado spray de pimenta e bombas de efeito moral", completou a Câmara.
Ao G1, o cacique Kretã Kaingang afirmou que não foram os indígenas quem iniciaram o confronto. Ele também afirmou que uma criança foi atingida e que deve ser encaminhada aos primeiros-socorros.
"A gente foi para frente porque queria uma resposta do Congresso. Não estavam deixando a gente entrar para acompanhar a audiência pública sobre o arrendamento de terras indígenas. Deram credencial para quem é a favor, mas não para a gente que é contra", declarou.