Fotografia divulgada pela Polícia Civil mostra índio da etnia Enawenê-nawê com blocos de cédulas: segundo investigações, caminhonetes foram pagas com dinheiro em espécie. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Investigações da Polícia Civil apontaram que os índios da etnia Enawenê-nawê envolvidos com furtos de caminhonetes pagaram pelos veículos, levados de uma concessionária em Cuiabá, usando dinheiro em espécie.
A etnia a que pertencem os índios é a mesma que tem forçado motoristas a pagarem pedágio em trecho da rodovia federal BR-174, nas proximidades de Juína, cidade a 737 km da capital. Dois homens chegaram a ser mortos na última quarta-feira (9) após se recusarem a pagar, crime já investigado pela Polícia Federal (PF).
Índios pagaram à vista, em com dinheiro em espécie, por caminhonetes roubadas, diz Polícia Civil. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Nesta quinta-feira a Polícia Civil prendeu cinco pessoas, entre elas dois ex-funcionários de uma concessionária de veículos na capital envolvidos com o roubo de pelo menos quatro caminhonetes zero quilômetro adquiridas pelos índios. Os veículos são avaliados em R$ 150 mil cada – mas os indígenas, segundo as investigações, pagaram R$ 17 mil para receber cada um, totalizando R$ 68 mil.
De acordo com a Polícia Civil, os pagamentos foram feitos à vista e com dinheiro em espécie. Imagens divulgadas pela Polícia inclusive mostram um dos índios envolvidos nas transações segurando blocos de notas de dinheiro utilizadas para fazer negócio.
Os índios chegaram a alegar à Polícia Civil que desconheciam a origem criminosa dos veículos, versão refutada nas investigações.
Por isso, eles são considerados receptadores. Até o momento, três das quatro caminhonetes negociadas já foram recuperadas dentro de uma aldeia dos Enawenê-nawê.
A aldeia fica nas proximidades de Juína, região onde a etnia tem mantido bloqueio para cobrança de pedágio na rodovia BR-174.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), tem sido constante a imposição de pedágio no trecho. Motoristas têm tido que pagar R$ 50,00 para poderem passar.
Execuções
No último dia 9, os amigos Genes Moreira dos Santos Júnior, de 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, de 25, foram sequestrados pelos índios que mantinham o bloqueio depois de um desentendimento devido ao pedágio. Dias depois os corpos dos dois foram entregues pelos índios.
As investigações sobre o caso são mantidas em sigilo, mas a PF já anunciou que identificou três índios responsáveis pela execução. Mesmo depois dos assassinatos, a cobrança de pedágio na rodovia por parte dos Enawenê-nawê teve continuidade.
Genes Moreira dos Santos Júnior (à esquerda) e Marciano Cardoso Mendes (à direita) (Foto: Arquivo pessoal)
Fonte: G1