A espera foi longa, mas finalmente Selebroni Tserewatsi’õ Wari, de 10 anos, conseguiu emitir seu primeiro Registro Geral (RG). O menino indígena Xavante, que vive na Terra Indígena Marãiwatsédé e tem paralisia, enfrentava dificuldades para emitir o documento devido à impossibilidade de coletar suas digitais. Durante a 7ª Expedição Araguaia-Xingu, realizada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), ele participou do atendimento sentado no colo da avó e sorriu a cada etapa do processo, mesmo sem conseguir se comunicar verbalmente.
A família de Selebroni e servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) já haviam tentado emitir o RG em diferentes unidades, como a Politec de Alto Boa Vista e Querência, sem sucesso. “Ele já tem 10 anos e há mais de três meses a gente vinha correndo atrás para conseguir o benefício dele. Quando soubemos da expedição, trouxemos ele com esperança”, contou emocionada Maria de Fátima Rosa, assistente administrativa da Funai em Ribeirão Cascalheira.
Durante o mutirão, a equipe da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) utilizou tinta especial para coletar as impressões digitais de Selebroni, garantindo a emissão do documento. Servidoras da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) também participaram do atendimento, facilitando o acesso da família a benefícios sociais e assegurando que o menino pudesse finalmente obter sua documentação.
Além de Selebroni, dezenas de indígenas da região foram atendidos para emissão e regularização de documentos civis, como RG, CPF e certidões de nascimento. Segundo Munique Mendes Lima, coordenadora regional substituta da Funai em Ribeirão Cascalheira, o mutirão tem sido essencial para corrigir registros e garantir o acesso à cidadania. “A maioria vem buscar segunda via de RG, certidão de nascimento ou a regularização de nomes incorretos feitos em cartórios. O apoio que recebemos aqui em Mato Grosso é fundamental”, destacou.
A primeira etapa da Expedição Araguaia-Xingu percorreu mais de 1.000 km, levando Justiça e dignidade a comunidades de difícil acesso. A segunda fase acontecerá entre os dias 3 e 14 de novembro, ampliando os atendimentos e reforçando o compromisso das instituições envolvidas com a justiça inclusiva e o acesso a direitos fundamentais para os povos indígenas.