Política

Indecisos podem surpreender ou ignorar chance de mudança na política

 

Uma das eleições mais esperadas desde que o Brasil retomou o seu processo democrático em 1990 pode não trazer tantas surpresas nas urnas.  Mulheres, negros, indígenas, LGBT e quilombolas que poderiam ser alternativa aos políticos mais do mesmo enfrentam dificuldades para conquistar a confiança do eleitorado.

Subvalorizados e alvos constantes de preconceito, o principal desafio desses candidatos é conseguir votos para serem os representantes das minorias no cenário político estadual ou federal, de modo a romper a barreira da velha política que faz de Mato Grosso um dos estados mais desiguais do país.

Enquanto nomes tradicionais da política mato-grossense, velhos conhecidos do eleitorado e que possuem até processos judiciais, conseguem se candidatar e são aprovados pela população (em segredo, pois em roda de amigos e redes sociais são altamente massacrados), as minorias estão jogadas à própria sorte à espera de um momento de serem reconhecidos pelo eleitorado como símbolos de mudança.

Um dos exemplos desses obstáculos são os candidatos indígenas. Apesar de o Estado abrigar o Parque Nacional Indígena do Xingu, com mais de 25 etnias distintas, e de ter diversos Territórios Indígenas, não há sequer um representante destes povos na Assembleia Legislativa.  

O país tem aproximadamente 900 mil índios, segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 28.977 candidatos, apenas 133 eram indígenas. Desta centena, somente 109 tiveram o registro aceito e mais nove ainda aguardam julgamento.

Assim como em Mato Grosso, os candidatos indígenas somam somente pouco menos de 1% dos concorrentes.

 No início de campanha eleitoral, o Estado tinha então três candidatos. Mas um desistiu, outro foi impedido e somente um foi aceito. Comecemos pelo desistente. Seu nome é Matudjo Metuktire. Ele vem da etnia Kayapó e concorria a deputado estadual pelo Psol (Partido Socialismo e Liberdade). Contudo, ele desistiu de concorrer ao cargo. Segundo o Diretório do Psol em Mato Grosso, Matudjo desistiu de se candidatar por motivos pessoais e familiares.

Era a segunda vez que Matudjo se candidatava ao cargo de deputado estadual – e é a terceira numa eleição. Em 2012, ele foi eleito vereador em São José do Xingu (a 951 km a nordeste de Cuiabá) pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). E em 2014, ele migrou para o Pros e agora está no Psol.

Em seguida, temos o impugnado. Gregório Marinatse Abhoodi concorria a uma cadeira na Câmara de Deputados pelo Partido Verde (PV). No entanto, ele não conseguiu reunir os documentos para registro de candidatura.

Segundo o processo de registro, Gregório não teria apresentado o seu RG, comprovante de escolaridade e a ata com seu nome escolhido em convenção partidária. A Justiça Eleitoral deu até três dias para ele apresentar os documentos sob a pena de indeferimento.

O último candidato indígena também concorre a deputado federal. Foi o único candidato que teve o registro aceito pela Justiça Eleitoral. Da etnia Terena, seu nome é Milton Jorge Turi Rondon, mas seu nome de urna é Cacique Rondon, que também sai pelo Psol.

Cacique Rondon disse que sua candidatura é em defesa dos direitos dos povos indígenas. "Não vou ceder e não vou recuar de tantas dificuldades porque estamos com o pé no chão e em busca do apoio de toda a sociedade indígena do Estado de Mato Grosso", comentou.

Cacique Rondon acredita também que um dos motivos que pode ter levado o seu colega a ter desistido é o custo de se fazer campanha. "Não tiveram uma força para decolar sua candidatura", disse.

Caso seja eleito, o candidato também imagina dificuldades para defender os interesses dos indígenas. "Não vai ser fácil. Não vai ser realmente tranquilo", enfatizou. Cacique Rondon pontuou que vai ser uma guerra dentro do Congresso Nacional.

"Mas vamos à luta. Levantamos a nossa bandeira para defender nosso povo", destacou.

Procurado pela redação do Circuito Mato Grosso, o Ministério Público Eleitoral informou que não existe legislação ou programa para incentivo de candidaturas indígenas, como existe para as mulheres. Por lei, os partidos e coligações devem ter até 30% das candidaturas preenchidas por candidatos do sexo feminino.

A redação também procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai) para dar um posicionamento. Contudo, até o fechamento desta reportagem não obtivemos retorno.

Juntos, os três indígenas acima representavam 0,56% de todos os 545 candidatos mato-grossenses nestas eleições. Os indígenas que desejam maior representatividade devem esperar os próximos pleitos.

Com mais representantes deferidos pela Justiça Eleitoral, os candidatos que levantam a bandeira LGBT enfrentam outras dificuldades. Ao todo cerca de cinco pessoas pretendem defender os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros no Legislativo estadual e federal em nome dos eleitores mato-grossenses.

São eles: Solange Ramos, do Partido Verde (PV), Vinicius Brasilino, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Maurício Gomes e Icaro Reveles, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Madona Ramos, do Partido Popular Socialista (PPS).

O primeiro obstáculo desses candidatos é árdua batalha contra a intolerância e a violência desferida contra o público LGBT. Ao propor a criação de uma casa de inclusão social e acolhimento, que ajudasse principalmente “crianças” vítimas do abandono, da violência sexual e doméstica, a produtora de eventos e candidata a deputada estadual Madona foi surpreendida por uma onda de violência em suas redes sociais.

A Casa Colorida tornou-se alvo de apoiadores de candidatos tradicionais e outros perseguidores do movimento. Xingamentos como “casa foice”, “toma vergonha”, palavras de baixo calão, sugestões de agressões sexuais e até ameaças seguiram Madona em suas redes sociais ao longo da semana.

Apenas apresentei um projeto propondo que o Estado institua a Casa Colorida, uma unidade pública para receber quem não tem o apoio da família e precisa de um tempo para se estabilizar emocional ou financeiramente, ofertando não apenas abrigo, mas atendimento especializado, encaminhamento para qualificação, dando a essas pessoas a oportunidade de inserção no mercado de trabalho. É um ódio que me assustou.”, afirmou Madona.

A candidata registrou um Boletim de Ocorrência denunciando o crime cibernético praticando contra si.  Apesar da violência, Madona afirma que não perdeu a esperança de que a população perceba a necessidade de renovação nas urnas, mas alerta também para as “antigas práticas políticas” ainda em curso, como a compra de votos. “Quem tem mais adesivo de carro é quem vai ganhar. O termômetro são os adesivos”, diz.

O excesso de expectativa com a transformação foi outro problema, como aponta a candidata.  “Entrou tanto candidato acreditando que teria renovação que a coisa se perdeu. Dá até dó. Mas ainda há chance de mudança. Estou indo em bairros e só estou vendo indeciso. Esses não vão cair na lábia dos que estão comprando votos e são esses que podem repartir as chances com os novos nomes”, diz.

Para o candidato a deputado federal Vinicius Brasilino, o desemprego acaba sendo um obstáculo para a renovação. “Em Mato Grosso, são 180 mil jovens nessa faixa etária, desempregados. A principal razão é a crise mesmo. Todo mundo fazendo bico e trabalhando de forma informal. O que virou a eleição? Um grande negócio para as pessoas terem uma forma de ter recurso por 45 dias”, diz o candidato.

Esse processo de barganha eleitoral dificulta os candidatos que tentam uma nova política, principalmente os que defendem bandeiras em prol de minorias, educação e inclusão. “Muita gente me pede emprego. E eu não tenho isso a oferecer. Eu, candidato, não posso oferecer emprego. E nós estamos em um sistema político que desde ‘o avô’ de certos líderes de pesquisa do ‘paletozinho’, essa é a moeda que garante o status quo. Mas eu não posso mudar minha forma de pensar e atuar. Passa a eleição e eu vou continuar na defesa dos meus ideais”, diz.

 Vinicius ainda sustenta esperança de mudança e afirma que a sua principal bandeira em prol da renovação política é a educação. “Eu estou fazendo uma campanha sem dinheiro. Porque estamos fazendo uma coisa sobre a essência e não sobre a aparência. Depois de 130 anos de abolição da escravidão, nós jovens negros temos pressa. E se não lutarmos pela educação, teremos as mãos sujas do sangue dos jovens negros que morrem todos os dias, vítimas da violência, desigualdade e falta de oportunidades”.

O machismo e a desvalorização das mulheres nas urnas

A participação de mulheres na política brasileira continua pouca expressiva. A Lei de Cotas de 30% de participação delas em candidaturas não surtiu o efeito desejado e a criação do Fundo Especial Eleitoral, valendo a partir de 2018, cujo controle do dinheiro caiu na mão de caciques partidários, tende a erguer mais uma barreira. O círculo reduzido e o machismo são tidos como os principais estorvos para o acesso feminino à política.

Janaina Riva (MDB) está encerrando seu primeiro mandato. Foi eleita deputada estadual em 2014 e desde então diz ter passado por situações frequentes de ataques em que seu gênero é ressaltado como fator ou de fraqueza ou de escopo de vitimização. A ocasião mais recente ocorreu no começo deste mês em debate no plenário com o deputado Max Russi (PSB).

“Já passei por várias situações de constrangimento. Ouvi do ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, que eu usava a tribuna como penteadeira, a ex-secretária Adriana Vandoni disse que eu cacarejava. São sinais do machismo que existe e se revela em algum momento, principalmente quando é preciso contrapor ideias”.

A professora e militante Edna Sampaio atribui uma recente retaliação de perda de espaço na propaganda eleitoral gratuita à desvalorização da candidatura da mulher. Candidata pelo PT a deputada federal, ela perdeu espaço em TV e rádio por se negar a pedir voto ao candidato ao governo para Wellington Fagundes (PR), que encabeça uma chapa com dez partidos. Antes disso, ela teve sua candidatura barrada dentro do diretório petista. Ela concorre nas eleições por força de decisão da executiva nacional.

“Minha participação da propaganda foi barrada por desvalorização da mulher na política. É um claro recado de que a minha candidatura, de uma líder partidária, é menos importante para os diretores do partido”.

Ele enxerga barreira da estrutura partidária comandada por homens como dificuldade a ser superada. Edna Sampaio afirma que o conchavo realizado por grupos intrapartidários exclui a mulher e outras minorias. E a distribuição dinheiro vinda dos fundos partidário e eleitoral tem sido usada para manter o formato atual dos grupos políticos.

“O dinheiro que eu recebi não dá nem para viabilizar uma campanha de vereador, imagina para trabalhar o Estado todo. Se não fosse a internet, ninguém saberia da minha candidatura. É por ela que estou chegando a outras pessoas em outros lugares”.

Diany Dias, que tenta ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa a partir de 2019, foi filiada ao PSB por 11 anos e saiu do partido em 2018 por decisão de coligação com candidatos indesejados. Ela concorre a deputada estadual pelo Pros e diz ter o espaço necessário para articular sua campanha.

“O partido nos dá todo apoio que precisamos, fomos recebidos de braços abertos pela líder das mulheres no partido. Não tenho dificuldade para articular minha candidatura”.

Durante o tempo em que ficou filiada ao PSB ela diz que não se apresentou como pretendente a cargos públicos eletivos, mas sua avaliação sobre o espaço da mulher não é das melhores. “Eu participei e senti que a política é mais distante da mulher no PSB. Mesmo assim, não senti nenhuma resistência da direção quanto às mulheres. Mas no Pros o acolhimento é diferente”.

Afrodescendência: baixa representatividade começa nas candidaturas

A comunidade negra é representada por somente 30 candidatos a deputado estadual, entre homens e mulheres, num universo de 336 candidatos. A vasta maioria pertence a partidos ou coligações de esquerda, notadamente PT, PCdoB, PPS, Psol e PTB. Este último, aliás, o que mais tem, proporcionalmente, candidatos negros, já que quatro de seus nove candidatos ao cargo são negros.

E é do PTB também o talvez mais emblemático caso relacionado à causa negra, pois a candidata Joyce Lombardi precisou entrar com ação judicial para poder se apresentar na foto da urna eletrônica com suas indumentárias relativas à sua religião, de matriz africana, a umbanda.

“Pediram para que eu trocasse a foto e não aparecer com as indumentárias, especialmente o turbante, mas me recusei, pois o uso do turbante, além de sentido religioso, tem também uso político, de representatividade. É só mais uma das muitas tentativas de discriminação da política institucional, pois em audiências públicas costumam cortar nosso microfone, nos tirando literalmente a voz”, conta Joyce.

O Ministério Público Eleitoral recomendou e o TRE, enfim, permitiu que ela se registrasse, mas sem se identificar como “sacerdote ou membro de ordem ou seita religiosa” para justificar as roupas, colares e o turbante.

Quase sem afrodescendentes no Congresso Nacional

Há somente dois (num total de 11 candidatos) afrodescendentes postulantes ao Senado: o Procurador Mauro (Psol), considerado por muitos um dos favoritos, e o servidor público aposentado Aladir Leite Albuquerque (PPL). Para deputado federal, há um total de 10 candidatos, com uma distribuição mais homogênea entre partidos de esquerda, centro e direita.

Esses números constam da página do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e são baseados em como os próprios candidatos se identificam como pardos ou negros. Entre estes, destaca-se a professora Edna Sampaio (PT), que pretendia candidatar-se ao governo do Estado, mas foi barrada durante as convenções do seu partido e só conseguiu emplacar o próprio nome a deputada federal por imposição da direção nacional. “Foi com muita luta, mas eu estou acostumada ao embate por ser mulher, negra, trabalhadora. Sei que posso representar bem Mato Grosso lá em Brasília”, disse.

Como ela, com ligação ao discurso trabalhista, há gente bastante fora da norma política habitual brasileira, como Kota Cortez (PT), 46 anos, e o presidente do Sintep, Henrique Lopes, 49 anos. Ambos usam discurso forte de representatividade negra e trabalhadora, mas são minoria mesmo em seu partido: são só dois entre seis candidatos a uma vaga na Assembleia Legislativa. Todos os demais são brancos.

Essa democratização de desigualdade perpassa, aliás, todos os partidos e chega à direita do deputado federal e candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro. Dos 35 candidatos à Assembleia Legislativa pelo partido, 11 se identificam como pardos ou pretos. O número é maior que o do partido antagonista, mas é proporcionalmente menor.

No centro é onde talvez esteja a menor concentração. No partido do atual governador, o PSDB, somente cinco entre 28 candidatos a deputado estadual se classificam como pretos ou pardos.

O PPS traz seis de seus 19 candidatos classificados como pretos ou pardos. Porém é o partido em que a identificação parece mais ser baseada em como a pessoa se enxerga – ou coloca para atingir a cota dos partidos – do que propriamente apresentar as citadas características negras. Para se ter uma ideia, o ex-secretário de Agricultura Familiar Suelme Evangelista Fernandes é apresentado como pardo na página do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

O percentual de candidatos negros cresceu nas eleições de 2018 em relação ao último pleito presidencial, em 2014, mas segue abaixo da proporção encontrada na população brasileira, apontam dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mesmo com esse breve aumento, as proporções das eleições deste ano continuam não refletindo a realidade do país, já que a maioria dos brasileiros se enquadra como negro – 47,1% pardos e 8,8% pretos, totalizando 55,9% —, e não como branco, como acontece entre os candidatos. Os dados são do segundo trimestre de 2018 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.

Com slogan ‘ele não’, mulheres promovem ato contra candidato intolerante

O índice de rejeição do candidato Jair Bolsonaro, que já ultrapassa 50%, deve aumentar após movimento das mulheres brasileiras marcado para o dia 29 de setembro. Com mais de 2,5 milhões de participantes no Brasil, a comunidade virtual Mulheres contra Bolsonaro surgiu no Facebook e em poucos dias ganhou manchete internacional. O ato que conta com os slogans ‘ele não’ ou ‘ele nunca’ se fortaleceu tanto nas redes sociais que promete tomar ruas e avenidas das principais cidades no dia 29 de setembro contra a candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ).

O protesto reunirá mulheres de diferentes idades, classes sociais e níveis de escolaridade em prol de uma mesma ideia: respeito. Em Cuiabá, o ato está sendo organizado nas redes sociais por quatro mulheres do Coletivo mato-grossense unidas (Suellen, Josiane, Tafnys e Valéria) e já soma mais 900 pessoas interessadas em participar. O encontro ocorrerá no sábado (29), às 16h, no monumento Ulysses Guimarães, em frente ao Pantanal Shopping.

 “Esse ato está acima de qualquer ideologia partidária com o único objetivo de mostrar que as mulheres de Cuiabá não apoiam fascistas. Estamos fazendo tudo dentro da lei para garantir a segurança de todos os participantes, a proposta é que seja pacífico. Não vamos aceitar extremistas querendo levantar bandeiras usando esse grupo”, explica a estudante universitária Valéria Badocco, de 33 anos.

As orientações para participar incluem a utilização de camiseta lilás com #eleNAO ou camiseta branca, mas sem ideologia política ou partidária. O movimento conta com o apoio e as sugestões das mulheres que estão no grupo do Whatsapp (no momento são mais de 240 mulheres). Os homens que compartilham dos mesmos ideais também podem se juntar ao evento que estará em sintonia com o ato nacional.

Mônica Aragona, de 44 anos, é professora na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mãe do Rafael, de 8 anos, e vai participar do ato que considera histórico e retrata a mudança de uma lógica machista altamente arraigada de ver a outra mulher como ‘vagabunda’, para enxergá-la como guerreira e com isso buscar união. Mesmo que o candidato não venha a ganhar, ela avalia o momento político como delicado e sombrio, com risco do retorno da ditadura militar.

“A união das mulheres é o reflexo de anos de empoderamento feminino, que somada às outras minorias, LGBT+, movimento negro, quilombola e indígena, já não será mais minoria e sim maioria contra o levante da extrema direita que quer acabar com os direitos sociais trazidos pela Constituição de 1988. O ‘coiso’ é a personificação de toda a intolerância e autoritarismo que estão no bojo de um golpe orquestrado ainda no governo da esquerda”.

Mesmo sob o risco de retaliações, a advogada Miriele Garcia Ribeiro, de 35 anos, moradora de São José dos Quatro Marcos, região de Cáceres (200 km a noroeste da capital), onde há um grande número de eleitores apaixonados do Bolsonaro, se posicionou nas redes sociais convocando todas as mulheres a participar do movimento nacional.

 “Venho acompanhando o candidato há muito tempo e percebo que ele não está preparado minimamente para representar o Brasil, porque tem um discurso simplista, que exclui pessoas, subjuga mulheres, desvalorizas as populações mais pobres, como se não merecessem ser brasileiros. Ao invés de integrar o país e discutir de forma séria a solução de conflitos, ele desagrega e gera violência”.

 Miriele acrescenta que as análises mostram que o candidato começou a crescer nas pesquisas ao dar voz a um grupo seleto composto em sua maioria por homens brancos e relativamente bem posicionados socialmente. Pessoas que são contra as políticas sociais, trabalhistas e inclusivas, como cotas em universidades e concursos, programa Bolsa Família e até a Lei Maria da Penha. “Mais de 50% da população brasileira é de mulheres, então, nós não servimos?”.

Filho de uma mulher que criou sozinha os dois filhos, foi presa e torturada na ditadura militar, Julio Resende, de 36 anos, professor de turismo no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e doutorando da Universidade da Coruña (Espanha), representa o oposto do que pregou o discurso do general Hamilton Mourão, vice do Bolsonaro, que nesta semana apontou as famílias chefiadas por mulheres como “fábrica de elementos desajustados”.

 “Elas são incrivelmente fortes, sensacionalmente competentes e maravilhosamente sensíveis. Por isso estou com elas contra o Candidato Raivoso. Sabe por que o nome da mãe vem primeiro na carteira de identidade? São elas o arrimo de boa parte das famílias brasileiras, estendo a minha admiração à minha mãe Eloisa Resende e esposa Jocimary Brandão a todas”.

  O ato das mulheres brasileiras contra o candidato do PSL ocorrerá simultaneamente em 43 pontos do Brasil e exterior, sendo oito em São Paulo, três no Rio de Janeiro, seis em Minas Gerais, seis em estados do Nordeste, quatro em estados do norte, um no Distrito Federal, sete em estados da região Sul, dois em Mato Grosso (Cuiabá e Cáceres), um no Mato Grosso do Sul e ainda cinco no exterior, sendo um na Alemanha, um em Portugal, um no Reino unido (em Londres) e dois na Austrália.

 

 

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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