O sangue animal derramado no Rio Vermelho na última semana saiu de um frigorífico. O secretário de Meio Ambiente da cidade de Goiás, Pedro Alves Vieira, afirmou ao G1 nesta terça-feira (27) que vai oficiar a empresa para dar explicações sobre a carga. Por telefone, a JBS disse não ser a responsável pelo transporte dos itens vendidos.
“Ainda não temos a nota fiscal do produto. Nós só sabemos a placa do caminhão, porque, por causa do socorro após o acidente, não tivemos acesso ao motorista. Também temos de certo que ele saiu de Mozarlândia rumo a São Luís [de Montes Belos].”
Vieira disse esperar que, com explicações da empresa, consiga descobrir sobre possíveis danos ambientais causados pelo tombamento do caminhão na sexta (23). Ele recebeu denúncia de funcionários sobre. A empresa, que inicialmente havia negado a informação, confirmou ao G1, após a publicação desta reportagem, que a carga saiu do seu frigorífico em Mozarlândia.
O acidente despejou 10 mil litros de sangue bovino e “manchou” de vermelho o leito do rio. O material estava sendo levado para uma fábrica de ração animal.
O laudo solicitado pela secretaria à Vigilância Sanitária foi entregue na tarde desta segunda (26), “mas não acrescenta nada”, segundo o secretário. Vieira avalia que houve falha de comunicação na hora de solicitar a análise e vai pedir que sejam feitas novas coletas.
“Coletamos amostra e enviamos para eles. Eles fizeram exame de microbiologia, de micro-organismo. Deu uma quantidade alta de bactérias, mas que não significa muita coisa, porque na chuva acontece a mesma coisa, tudo é arrastado para o rio.”
“Acho que a Vigilância sanitária estava com foco diferente do nosso. Estávamos focados no produto, se havia metais pesados, o que tinha de diferente, quais os riscos a longo prazo, qual o ciclo biológico. Esse resultado não é um parâmetro que eu posso usar. Para mim, não serviu de nada.”
Investigação
O caso é investigado pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), de Goiânia. Segundo o delegado Luziano de Carvalho, os primeiros levantamentos já foram feitos e apontaram que não houve "grandes danos".
"Não teve nenhum relato de morte de peixinhos. Esse material, ao que tudo indica, está se depurando pelo caminho. Nossa maior preocupação é o dano ao meio ambiente", afirmou.
Dissolução
Segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Jailton Pinto de Figueiredo, a 'mancha' já desceu o leito do rio e não é mais vista no centro histórico da cidade. Segundo ele, a tendência é que ela se dissipe por completo automaticamente.
"Na parte história já não existe mais nenhum resíduo. Trata-se de um material biodegradável e atóxico, que é dissolvido pelos micro-organismos por ação biológica", explica.
Em nota, a Prefeitura da Cidade de Goiás disse que o material se deslocava a uma velocidade de 1 km/h. A expectativa era de que ele chegasse ao município de Itapirapuã nesta segunda. A assessoria da prefeitura da cidade informou que não hove registro da mancha no local.
Outro lado: Em nota a assessoria de imprensa da empresa JBS se manifestou. “A JBS esclarece que não é responsável pela carga citada. A Companhia reitera que todas as suas vendas são feitas de acordo com os critérios legais, o que inclui também a emissão de nota fiscal”.