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Por G1
O incêndio florestal que atinge Pedrógão Grande, na região de Leiria, no centro de Portugal, já dura mais de 24 horas. No último balanço divulgado na manhã deste domingo (18), 61 pessoas morreram e 62 ficaram feridas, de acordo com a mídia portuguesa. O incêndio já é considerado uma das maiores tragédias dos últimos 50 anos no país.
As autoridades chegaram a dizer que 62 tinham morrido, mas recuaram. A expectativa é de um aumento nesse balanço nas próximas horas. A hipótese de incêndio criminoso foi descartada e as equipes de resgate, com cerca de 1,6 mil integrantes, estão mobilizadas.
Mais da metade das vítimas (30) morreu carbonizada dentro de seus carros na estrada entre Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, que foi tomada pelo fogo no sábado (17). O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, informou que, entre os feridos, 18 foram levados para hospitais. Quatro bombeiros e uma criança estão em estado grave.
Sobreviventes relatam cenas de desespero e dizem que as chamas se espalharam rapidamente. Na noite de sábado, Rodrigo Rosário, de quatro anos, e o tio, Sidel Belchior, de 37 anos, morreram ao tentar fugir do incêndio. O carro em que eles estavam se envolveu em um acidente com outro veículo, em Nodeirinho.
O tio, o sobrinho e o motorista do outro carro ainda conseguiram deixar os automóveis, mas uma árvore em chamas caiu na estrada e eles não conseguiram escapar, segundo o jornal português “Diário de Notícias”.
O fogo começou por volta das 15h de sábado horário local (11h em Brasília). Além dos mais de 1,6 mil integrantes das forças de segurança, 495 veículos foram mobilizados para combater as chamas. Cerca de 150 pessoas estão desabrigadas, depois que as equipes de segurança esvaziaram três aldeias. A intensa nuvem de fumaça impediu a circulação de aeronaves que poderiam ajudar no combate às chamas nesta manhã. A União Europeia ofereceu ajuda a Portugal.
'Trovoadas secas'
"A dimensão deste fogo foi tal que não temos lembrança de tal tragédia humana", disse o primeiro-ministro português, Antonio Costa, quando chegou a Pedrogão Grande, uma área montanhosa cerca de 200 km a nordeste de Lisboa.
O diretor nacional da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues, descartou que incêndio seja criminoso. "Tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Conseguimos determinar que 'trovoadas secas' estejam na origem do incêndio. Encontramos uma árvore atingida por um raio", afirmou.
As ‘trovoadas secas’ são chuvas que evaporam antes de chegar ao solo, mas que são acompanhadas por raios que provocam faíscas ao tocar a superfície. Na ausência de água e na presença do vento, as chamas se espalham rapidamente. Os "ventos descontrolados" transformaram um fogo de pequenas dimensões em "um incêndio impossível de controlar".
As chamas se espalham a partir de quatro focos pela região, que fica próxima a Coimbra e entre as duas maiores cidades portuguesas: Lisboa e Porto.
Risco extremo
O jornal “Público” afirma que, até as 21h deste domingo, as cidades de Lisboa, Santarém, Setúbal e Bragança estão sob alerta vermelho do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Esse nível indica que a situação meteorológica de risco extremo para a ocorrêndia de incêndios.
Exceto o distrito de Faro, o restante do país está sob aviso laranja – o segundo mais grave em uma escala de quatro, que aponta para um risco entre moderado a elevado. O governo decretou três dias de luto nacional.
O sábado foi de forte calor no país, com temperaturas que superaram os 40 graus em várias regiões. Após ter registrado poucos incêndios florestais em 2014 e 2015, Portugal foi duramente atingido no ano passado, com mais de 100 mil hectares de florestas devastadas em seu território continental.
No Vaticano, o Papa Francisco, que visitou Portugal no mês passado, mencionou as vítimas em seu discurso semanal: "Estou perto do povo querido de Portugal, atingido por um fogo devastador que está furioso nas florestas em torno de Pedrogão Grande, causando muitos Vítimas e ferimentos. Rezemos em silêncio".