Bombeiros ainda trabalham no Centro de Campinas (SP) para conter focos de incêndio e risco de desabamentos nos prédios atingidos pelas chamas em estabelecimentos comerciais nas esquinas da Avenida Benjamin Constant e Rua Saldanha Marinho.
O incêndio teve início por volta das 12h de quinta-feira (26), mas está controlado. Ninguém se feriu.
De acordo com os bombeiros, em uma das lojas destruídas há muito material inflamável no estoque, dificultando o combate às chamas. Os trabalhos nesta manhã estão concentrados principalmente na BrasilCar, segundo loja com muitos estragos e localizada ao lado do prédio onde teve início o incêndio. Os bombeiros disseram que será necessária avaliação de especialistas para saber as reais condições de desabamento do prédio.Cento e cinquenta mil litros de água já foram usados nos trabalhos, que não pararam nem de madrugada.
Trânsito
Os agentes públicos ainda alertam para as dificuldades de trânsito na região onde estão as lojas. Várias ruas no entorno estão interditadas e congestionamentos já se formaram nesta manhã. A região onde ocorre o incêndio é antiga e abriga muitos estabelecimentos comerciais e lojas do setor automotivo. Dezenas de linhas de ônibus passam pela região.
Moradores
Moradores vizinhos aos comércios atingidos pelo incêndio passaram a madrugada na rua com medo, mas ninguém precisou ser desalojado. "Isso deixa a cidade em choque", disse o auxiliar de serviços gerais Luciano Dias. A auxiliar de entrega Salete Terezinha Milniquel passou a madrugada fora de casa. "O cheiro de fumaça é muito grande".
Maior desde Eldorado
O incêndio que atingiu duas lojas de autopeças nesta quinta-feira (26), em Campinas (SP), e afetou outros seis imóveis, é o maior na região central desde o acidente no Supermercado Eldorado, que fica a um quarteirão do local, em 1986. A informação foi confirmada pelo coronel do Corpo de Bombeiros, Wilson Lago Filho."Depois do Eldorado foi o segundo maior incêndio na área urbana", disse em entrevista à EPTV nesta madrugada.
De acordo com a corporação, a quantidade de chamas e fumaças, além do número de imóveis afetados, não haviam sido vistos no Centro do município desde que o fogo destruiu o estabelecimento na Avenida Senador Saraiva há 30 anos.
O incêndio na manhã desta quinta-feira começou na loja "Doidão Auto Peças" e rapidamente se alastrou por outros imóveis. O estabelecimento fica na esquina da Avenida Benjamin Constant com Saldanha Marinho – próximo à Avenida Senador Saraiva. Um drone foi utilizado para monitorar as chamas na região. Além do Corpo de Bombeiros, ambulâncias do Samu, viaturas e um helicóptero da Polícia Militar foram usados no combate ao fogo.
O incêndio no primeiro loja demorou pelo menos cinco horas para ser controlado. No entanto, o fogo se alastrou e atingiu o imóvel ao lado, onde também funciona uma loja de autopeças. Até a publicação, as chamas não foram contidas e o Corpo de Bombeiros prevê que o trabalho se estenda pela madrugada. Pelo menos oito ruas ainda estão interditadas (veja os bloqueios). Não houve registro de feridos e áreas do entorno também são monitoradas.
Raio-x
Segundo o Corpo de Bombeiros, o combate às chamas foi uma operação muito complexa. Foram usados oito caminhões da corporação, 36 bombeiros, além de 100 mil litros de água. "É uma situação muito difícil para a gente, eu coloquei quase toda a equipe que eu tinha à disposição, mas também precisei deixar outras equipes para urgência e emergência", afirmou o coronel.
De acordo com os bombeiros, o superaquecimento na "Doidão Auto Peças" fez com que as chamas atingissem a Brasilcar. De acordo com a corporação, as causas do incêndio só poderão ser esclarecidas após a realização de uma perícia no local. "Só a perícia vai poder responder, mas o fogo se alastrou muito rápido e logo já estava na parte de cima do segundo imóvel, com risco de desabamento", disse Wilson Lago Filho.
O gerente da Brasilcar, Cláudio Afonso, disse que tentou controlar o incêndio na loja vizinha, mas o fogo se alastrou muito rápido. Ele lamentou o prejuízo e ressaltou que conseguir deixar todos os funcionários e carros de clientes em segurança. "Para mim, a loja era a minha vida e em questão de segundos o fogo consumiu tudo. Será um caminho longo, graças a deus ainda temos o seguro", contou.
Início
O pedreiro Elias Onório de Freitas trabalha em uma loja ao lado da "Doidão Auto Peças e Acessórios" e afirmou que o fogo se alastrou muito rápido. "Eu entrei e ajudei a puxar os carros para fora. Quando eu entrei, só tinha fumaça. O fogo apareceu de uma vez e foi rápido. Estava todo mundo em desespero e deu para salvar todas as pessoas e até os carros que estavam lá" disse.
Já a gerente financeira de outro estabelecimento próximo ao local afirmou que sentiu cheiro de queimado e achou que o fogo fosse na sua própria loja. "A gente sentiu cheiro de queimado e procuramos na loja. Socorremos o dono e os funcionários, estavam todos muito assustados e passando mal de nervoso. Depois vieram os paramédicos. Foi tudo muito rápido. Começou às 11h50 e já tinha fogo em todos os lugares", contou.
Eldorado
Na véspera de Natal de 1986 um incêndio de grandes proporções chocou os moradores de Campinas (SP). Na madrugada do dia 24 de dezembro, o fogo destruiu o supermercado Eldorado, um dos principais centros de compras do município na época.
Duas pessoas morreram na tragédia, o operador de videotape Ronaldo Gomes, e o bombeiro civil Robson Aparecido de Oliveira, que trabalhava no supermercado. O cinegrafista Renato Isidoro também foi soterrado, teve ferimentos graves, ficou em coma por 15 dias, mas sobreviveu.
O Eldorado foi fundado na cidade no ano de 1969 e funcionou por 17 anos como um dos principais centros de compras do município. Do prédio, o que não foi consumido pelo fogo, foi demolido por risco de desabamento.
No lugar onde ficava o supermercado, na Avenida Senador Saraiva, no Centro de Campinas, atualmente funciona um outro hipermercado.
Fonte: G1