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‘Implorou para não ser morta’, diz irmã de professora assassinada

Antes de ser assassinada, a professora de inglês Maria das Dores Ramos dos Santos, de 39 anos, implorou ao ex-marido que não atirasse nela e nem nos filhos de 6 e 16 anos, segundo a irmã da vítima, Geralda dos Santos. Ela foi morta na madrugada de sexta-feira (25) quando corria pelas ruas de Juscimeira, a 164 km de Cuiabá, junto com os filhos.

O assassinato ocorreu depois que a vítima descobriu que o então marido de 38 anos já tinha sido preso por suspeita de matar a ex-namorada dele, em Curitiba, e rompeu a relação. À polícia do Paraná, em 2011, ele foi preso e confessou o crime ocorrido no ano anterior.

A aproximadamente 1 km de casa, ela foi morta com um tiro na nuca, disparado pelo ex-marido, que se matou na manhã do mesmo dia, na caixa d'água de uma casa, no Bairro Jardim Esmeralda, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, ao ser perseguido por policiais civis.

Geralda informou que, na data do crime, o sobrinho de 16 anos ouviu um barulho no telhado da casa deles e avisou a mãe. Era o ex-padrasto invadindo a residência. Com medo, a vítima pegou o filho mais novo e tentou fugir com eles.

"Meu sobrinho gritava: 'foge mãe'. Eles tentaram correr, até que, em um posto de combustíveis, ele os alcançou. Minha irmã virou para ele [ex-marido] e pediu que por favor não a matasse. Implorou, mas não adiantou. Uma mulher que presenciou a cena, pegou meu sobrinho de 6 anos. Ele a levou para traz de uma carreta e a matou com um tiro na nuca", relatou a irmã da vítima.

O filho dele, de 16 anos, também foi atingido com um disparo no peito. Conforme a tia, os médicos disseram que a bala perfurou o adolescente a um centímetro do coração. A vítima está internada no Hospital Municipal de Jaciarax, a 143 km da capital, onde moram os avós maternos dele. Ainda não existe previsão de quando irá receber alta, de acordo com a família.

Com a morte da mãe e a falta de proximidade com o pai, o menino de 6 anos deve ficar com a tia. "Vou requerer a guarda dele. E vou tentar dar o carinho e o amor que a mãe dele gostaria que eu desse", declarou Geralda.

Perseguição
Havia pelo menos três meses que Maria das Dores, Dorinha como era mais conhecida, vinha fugindo do ex-marido após graves ameaças contra ela e os filhos. O relacionamento deles terminou em março deste ano.

"Ela tentou matá-la outra vez. A colocou no banco traseiro do carro, travou as portas, e seguiu rumo à Cachoeira da Fumaça [ponto turístico na região de Jaciara]. Ele tentou enforcá-la e falou que, primeiro, iria matar o filho dela mais novo, e só depois que ela visse ele sendo morto iria matá-la", revelou a irmã da vítima, que disse estar em choque com o ocorrido.

Nessa ocasião, o homem deixou a mulher no carro e soltou o carro ladeira abaixo, segundo a Polícia Civil, que investiga o crime. No entanto, ela não morreu e, na ocasião, com a chegada da polícia, ele correu para uma mata e não foi preso.

Ela aconselhou a irmã a ir embora para um lugar onde ele não pudesse encontrá-la, mas a vítima se recusou porque tinha sido aprovada em um concurso da rede estadual de ensino e também não queria se distanciar da família, principalmente pelo fato de os pais serem idosos. Maria das Dores conviveu com o suspeito do crime por um ano, em Barra do Bugres, a 169 km da capital, para onde se mudou após passar no concurso para professora. Ela foi aprovada em 2010, mas foi chamada havia pouco mais de um ano.

"Falei para ela que a ajudaria com uma passagem de avião para que ele não a encontrasse. Estávamos vivendo com medo. Ela estava na minha casa, em Cuiabá, e ele tentou entrar na casa pelo telhado, mas estava só meu filho na casa e ele conseguiu fugir. Chamamos a polícia, mas ele fugiu. Ele estava perseguindo ela e minha irmã estava sofrendo muito com essa situação", informou Geralda.

Diante das ameaças, ela pediu e conseguiu transferência para Juscimeira. Ela iria dar aula em duas escolas daquela cidade após ficar seis meses afastada para tratamento psicológico, abalado após as ameaças e tentativa de homícidio. Maria das Dores trabalhava como professora havia 10 anos. O corpo da professora foi enterrado neste sábado (26) no cemitério municipal de Juscimeira.

Outro crime
A outra mulher do suspeito tinha 29 anos e foi morta em 2010 com um tiro na cabeça. O ex-marido teria ateado fogo no corpo dela e o abandonado às margens de uma rodovia, no perímetro urbano de Curitiba. O suspeito, Marcelo Rodrigues, foi preso em fevereiro do ano seguinte, em Campo Grande.

A vítima era dada como desaparecida pela polícia, de dezembro de 2010 a fevereiro de 2011, até que uma análise da arcada dentária identificou que o corpo era dela, segundo informações divulgadas à época pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná. Porém, ele já era suspeito do crime e estava foragido. Foi preso uma semana após a identificação do corpo e confessou o crime.

Em mensagens trocadas com familiares na internet, Marcelo teria se passado pela vítima para tentar despistar a família.

Suicídio
O suspeito do crime foi encontrado morto na caixa d'água de uma casa no Bairro Jardim Esmeralda, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, por volta de 12h [13h no horário de Brasília]. De acordo com a polícia, ele se matou.

Ele tentou se esconder na casa da ex-cunhada em Várzea Grande e se matou naquela residência após a chegada de policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que tentavam prendê-lo.

Uma arma de fogo usada no suicídio foi apreendida e estava com um projetil fora da câmera e outro picotado, informou a Polícia Civil. O corpo foi retirado da caixa d'água pelo Corpo de Bombeiros.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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