Familiares começaram a receber confirmação de mortes nesta segunda (2) (Foto: Ísis Capistrano/ G1 AM)
As famílias dos 56 detentos que morreram na rebelião do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) ainda aguardam informações sobre as vítimas em frente ao Instituto Médico Legal (IML), nesta segunda-feira (2), em Manaus. Dezenas de parentes se reuniram na porta do local, que registrou tumultos e desespero.
Os parentes aguardavam com ansiedade um funcionário do IML chamar o nome dos detentos para ajudar no reconhecimento dos corpos. A maioria ainda não tinha a confirmação da morte do familiar durante o massacre. Muitos levavam fotos e documentos para ajudar na identificação.
A rebelião que resultou em 56 mortes, no domingo (1º), já é considerada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) como "o maior massacre do sistema prisional" do estado.
De acordo com o Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança Pública, 184 presos, entre internos do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) e do Compaj, fugiram durante os conflitos.
É na fuga que muitos ainda mantêm a esperança. É o caso de um idoso que aguardava informações sobre o sobrinho junto a família. Ele, que preferiu não se identificar, relatou que chegou a ir ao Pronto Socorro 28 de Agosto. Sem resposta, foi ao IML onde ficou sabendo que o nome do sobrinho foi chamado para reconhecimento. "A minha esperança é que ele tenha fugido. Por enquanto ainda não temos nada confirmado", disse.
A irmã de um detento que estava no Ipat recebeu uma ligação ainda no domingo (1º). Uma mulher avisava que ele era um dos detentos mortos. Depois da mensagem, ela tentou entrar em contato com o número novamente, mas a ligação deu na caixa de entrada.
"Por um lado eu ainda tenho esperança de que ele esteja vivo. Por outro, eu acho que ele pode ter sido morto porque tinha dívidas na cadeia", lamentou.
Em entrevista ao G1, Sérgio Fontes informou que a identificação e necropsia dos mortos estão em andamento e, em um prazo de seis dias, devem ser totalmente liberados para as famílias. Um caminhão frigorífico foi alugado para fazer o armazanamento dos corpos.
Entenda o caso
Quatro mortes na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) marcam o quarto episódio violento em cadeias do sistema prisional do Amazonas. As últimas alterações ocorreram no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM) e no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), poucas horas após o fim da rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que durou mais de 17 horas e resultou em 56 mortes.
As três unidades estão localizados na BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR). No domingo (1º), a Seap registrou rebelião e fuga de 87 presos no Ipat. De acordo com o governo, a ocorrência tem relação com a rebelião no Compaj, o "maior massacre do sistema prisional do Amazonas", segundo o secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes.
Na rebelião ocorrida no Compaj, foram mortos presos ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e condenados por estupro. Segundo o secretário, facção rival Família do Norte (FDN) comandou a rebelião, que "não havia sido planejada previamente". "Esse foi mais um capítulo da guerra silenciosa e impiedosa do narcotráfico", afirmou.
Para evitar novos conflitos, os presos membros do PCC foram isolados dos detentos membros da FDN, em todos os 11 presídios do Amazonas.
Fonte: G1