Em um impulso à longa e frustrante busca pela vacina contra a Aids, pesquisadores divulgaram nesta quarta-feira (8) imagens moleculares de um traço característico que ajuda o HIV a infectar as células do sistema imunológico.Em artigos publicados nas revistas científicas "Science" e "Nature", especialistas americanos descreveram a estrutura e atuação do "espinho" no vírus da imunodeficiência humana (HIV), que lhe permite penetrar nas células CD4. O HIV é envolto por espinhos, que se fundem com a proteína da superfície celular.
Depois dessa fusão, o núcleo viral consegue entrar na célula e tornar seu mecanismo refém, forçando-a a produzir cópias do vírus.Os vírus bebês, então, rompem as barreiras da célula e entram na corrente sanguínea, onde passam a infectar outras células do sistema imunológico. Como consequência, a defesa do organismo contra micróbios e outros invasores fica abalada, deixando o indivíduo mais vulnerável a doenças.
Interromper o processo de fusão é o principal objetivo dos criadores de vacinas, mas, por três longas décadas, essa meta tem sido impedida pela complexa mudança de formato do próprio espinho.
Mais detalhes
As novas publicações apresentam as imagens mais detalhadas até o momento das moléculas gp120 e gp41, que formam a superfície, ou invólucro, dessa protuberância. Usando cristalografia de raios X em alta-definição e adicionando moléculas florescentes para marcar seu invólucro, cientistas conseguiram observar a estrutura e as mudanças no formato de sua superfície.Em sua forma predominante, ela é fechada, o que dificulta a ação de anticorpos, que é a primeira resposta do sistema imunológico. Na configuração fechada, as moléculas da superfície sofrem mutação rapidamente para enganar o sistema imunológico, com a exceção de uma tropa de elite, chamada de anticorpos amplamente neutralizadores.
Segundo os cientistas, estes anticorpos, até agora descobertos em apenas uma pequena quantidade de pessoas infectadas pelo HIV, provavelmente são os melhores candidatos para uma vacina. Os novos dados agora podem ser aproveitados para afinar os trabalhos sobre medicamentos e anticorpos."Esperamos que tornar visíveis os movimentos do HIV de forma que possamos acompanhar, em tempo real, como as proteínas na superfície do vírus se comportam, vá nos dizer o que precisamos para saber prevenir a fusão com células humanas", disse Scott Blanchard, da Faculdade de Medicina Weill Cornell, em Nova York, coautor do artigo da "Science". "Se você conseguir evitar a entrada do vírus HIV nas células imunológicas, você venceu", concluiu.
G1