Cidades

Igrejas traduzem história, fé e arte da Capital de Mato Grosso

Fotos Ahmad Jarrah

A Capital mato-grossense revela importantes trechos de sua história por meio das igrejas católicas, que, além de símbolos da fé do seu povo, hoje fazem parte do roteiro turístico da cidade. Pontos de parada obrigatórios para visitantes que desejam conhecer um pouco mais sobre a devoção do cuiabano, da cultura, arquitetura e a arte sacra local. 

Além do que, são espaços públicos de portas abertas para receber todos os cidadãos. “A igreja católica, sempre está de braços abertos para todos, independente de cor, sexo, ou classe social”, palavras do arcebispo de Cuiabá, Dom Milton Antônio dos Santos.

Nesta edição, o Circuito Mato Grosso traz um pouco da história de algumas dessas igrejas católicas que compõem o cenário da cidade e revela a essência religiosa da cuiabania. 

O Catolocismo se difundiu no Brasil no período colonial com a chegada dos portugueses. Por isso as igrejas construídas naquele período hoje têm grande importância histórica. Elas continham um caráter organizacional e papel administrativo para a sociedade daquela época, determinando padrões e costumes.

A exemplo do resto do País, Cuiabá se desenvolveu em torno das principais igrejas construídas logo após a descoberta do ouro por Miguel Sutil no século XVIII, originando o antigo Arraial de Cuiabá.  

Igreja do Rosário e São Benedito

Esta é a Igreja mais antiga de Cuiabá construída por negros no ano de 1722, representando as camadas excluídas, em torno da qual cresceu a antiga Vila do Bom Jesus de Cuiabá.

É um monumento religioso de significado histórico importante para a cidade, e um dos marcos de sua fundação, um prédio simples, de adobe, taipa, típica do período colonial. 

“As paredes tinham entre 90 centímetros e 40 centímetros de espessura”, explica o professor de história Oscar Corrêa do Couto Neto.

A igreja foi tombada como patrimônio, restaurada e encontra-se em boas condições. Anualmentee,a tradicional Festa de São Benedito envolve devoção, cultura e a gastronomia regional e atrai milhares de fiéis. 

Bom Jesus de Cuiabá

Construída pelo capitão mor Jacinto Barbosa Lopes, em 1722, logo após a descoberta do ouro  por Miguel  Sutil no Córrego da Prainha, a  Igreja  do Senhor  Bom  Jesus  de  Cuiabá  inicialmente foi feita de pau a pique, em taipa de pilão. 

Durante o período Colonial sofreu diversas alterações como uma Reconstrução em 1740. Porém, a alteração mais drástica foi em 1968 quando a igreja foi implodida por dinamite, com a justificativa de que estava em péssimas condições, decisão que ocasionou em grande perda de um patrimônio histórico. 

Assim, uma nova igreja foi construída no mesmo local e inaugurada em 1973, tornando-se catedral em 1974, com um design mais moderno contendo duas torres, vitrais e um relógio na fachada. Em seu  interior,  cinco  altares, de grandes dimensões, em  talha  dourada  e policromada.

Seus fundadores, Miguel Sutil e Pascoal Moreira Cabral foram sepultados da cripta da basílica, que conserva um dos maiores bens sacros do Brasil: uma imagem do Senhor Bom Jesus. 

Nossa Senhora da Boa Morte

Construída em estilo barroco no ano de 1810, durante o período colonial e tombada como Patrimônio em 1987. Continha três altares e pertencia à Irmandade dos Homens de Cor. No altar-mor se encontrava a imagem da padroeira.

O festejo realizado em sua homenagem ocorre no dia 14 de agosto, juntamente com o festejo em homenagem a Nossa Senhora da Glória que ocorre no dia 15 de agosto.

Em 1905 foi instalada a Paróquia Nossa Senhora da Boa Morte, quando a velha igreja virou matriz e a Paróquia passou a ser frequentada pelas autoridades sacerdotais tendo a atuação edos frades franciscanos.

Nossa Senhora do Bom Despacho

Localizada estrategicamente no Morro do Seminário, onde, antes de sua existência,  encontrava-se uma capela  com  relatos  de  existência  desde  1740. A igreja Nossa Senhora do Bom Despacho reina imponente no Centro de Cuiabá, podendo ser avistada de longe.

Dedicada a Nossa Senhora, é uma igreja de características neogóticas com forte influência francesa, projetada em 1918 do encontro do Frei Ignácio Gaucomos com engenheiros franceses Georges Mousnier e Conde de Manoir. Ela teria sido inspirada na Catedral de Notre Dame.

Sofreu algumas interrupções em sua construção por falta de recursos, depois de algumas campanhas recebeu materiais vindos da Bélgica e, em 1924, sua capela-mor e suas capelas laterais foram terminadas. Em 1955, D. Antônio Campelo de Aragão, bispo auxiliar de Dom Aquino, deu continuidade às obras. 

Essa igreja foi o primeiro bem imóvel tombado pelo Governo do Estado de Mato Grosso,  no  dia  13  de  outubro  de  1977. Como estava deteriorada, passou por restaurações  parciais  e mais recentemente foi  contemplada com uma reforma. Nela está localizado o Museu de Arte Sacra de Mato Grosso.

Igreja de São Gonçalo

A primeira missa celebrada na igreja de São Gonçalo, no Bairro do Porto, ocorreu no dia 15 de novembro de 1781. Anos mais tarde, em 1843 a Capela de São Gonçalo se transforma em Paróquia.

A devoção a São Gonçalo em Cuiabá é bastante antiga, desde os tempos de sua fundação. O Santo, português e tocador de viola, convertia mulheres dançando com elas, alegremente, mas tendo nos sapatos pregos que lhe feriam os pés.

Em 1916 a Igreja de São Gonçalo foi demolida para dar lugar à atual construção. Ela possui no alto de sua torre uma imagem de mais de dois metros do Cristo Redentor sobre um globo. 

Na fachada do templo há imagens de quatro apóstolos: São Lucas, São João, São Mateus e São Marcos. Também na fachada, há um relógio que pertenceu anteriormente à Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

Confira detalhes da reportagem na edição 600 do jornal Circuito Mato Grosso

Sandra Carvalho

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