A catadora de pedra de Almeirim (PA), Maria Joana Souza, 66 anos, aguarda há três meses o resultado de um DNA, para que possa reconhecer e sepultar o seu filho, Ivanildo de Souza, em Alta Floresta. Na segunda-feira (08), a família que abriga a idosa, pediu ajuda da Defensoria Pública de Mato Grosso, que no mesmo dia solicitou, no prazo de 24h, informações sobre o caso à Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) de Alta Floresta.
O defensor público, Moacir Gonçalves Neto, explica que assim que tomou conhecimento do fato, buscou informações sobre os motivos que impedem a liberação do corpo. Ele foi informado que Ivanildo não portava certidões e documentos, o que impossibilitou a comprovação oficial de sua filiação, mesmo com a presença da idosa em Mato Grosso.
“A Politec fez a coleta do material genético de ambos no dia 11 de dezembro, desde então, a senhora Maria, que vive em situação de extrema vulnerabilidade lá no Pará, aguarda para sepultá-lo. Diante disso, pedi com urgência, que nos informem sobre o resultado do exame, para que possamos prestar assistência jurídica adequada a ela”, disse o defensor.
Maria conta que foi localizada por amigos com os quais Ivanildo morava, depois que eles tomaram conhecimento de um Boletim de Ocorrência, de 2016, no qual ele era apontado como comprador de uma moto roubada. No documento, Ivanildo informou o nome dos pais e deu o endereço da mãe, no Pará.
A partir desses dados, Rosilda Padilha e o esposo, localizaram Maria e a informaram que Ivanildo, que morreu no dia 29 de novembro de 2020, só poderia ser sepultado com sua identidade, a partir do reconhecimento do corpo feito por integrantes da família. E foi nessa situação que Maria veio para Alta Floresta, onde chegou em 9 de dezembro.
“Eu moro num lugar muito pobre e vivo de catar pedra e vender a lata delas por R$ 3. Quando disseram que eu tinha que vir pra cá, pedi ajuda, consegui um dinheiro e vim, sem certidão, sem nada. Até pedi o registro dele lá no cartório da cidade, mas não me deram. E agora estou aqui, desesperada, sem trabalhar, e sem saber quando vou conseguir voltar pra casa”, disse.
A idosa conta que não via o filho desde que ele tinha 16 anos. “Quando ele tinha 15 anos, veio para Mato Grosso com outros dois irmãos trabalhar no garimpo e um ano depois, voltou para buscar os documentos dele. Mas naquela época não era fácil tirar os documentos e ele veio pra cá, sem nada. Depois disso, por muito tempo, mantive contato por telefone, mas já tinha dois anos que eu não falava com ele”.
Maria se angustia por não poder velar, sepultar o filho e se manter aqui. “Eu não tenho condições financeiras para permanecer em Mato Grosso, aqui fui acolhida por estranhos, amigos de Ivanildo, que fizeram uma rifa para arrecadar dinheiro para eu poder voltar pra casa. Mas, não tenho resposta de quando vou poder voltar e isso me deixa nervosa, angustiada”.
Morte – Rosilda explica que por 22 anos Ivanildo morou com o casal e que ele trabalhava conduzindo máquinas pesadas. Ela informa que ele foi espancado em Bandeirantes, ao que tudo indica, durante um assalto e que chegou a ser socorrido depois da agressão, mas faleceu em decorrência dos ferimentos.