O presidente nacional do PT, Rui Falcão, evitou nesta sexta-feira (21), a imprensa. Discretamente, participou de uma reunião com 75 partidos e entidades representativas de movimentos sociais e sindicais, no Sindicato dos Químicos, em São Paulo, convocada pelo MST. O Estado acompanhou o encontro.
Falcão defendeu a organização dos partidos de esquerda e as entidades contra a "infiltração de organizações de direita" nas ondas de protestos e insistiu na regulamentação da mídia.
“É necessário muita disciplina e organização para enfrentar a direita, e não só espontaneidade”. O presidente do PT sugeriu que seja montada uma rede de esquerda para planejar e coordenar as ações promovidas pelas massas revoltosas que se espalham pelo País.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, também falou sobre regulamentação da mídia, em Brasília. “Temos toda uma geração sendo formada pela Globo e pela Veja, por isso que temos de pautar a regulamentação da mídia e a reforma política. Hostilizar partido político não é um bom sinal. O fascismo começa desse jeito”.
Ele defendeu a punição de manifestantes que depredaram o patrimônio público, saquearam lojas e cometeram atos de violência. “Essas pessoas têm de ser responsabilizadas”.
O presidente do PT paulista, Edinho Silva, admitiu que seu partido errou ao convocar os militantes para a passeata na avenida Paulista, na quinta-feira (20) — uma convocação feita por Rui Falcão pelo Twitter. “Foi um erro. Estava claro que, se houvesse um ato de violência contra a militância do PT, isso se viraria contra o partido e contra o governo Dilma”.
No Palácio do Planalto, auxiliares da presidente Dilma Rousseff classificaram a iniciativa do PT como "um tiro no pé". O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), avalia que a mídia "cola" ações de corrupção aos partidos. “Há de fato um clima de rejeição aos partidos, porque muitas vezes as notícias da mídia colam nas agremiações partidárias imputações como a de desvio de recursos públicos. Mas não podemos aceitar essa situação. Nós, do PT, temos a obrigação de rejeitar essa ideia”.
Tucanos
Em nota, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, acusou o PT de tentar se apropriar dos protestos da quinta-feira (20) para colocar militantes nas ruas com "claro intuito de diluir cobranças feitas ao governo federal". O tucano, provável candidato à Presidência em 2014, cobrou providências da presidente Dilma Rousseff.
"É inevitável constatar o oportunismo do alto comando do PT, que tenta se apropriar de um movimento independente, ao determinar que militantes do partido se misturem aos manifestantes com o claro intuito de diluir as cobranças feitas ao governo federal", diz a nota. O tucano cobrou, ainda, uma manifestação da presidente.
Em outro texto, uma análise do, o Instituto Teotônio Vilela, administrado pelo PSDB, os tucanos vinculam os protestos a críticas à presidente Dilma. "Onde está a presidente", cobraram os tucanos. "Com o povo ocupando as ruas, o poder mostrou-se ausente. Foi como se o país tivesse ficado sem comando." Para os tucanos, "a presidente mostra-se atônita, inepta, perdida". Dura, a análise diz que Dilma sempre recorre a "Lula e a seu marqueteiro" nas horas de dificuldades.
Também provável candidata, a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva expressou opiniões em nota de seu partido em formação, o Rede Sustentabilidade. "As manifestações iniciaram um novo ciclo de mobilização. O povo chegou ao limite da tolerância e não aceita mais abusos do Estado e das empresas", diz a mensagem da Rede. A nota afirma que "ativistas da Rede Sustentabilidade estarão sempre presentes nessas horas – como estiveram nos protestos de diversas cidades".
Prática banalizada
Após reunião da Executiva Nacional, o PV enviou aos jornalistas uma nota onde destacou a insatisfação da população "em função da prática banalizada da cooptação dos partidos políticos".
O PSOL divulgou uma carta aberta aos Manifestantes: "É tempo de escutatória: ouvir o clamor das praças e a linda luta por direitos". "Um movimento de despolitização não ajuda a democracia, é perigoso. Evidentemente, tem aspectos muito positivos. É um despertar da consciência da sociedade", afirmou o deputado Roberto Freire, presidente do MD (Mobilização Democrática).
Estadão