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Ibovespa tem queda de 1,15%, aos 121,2 mil, com foco em novo início de Trump

O dólar ganhou fôlego na tarde desta quinta, 16, negociado a R$ 6,07 na máxima do dia, e o Ibovespa perdeu a linha dos 121 mil na mínima da sessão, mas não no fechamento, em baixa de 1,15%, aos 121.234,14 pontos, devolvendo parte do ganho de 2,81%, desta quarta, 15. Assim, na semana, o índice da B3 ainda sustenta avanço de 2,00% e, no mês, de 0,79%. Entre a mínima e a máxima de hoje, oscilou dos 120.796,40 aos 122.659,70 pontos, saindo de abertura aos 122.649,42. O giro financeiro foi a R$ 30,3 bilhões, ainda forte após o vencimento de opções, ontem, sobre o Ibovespa.

Enquanto, na quarta-feira, duas das 87 ações da carteira do índice fecharam em baixa, hoje apenas oito papéis conseguiram avançar na sessão, tendo Azul à frente, em alta de 3,63%, após a assinatura, anunciada na noite anterior, de memorando de entendimento para eventual fusão com a Gol. Destaque também para Embraer (+3,57%) e Bradespar (+1,37%), além de Cosan (+0,58%) que anunciou venda de 173 milhões de papéis da Vale (ON +0,13%), ao preço final de R$ 52,29, na maior venda em bloco (block trade) de ações já feita na B3, reportam os jornalistas Altamiro Silva Junior, Caroline Aragaki e Júlia Pestana, do Broadcast.

Na ponta perdedora do Ibovespa, destaque hoje para ações de setores considerados cíclicos, como Magazine Luiza (-6,75%), Lojas Renner (-5,98%) e CVC (-5,62%), em dia de retomada do movimento de alta na curva de juros doméstica.

“Foi uma dia de realização na Bolsa brasileira após ganho de quase 3% ontem. Mercado está na expectativa para o PIB da China nesta noite, o que contribuiu também para o ajuste no setor de commodities, ante a percepção de que a economia chinesa não terá alcançado a meta de crescimento para o ano, de 5%”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. “O medo de tarifação nos Estados Unidos no início do governo Trump afetou em especial, hoje, o setor de proteína”, acrescenta. Assim, BRF caiu 6,96%, com Marfrig (-6,35%), JBS (-4,03%) e Minerva (-2,62%) também em queda no fechamento.

Por sua vez, o desempenho negativo do petróleo em Londres e Nova York contribuiu para puxar para baixo as ações de Petrobras (ON -0,07%, PN -0,64%), com efeito para o Ibovespa pelo peso que possuem no índice, diz Inácio Alves, analista da Melver. Ele destaca, na agenda doméstica, leitura abaixo do limiar de 50, a 49,1, no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), com o setor, no Brasil, voltando a mostrar pessimismo pela primeira vez em 20 meses.

Em Nova York, ainda que em menor grau, houve também piora de humor nas bolsas à tarde, após Scott Bessent, secretário do Tesouro indicado por Donald Trump, ter dado alguns detalhes sobre o plano do governo que toma posse nesta segunda-feira, 20, para as tarifas de comércio exterior. Segundo ele, as tarifas poderão ser usadas para remediar práticas desleais de comércio, mencionando em específico o aço da China, e poderão ser aplicadas também para conter crises sanitárias, como as relacionadas ao uso da substância Fentanil, e mesmo para elevar receitas. Ele participou hoje de audiência no Congresso dos Estados Unidos.

“Embora o mercado ainda esteja cauteloso em relação às políticas da administração Trump que estão por vir – especialmente em torno de tarifas e cortes de impostos, que poderiam ajudar a alimentar a inflação -, os mais recentes números de inflação divulgados nesta semana fizeram com que o mercado ganhasse confiança de que a política do Fed está no caminho certo”, diz em nota John Kerschner, gerente de portfólio na Janus Henderson. Ele observa que o mercado começa a mostrar certo alívio com relação à chance de taxas de juros “extremamente altas”, um risco que, por enquanto, foi “afastado”. “O mercado de títulos não limitará o grande avanço que vimos nos últimos dois anos nos mercados de ações.”

No fechamento de hoje, os principais índices de ações em Nova York mostravam variação entre -0,16% (Dow Jones) e -0,89% (Nasdaq), contidos pelos comentários de Bessent sobre tarifas comerciais.

Dólar

Após uma manhã marcada por trocas de sinal, o dólar ganhou força ao longo da tarde no mercado doméstico, acompanhando a valorização da moeda americana em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em especial as latino-americanas. Destaque negativo para o peso mexicano, principal par do real, com perda de mais de 1,70%.

Teria pesado contra as moedas da região fala do Scott Bessent, indicado para ser o próximo secretário do Tesouro dos EUA, em audiência no Senado americano, sobre o plano de imposição de tarifas de importação na nova administração de Donald Trump.

Operadores ressaltam o ambiente externo abriu espaço para ajuste e realização de lucros, dado que o dólar acumulou desvalorização de 1,26% nos últimos três pregões. Pela manhã, a divisa chegou a furar pontualmente o piso psicológico de R$ 6,00, ao registrar mínima a R$ 5,9960, com relatos de entrada de fluxo estrangeiro.

Com máxima a R$ 6,0706, o dólar à vista terminou o pregão em alta de 0,47%, cotado a R$ 6,0533. Apesar do avanço de hoje, a moeda ainda acumula queda na semana (0,80%). Em janeiro, a divisa apresenta baixa de 2,05%, após ter avançado 2,98% em dezembro e encerrado 2024 com ganhos de 27,34%.

Segundo Besset, o governo Trump deve avaliar a imposição de tarifas com três objetivos: remediar práticas de comércio, “como taxas sobre o aço da China”, aumento de receitas e substituição de sanções, como no “caso do fentanil (opióide) vindo do México”.

Besset defendeu que um aumento de tarifas não resultaria em inflação, argumentando que “com 10% de tarifas” a China continuará a exportar com reduções de custos. Ele não apontou qual será o nível de taxas que a próxima administração adotará para qualquer país.

“Os mercados operavam até com certo otimismo pela manhã, com o dólar oscilando ao redor de R$ 6,00. O que azedou foi a fala mais forte do Bessent. O início do governo de Trump deve mexer muito com as moedas emergentes”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, lembrando que o presidente eleito dos EUA deve impor tarifas mais pesadas contra China, Canadá e México.

Em alta na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar recuou em relação ao euro e ao iene, o que levou o índice DXY a operar abaixo da linha de 109,000 ao longo da tarde, após alta no início do dia. As taxas do Treasuries recuaram em bloco, com queda de mais de 1% do yield do papel de 10 anos.

Após as leituras benignas da inflação ao produtor e ao consumidor nos EUA nesta semana, o diretor do Federal Reserve Christopher Waller disse que não descarta possibilidade de corte de juros em março e afirmou que há chances de três ou quatro reduções da taxa neste ano caso a inflação se mantenha nos trilhos. Após a fala de Waller, cresceram as chances de o Fed cortar os juros em maio, embora junho continue sendo a data mais provável.
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Juros

Os juros futuros terminaram o dia em alta, respondendo à aversão ao risco que afetou ativos de economias emergentes. Houve ainda um movimento de correção após três sessões seguidas de baixa, estimulado especialmente pelo leilão expressivo de papéis prefixados, o maior dos últimos 18 meses.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 14,90%, de 14,83% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 15,01% para 15,13%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 15,01%, de 14,83%.

O comportamento das taxas locais contrariou o sentido da curva americana. Os yields dos Treasuries subiam pela manhã, com dados de atividade acima do esperado, mas passaram a cair após discurso “dovish” do governador do Federal Reserve, Christopher Waller. No fim da tarde, o rendimento da T-Note de dez anos rodava abaixo de 4,60%.

A percepção nas mesas de renda fixa é que depois do volume de prêmios devolvidos durante a semana, o dia era propício a um ajuste técnico, que teria sido turbinado pela operação do Tesouro, que veio com oferta de 20 milhões de LTN e 5 milhões de NTN-F. Os lotes tiveram demanda praticamente integral – nas LTN, a instituição vendeu 19,05 milhões. Segundo a Necton Investimentos, a última vez em que o Tesouro colocou uma oferta dessa magnitude foi em 6 de junho de 2023.

“A alocação foi quase total no leilão (96%), com exceção da LTN 2026, que teve 68% de aceitação. Destacamos a diminuição das taxas para patamares mais próximos de 15%, refletindo a melhora recente no humor do mercado”, afirmam os profissionais da XP Investimentos.

À tarde, as moedas emergentes tiveram piora generalizada, puxada pelos comentários sobre tarifas do indicado por Donald Trump para chefiar o Departamento do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, durante audiência no Senado. Ele indicou ainda que irá trabalhar para eliminar o teto da dívida do país “se Trump quiser”. O dólar, que pela manhã chegou a operar brevemente abaixo de R$ 6,06, se firmou em alta e renovou máximas nos R$ 6,07, com efeito sobre os DIs.

A agenda local trouxe a alta de 0,10% do IBC-Br de novembro, na margem, que contrariou o consenso de mercado de queda de 0,1%. O dado não alterou a mediana das projeções de +0,5% para o PIB do quarto trimestre, em pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast após o indicador.

Estadão Conteudo

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