Mix diário

Ibovespa sobe quase 1% e retoma os 135 mil pontos com foco no exterior

O Ibovespa voltou nesta quarta-feira, 12, à casa dos 135 mil pontos com ganho perto de 1%, porcentual de alta que não era visto na B3 fazia 20 dias. Entre a mínima e a máxima da sessão, o índice oscilou dos 133.676,27 aos 135.782,00 pontos, saindo de abertura aos 134.035,97 pontos. Ao fim, subiu 0,99%, aos 135.368,27 pontos, com giro financeiro enfraquecido a R$ 17,0 bilhões neste meio de semana. Nas três primeiras sessões do intervalo, o Ibovespa acumula avanço de 1,49% e, no mês, ainda cede 2,51% – no ano, aumenta 12,54%.

Com o dólar tocando mínima da sessão a R$ 5,5161 – e encerrando o dia em baixa de 0,79%, a R$ 5,5230 -, o Ibovespa passou a renovar máximas da sessão ainda no começo da tarde, tendo apenas Vale (ON -0,14%), a ação de maior peso na carteira, no campo negativo no encerramento, entre os papéis de primeira linha. Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 1,64% (Bradesco ON) no fim da sessão. Petrobras mostrou alta de 2,23% na ON e de 2,04% na PN. Na ponta ganhadora do Ibovespa, Raízen (+5,48%), CVC (+4,74%), Natura (+4,27%) e MRV (+4,19%). No lado oposto, WEG (-8,01%), BRF (-1,85%), Vamos (-1,52%) e Santos Brasil (-0,36%).

“O mercado reagiu hoje mesmo em uma situação complexa, com aumento do embate do presidente dos EUA, Donald Trump com o STF. Há uma tendência clara de que os Estados Unidos estão perdendo status de porto seguro com as atitudes do presidente americano, o que favorece diversificação e fluxo para emergentes mesmo considerando os fatores de volatilidade que ainda prevalecem”, diz Felipe Moura, gestor de portfólio e sócio da Finacap Investimentos.

“Sem definição sobre a disputa comercial e outras questões importantes, quem está tomando risco no momento é o ‘smart money’, que não carrega posições para o longo prazo”, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Nesse contexto, além da querela sobre o Brasil e sua política doméstica, Trump voltou a criticar hoje por rede social o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, cujo mandato na instituição se estende a maio de 2026. Em publicação na Truth Social, o republicano mais uma vez se referiu a Powell como “atrasado demais” ao insistir que o presidente do BC americano se recusa a reduzir juros, o que, segundo ele, tem prejudicado as famílias, de um modo geral.

Em outro desdobramento, no front brasileiro, as empresas Trump Media, ligadas ao presidente dos Estados Unidos, e o Rumble pediram à Justiça americana que envie ao Departamento de Estado os autos do processo que contesta decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o governo dos EUA considere a aplicação de sanções contra o magistrado e outros ministros da Corte por supostas violações de direitos humanos. O pedido não cita quais ministros, além de Moraes, seriam alvo.

O novo pedido foi apresentado dentro da ação que tramita desde fevereiro no tribunal federal da Flórida, movida pelas duas empresas contra ordens de Moraes. Em meio à escalada do litígio político deflagrado pelos EUA, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que Trump poderia tirar o Brasil do SWIFT, sistema que facilita transações financeiras internacionais, como fez com a Rússia e o Irã.

Contudo, o diretor gerente e economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), Marcello Estevão, avalia que a retirada seria um “completo absurdo”, reporta de Nova York a correspondente da Broadcast, Aline Bronzati. “Comparar o Brasil com países como Rússia ou Irã é injustificável”, diz Estevão, baseado em Washington, na entrevista exclusiva. “Além disso, o SWIFT não é um sistema americano, mas uma rede internacional. Essa hipótese está fora da realidade atual”, acrescenta.

“Apesar de todas as incertezas, tem havido alguns avanços nas negociações lideradas pelos Estados Unidos, com novidades, entre ontem e hoje, para países como Japão, Indonésia e Filipinas – o que ajuda a entender um pouco dessa recuperação vista também na Bolsa brasileira”, apesar do prosseguimento do impasse com o governo Trump, aponta Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.

No mesmo sentido, o anúncio de acordo entre Estados Unidos e Japão para as tarifas reforçou as expectativas de que Donald Trump venha a alcançar o mesmo resultado com a União Europeia, o que levou as bolsas do continente a fechar o dia na maioria em alta e conduziu o FTSE 100, índice de referência de Londres, a recorde histórico de encerramento nesta quarta. Em Nova York, os ganhos na sessão chegaram a 1,14%, no Dow Jones.

Dólar

O dólar firmou queda ante o real na tarde desta quarta, 23, com maior apetite a risco global pela expectativa de que os Estados Unidos fechem mais acordos comerciais, após anúncio de entendimento com o Japão e noticiário sobre conversas com a União Europeia (UE). O fechamento de R$ 5,52 e a mínima intradia, a R$ 5,5161, são os menores níveis vistos para os segmentos desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou em taxar o Brasil.

Após máxima R$ 5,5782 pela manhã, o dólar à vista renovou sucessivas mínimas no início da tarde e encerrou em baixa de 0,79%, a R$ 5,5230, menor fechamento desde 9 de julho de 2025, no dia em que Trump anunciou – após o fechamento dos mercados – que pretende tarifar produtos brasileiros em 50% a partir de 1º de agosto.

O acordo comercial de Washington com a nação asiática “coloca um ânimo para o mercado no sentido de que: se conseguiu negociar com o Japão – que era uma ‘casca grossa’ por conta da indústria automobilística -, os EUA podem vir a negociar com outros países”, avalia o economista Gustavo Rostelato, da Armor Capital.

A desvalorização do dólar ante o real ganhou ainda mais força com o enfraquecimento da moeda ante pares fortes, vide o índice DXY nas mínimas no período da tarde, em decorrência de notícias, como a do Financial Times, de que os EUA e a UE se aproximam de acordo para tarifa de 15% sobre produtos europeus – menor do que o porcentual de 30% informado ao bloco. A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que, após as resoluções com Japão, Indonésia e Filipinas, os EUA ainda têm “muitos acordos comerciais para anunciar”.

“Vemos um aumento no apetite por risco dos investidores estrangeiros, favorecendo o fluxo para moedas emergentes, com o real se beneficiando desse movimento na sessão de hoje, a despeito da incerteza sobre a nossa tarifa ainda prevalecer”, afirma o economista sênior do Inter, André Valério.

A busca por risco é vista pela queda da divisa americana ante moedas emergentes e de exportadoras de commodities, mesmo em dia de baixa do minério de ferro e volatilidade do petróleo.

Já o economista-chefe da Ativa, Étore Sanchez, destaca que a semana tem sido de baixa liquidez nos ativos domésticos, com Brasília de férias. Assim, ele considera que a performance do câmbio nesta quarta está mais atrelada a um “processo de acomodação da piora que teve recentemente”, com tarifas.

Alguns operadores também afirmam que o real se beneficia do carry trade, com expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a taxa Selic em 15% por período “bastante prolongado”.

Juros

A curva a termo seguiu a melhora dos ativos domésticos na segunda etapa do pregão desta quarta-feira, 23, enquanto o mercado segue aguardando avanços no embate comercial dos Estados Unidos com o Brasil e as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed) na próxima semana. Os vencimentos mais curtos e intermediários mostraram viés de baixa, rondando a estabilidade, e a ponta mais longa registrou altas modestas.

Terminados os negócios, a taxa do Contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 oscilou de 14,949% no ajuste desta terça, 23, para 14,940%. O DI de janeiro de 2027 passou de 14,254% no ajuste da véspera para 14,230%. O DI de janeiro de 2028 marcou 13,555%, vindo de 13,567% no ajuste anterior, e o DI do primeiro mês de 2029 ficou praticamente estável, ao ceder de 13,491% no ajuste antecedente para 13,490%.

Nos vértices mais longos, as taxas futuras mostraram leve abertura. O DI de janeiro de 2031 ficou em 13,730%, de 13,713% no ajuste de terça, e o contrato que vence no primeiro mês de 2033 saiu de 13,799% ontem no ajuste para 13,830%.

Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, a parte curta da curva segue ancorada na comunicação telegrafada pelo Banco Central de que a Selic ficará estacionada em 15% por período prolongado. Em seu cenário, o ciclo de cortes só vai começar na virada do primeiro para o segundo trimestre de 2026.

Nos demais vértices, o bom comportamento observado hoje esteve alinhado à queda do dólar ante o real e à recuperação do Ibovespa, afirma Sung, refletindo um quadro de maior apetite dos investidores à tomada de risco após o anúncio ontem, pelo presidente Donald Trump, de um acordo comercial dos EUA com o Japão. A tarifa para o país asiático foi reduzida em dez pontos porcentuais, a 15%. Em troca, disse Trump, o Japão irá investir US$ 550 bilhões nos EUA, que terão acesso ao mercado japonês com tarifa zero.

“Há um otimismo em relação à moderação da guerra comercial, após o anúncio do acordo entre Japão e Estados Unidos”, diz Sung, acrescentando que o mercado também opera na expectativa de que o governo Trump chegue a um consenso com a União Europeia. A alíquota imposta para o bloco foi de 30%. A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse hoje que Washington ainda tem “muitos acordos comerciais para anunciar”.

Sobre o Brasil, tarifado em 50% a partir de 1º de agosto – maior porcentual informado pelos EUA até agora -, o economista-chefe da Suno avalia que, se o País abrir o mercado para produtos americanos como outras economias têm feito, é possível chegar a uma solução para o impasse. Mas o viés político, por outro lado, representa empecilho às negociações. O ex-presidente Jair Bolsonaro, agora alvo de série de medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi um dos motivos citados por Trump ao impor a sobretaxa.

Mariana Pulegio, sócia da WIT Invest, aponta que os juros futuros locais recuaram na sessão de hoje como reflexo do alívio do dólar e das taxas dos Treasuries. No entanto, a tensão comercial com a economia americana ainda adiciona incerteza ao cenário. “O investidor está cauteloso, esperando os próximos passos do Copom e do Fed, mas sem perder de vista os ruídos políticos e o cenário externo”, comentou.

Estadão Conteudo

About Author

Deixar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Você também pode se interessar

Mix diário

Brasil defende reforma da OMC e apoia sistema multilateral justo e eficaz, diz Alckmin

O Brasil voltou a defender a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) em um fórum internacional. Desta vez, o
Mix diário

Inflação global continua a cair, mas ainda precisa atingir meta, diz diretora-gerente do FMI

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva disse que a inflação global continua a cair, mas que deve