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Ibovespa sobe 0,24% em nova máxima histórica, a 141,2 mil; na semana +3,21%

Pelo segundo dia – e nesta sexta, 4, com volume ainda mais fraco pelo feriado da Independência dos Estados Unidos, sem negócios em Nova York, após sessão mais curta nos mercados de lá, nesta quinta, 3 -, o Ibovespa renovou máximas históricas, tanto durante a sessão como no fechamento desta sexta-feira. No intradia, alcançou os 141.563,85 pontos e, no encerramento, mostrava alta de 0,24%, aos 141.263,56 pontos, com giro muito reduzido, a R$ 9,01 bilhões.

Na semana, o Ibovespa acumulou alta de 3,21%, no que foi seu melhor desempenho desde a semana entre 22 e 25 de abril, quando em quatro sessões havia agregado 3,93%. Além disso, o índice da B3 interrompeu hoje sequência de duas semanas no campo negativo, de leves retrações (-0,18% na passada e -0,07%). As máximas vistas nas duas últimas sessões do intervalo conduzem, agora, o Ibovespa a ganho de 17,44% no ano – nesta abertura de julho, mostra avanço de 1,73% no mês.

A expectativa de ganhos para as ações no curtíssimo prazo segue majoritária no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, ainda que o Ibovespa tenha alcançado marcas históricas nestes últimos dias. Entre os participantes, 50,00% esperam que a próxima semana seja de alta. Os que preveem baixa e variação neutra representam fatias de 25,00% cada. No Termômetro anterior, a expectativa era de avanço para 62,50%; de estabilidade para 25,00%; e de queda para 12,50%.

Para Felipe Paletta, estrategista da EQI Research, as máximas históricas alcançadas pelo Ibovespa estão ligadas, essencialmente, a dois fatores. “Houve um movimento no mercado de juros, principalmente no apagar das luzes de junho, quando foi se firmando a leitura de que estamos mais próximos a um ponto de inflexão no Brasil, com a inflação aparentemente mais sob controle. Cortes de juros, que eram antecipados apenas para o início do ano que vem, parecem agora mais perto de nossa realidade – com efeito para a curva futura. Essa visão mais favorável já começou a se traduzir para o Ibovespa neste princípio de julho”, diz.

Como segundo fator, ele cita melhora de percepção e de projeções sobre a economia chinesa, grande consumidora de commodities que o Brasil produz, como petróleo e minério de ferro – o que tende a favorecer, em especial, o setor de metais na B3. “Siderúrgicas e mineradoras têm desempenhado bem neste início de mês, com uma recuperação acelerada em meio a uma importante retomada de preço do minério. Além disso, o setor de papel e celulose, com empresas como Klabin, tem avançado nos últimos 15 a 20 dias”, acrescenta. “Há uma melhora de expectativas, lembrando que as bolsas americanas também estão em máximas históricas.”

Na semana, Vale ON, a principal ação da carteira Ibovespa, acumulou ganho de 4,15%, e Petrobras também teve alta próxima de 4% na ON (+3,99%; PN +2,92%). Hoje, com liquidez muito reduzida pelo feriado em Nova York, os carros-chefes das commodities mostraram variação discreta, com a mineradora em leve alta de 0,29% e os papéis da petrolífera em alta de 0,11%, na ON, e queda de 0,12%, na PN. Os grandes bancos tiveram desempenho misto, entre perda de 0,31% (Santander Unit) e ganho de 0,58% (Banco do Brasil ON). Na ponta positiva na sessão, BRF (+3,44%), Vibra (+2,68%), MRV (+2,11%) e Hapvida (+1,89%). No lado oposto, Engie (-5,16%), Yduqs (-1,27%) e Vamos (-1,24%).

Na agenda doméstica, Paletta considera que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contribui para trazer um grau maior de previsibilidade na disputa entre governo e Congresso sobre o aumento do IOF.

“Decisão do ministro Alexandre de Moraes vem no sentido de reabertura de diálogo entre os poderes Executivo e Legislativo, o que é benéfico, com delimitação também da competência dos Poderes. Evitou-se uma escalada. Desafio fiscal é grande e ajustes ainda são necessários”, diz Willian Queiroz, sócio e advisor da Blue3 Investimentos. “Mas o dia foi de oscilação baixa, com pouca liquidez também na B3, pelo feriado nos Estados Unidos. Andamento sobre o IOF continuará a ser monitorado de perto pelo mercado”, acrescenta.

Em referência à decisão de Moraes (STF), de suspender as decisões do governo e do Congresso sobre o aumento do IOF, a ministra responsável pela articulação política, Gleisi Hoffmann, disse hoje, em post no X, que aguarda que a audiência de conciliação entre as partes, proposta pelo ministro do STF, resulte em “solução negociada” para o imposto.

“Governo agiu com responsabilidade no IOF, para cumprir arcabouço fiscal”, apontou Gleisi, acrescentando não haver problema, para o governo, em conversar com o Congresso ou o STF. “Sem IOF, fica mantida necessidade de congelamento de despesas”, disse também a ministra, que observou ainda, no post, que a “justiça tributária é o melhor caminho para o País”.

Para o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, na deliberação de Moraes sobre o Imposto sobre Operações Financeiras não houve “vitória” nem do Executivo nem do Legislativo. Na avaliação de Salto, a solução virá da conciliação. “A única saída será mostrar por ‘A mais B’ que a motivação foi meramente regulatória” – segundo Salto, algo difícil, em razão dos “claros efeitos arrecadatórios da medida e da própria forma como a providência entrou no jogo do ajuste fiscal”.

Dólar

O dólar voltou a se depreciar ante moedas fortes como o iene e o euro, o que levou o índice DXY a ceder novamente nesta sexta-feira. A moeda americana seguia pressionada pela cautela com a postura tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à medida em que o prazo de 90 dias da suspensão das tarifas mais elevadas se aproxima sem que acordos com países e blocos importantes tenham sido celebrados até o momento. A sessão conta com liquidez reduzida devido ao feriado americano.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, cedia 0,19%, a a 96,997 pontos, por volta das 16h50 (horário de Brasília). No mesmo horário, o dólar recuava a 144,52 ienes, o euro se apreciava a US$ 1,1777 e a libra operava em leve queda, a US$ 1,3653.

O dólar não conseguia prolongar a valorização da véspera, quando foi embalado pela criação de empregos em junho na economia americana.

O deadline de 9 de julho fixado por Trump para fixar tarifas mais elevadas a parceiros comerciais após uma pausa de 90 dias continua como principal peso sobre a moeda americana.

O resultado mais favorável para o dólar no curto prazo seria se os EUA adotassem tarifas direcionadas, afirmam analistas do UBS Global Wealth Management. Os EUA poderiam impor tarifas a alguns países que não fizeram progressos significativos em acordos comerciais, ao mesmo tempo em que estenderiam o alívio para aqueles que estão progredindo, afirmam analistas. “Visar países individuais em uma guerra comercial tende a fortalecer o dólar, enquanto tarifas amplas geralmente enfraquecem o dólar”, pontuam.

O dólar tinha forte queda ante o iene, que pode se fortalecer nos próximos meses se os mercados aumentarem as apostas em novos aumentos de juros neste ano pelo Banco do Japão, afirmou Derek Halpenny, do MUFG Bank, em nota. O mercado está precificando apenas 3 pontos-base de aumentos de juros em setembro, de acordo com o LSEG. Na visão do analista, isso parece muito baixo. Um dado mostrando aumento em gastos das famílias japonesas em maio também deu suporte ao iene.

Juros

Sem um vetor externo devido ao Feriado de Independência nos Estados Unidos, que fechou os mercados no país, e com a agenda econômica doméstica também esvaziada, a curva de juros brasileira registrou leve avanço nesta sexta-feira. Em um dia de baixa liquidez, o mercado ficou atento aos desenvolvimentos do imbróglio entre Executivo e Legislativo sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Após o Congresso derrubar o decreto do governo Lula que elevava as alíquotas do tributo, a Advocacia Geral da União (AGU) ajuizou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão dos parlamentares. Hoje, o ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu os efeitos de ambos os decretos, e convocou uma audiência de conciliação entre líderes dos dois Poderes para 15 de julho.

Encerrados os negócios, a taxa do Contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 oscilou de 14,915% no ajuste anterior para 14,925%. O DI de janeiro de 2027 passou de 14,134% no ajuste da véspera a 14,185%. O contrato que vence em janeiro de 2028 avançou a 13,400%, de 13,346% no ajuste antecedente, e o DI de janeiro de 2029 também subiu, de 13,188% no ajuste de quinta para 13,230%.

“Sem referência do cenário externo, o movimento observado na curva de juros hoje foi modesto. A incerteza local segue na questão do IOF”, afirma Carlos Lopes, economista do BV. “Os últimos acontecimentos são um simbolismo da dificuldade do governo de avançar na estratégia fiscal. A tática de conseguir novas receitas está chegando ao limite e o apoio político para cortes de gastos é difícil, assim como encontrar onde cortar”, avalia.

Lopes acrescenta que pode ter havido um “resquício”, ainda hoje, de impacto da maior aversão ao risco verificada ontem no mercado internacional. Na quinta, os Treasuries fecharam o dia em alta após o payroll de junho, que mostrou um mercado de trabalho americano ainda resiliente e enfraqueceu apostas de que cortes de juros pelo Federal Reserve comecem já este mês.

Apesar da modesta elevação de hoje, durante a semana, a curva de juros brasileira anotou queda em todos os vértices, com perda de inclinação, observa o time de economistas do Santander Brasil. Segundo o banco, o alívio veio na esteira do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontou criação de 148.992 vagas formais em maio – abaixo do previsto pela mediana de 19 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, de 171,8 mil vagas. O dado do mês passado foi visto como um sinal de perda de força do emprego.

Para a equipe econômica da consultoria Buyside Brazil, além dos indicadores de atividade, os cenários político e fiscal estiveram em foco na semana, com ênfase na crise do IOF. Além disso, rumores de uma possível “barganha” entre Presidência e Congresso também ganharam força, aponta a Buyside, com a expectativa de que Lula poderia aceitar um aumento no número de deputados em troca da aprovação de cortes de subsídios.

Outros fatores mencionados pela consultoria aos quais o mercado ficou atento foram as discussões sobre o relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, as negociações para mudança no crédito habitacional preparadas pelo governo, que devem ampliar em R$ 7,5 bilhões os recursos anuais para a área neste ano e no próximo e, por fim, um ato esvaziado do ex-presidente Jair Bolsonaro no último domingo, que aumentou as especulações a respeito de uma candidatura presidencial alternativa em 2026.

Estadão Conteudo

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