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Ibama encontra 60 aves silvestres na casa de Torres e apura comércio

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que está preso desde janeiro, foi alvo de uma ação do Ibama nesta sexta-feira (24). O órgão fez busca e apreensão na residência de Torres, em Brasília, em decorrência da criação ilegal de pássaros silvestres.

A informação foi confirmada ao UOL pelo Ibama e pelo advogado do ex-ministro, Rodrigo Roca. O advogado afirmou que Torres foi multado, mas disse que ele vai recorrer. A multa é de R$ 54 mil, segundo o Ibram (Instituto Brasília Ambiental), que também participou da ação.

Na operação, foram encontradas 60 aves mantidas no criadouro, uma delas com a pata mutilada. O Ibram informou que nenhuma delas foi apreendida, mas não informou a razão. Ao UOL, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que as inconsistências encontradas no sistema sobre Torres podem indicar a negociação dos pássaros.

"Uma das coisas que chamou a atenção dos técnicos é que existe um limite de troca de criadouro de animais. Isso indica
que ele pode estar comercializando essas aves. Tem um limite de aves que podem ser transacionadas e houve uma movimentação muito maior", disse Agostinho.

A base de dados sobre o cadastro dos pássaros não batia com o que foi encontrado na casa de Torres. Algumas aves que estão cadastradas no nome dele não estavam no local. Torres terá que apresentá-las ao Ibama, mas ainda não há informações sobre o prazo. Agostinho afirmou que, se alguma delas morreu, ele terá que entregar a anilha ao órgão. O presidente do Ibama não descarta ainda a apreensão das aves, se for comprovada ilegalidade.

Em nota, o Ibama informou que a atividade foi embargada e notificou o ex-ministro para que sejam apresentadas informações sobre os animais registrados no sistema que não foram encontrados no local.

Anderson Torres foi autuado por irregularidades como utilizar animais em desacordo com a autorização existente, por inserir dados falsos no sistema e por mutilação. De acordo com o Ibama, a ação foi um desdobramento de investigação iniciada no ano passado a partir da identificação de informações inconsistentes no Sispass (Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros), como o registro de ave sob responsabilidade de Torres em nome de outra pessoa.

"As investigações não eram focadas nele. Estamos visitando vários criadores cadastrados e que apareceram em uma ação de inteligência. E o nome dele surgiu", afirmou Agostinho. Segundo a investigação, Torres mantinha uma funcionária para cuidar exclusivamente das gaiolas. Na operação foram encontradas aves das espécies curió, azulão e bicudo, entre outras. De acordo com Agostinho, o bicudo está em extinção, apesar de ser possível criá-la legalmente. Havia ainda um casal de tiê-sangue, que têm cor vermelha.

O ex-ministro está preso desde 14 de janeiro, em Brasília, por suspeita de omissão e conivência com os ataques golpistas de 8 de janeiro. Na ocasião, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Durante buscas na casa de Torres, no mês passado, a PF encontrou uma minuta de um decreto golpista.
O ex-ministro nega as acusações, diz que adotou medidas para prevenir as invasões ocorridas no ato golpista de 8 de janeiro e que há "total ausência" de evidências para associá-lo aos ataques. Sobre a minuta, ele afirmou em depoimento que ela não tem "viabilidade jurídica" e que não sabe quem foi o autor do texto.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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