O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, anunciou nesta sexta-feira (11) que a polícia prenderá quem entrar de forma ilegal no país a partir do próximo dia 15, quando entrarão em vigor novas leis que estabelecem penas de até cinco anos de prisão para quem cometer essa infração.
O político nacionalista também denunciou que alguns refugiados se negam a cooperar com a polícia, o que viola as normas húngaras. "Considerando-se que estamos diante de uma rebelião de imigrantes ilegais, a polícia tem feito o seu trabalho de uma forma notável, sem usar a força", disse Orban, segundo a Reuters.
As novas leis, aprovadas pelo parlamento húngaro na última sexta-feira (4), são uma tentativa de aliviar a "pressão migratória" que registra há meses. Mais de 160 mil refugiados entraram no país através da fronteira com a Sérvia. A maioria com a intenção de continuar rota rumo a Áustria e Alemanha.
O pacote prevê a criação de uma faixa de 60 metros a partir da fronteira chamada "zona de passagem", que só será aberta rumo à Sérvia e onde será realizado o registro dos refugiados ou imigrantes.
Condições desumanas
Um vídeo gravado de maneira sigilosa dentro do maior campo de migrantes na Hungria, na fronteira com a Sérvia, mostra as condições "desumanas" da distribuição de alimentos.
O vídeo, filmado feito por uma voluntária austríaca que trabalhou na quarta-feira (9) no campo de Roszke, mostra 150 migrantes dentro de um cercado em um grande salão. Eles tentam desesperadamente pegar os sanduíches lançados por policiais húngaros, que usam capacetes e máscaras.
Entre a multidão estão mulheres e crianças, que tentam segurar os sanduíches jogados no local, enquanto as pessoas que estão mais ao fundo tentam chamar a atenção das pessoas que distribuem comida.
Críticas
Na terça-feira (8), a Agência da ONU para os refugiados criticou as duras condições no campo de Roszke.
A Hungria, um país fundamental no trânsito de imigrantes e refugiados que tentam chegar a países mais ricos e generosos da União Europeia, como a Alemanha e a Suécia, está correndo para concluir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia até o início de outubro, para conter o fluxo, de acordo com a Reuters.
O governo conservador húngaro concluiu em agosto uma cerca de arame ao longo da fronteira de 175 km com a Sérvia, mas isto não parece representar um obstáculo para a chegada dos migrantes.
Uma nova barreira, de quatro metros de altura, está sendo construída e deve ser concluída no fim de outubro ou início de novembro.
Budapeste anunciou nesta sexta-feira que mobilizará até 3.800 soldados para reforçar a barreira anti-imigrantes na fronteira com a Sérvia.
De acordo com o novo ministro da Defesa, Istvan Simicsko, a prioridade é construir a barreira.
Apesar das medidas para impedir a chegada de refugiados, 3.601 migrantes conseguiram entrar no país na quinta-feira, um novo recorde, segundo a polícia.
Fonte: G1