Hoje, quando as pessoas ouvem falar de política, visam um cenário negro, visando o político em seu bem-estar, principalmente nas revoadas de gado em seu pasto. Na década de 60 havia dois grandes caciques políticos do Sul de Mato Grosso, o agropecuarista Lúdio Martins Coelho e o engenheiro Pedro Pedrossian, que travaram uma luta para governar todo o Estado antes da divisão. A união do PSD e da UDN, que vença o melhor, para o engrandecimento do Estado num plano bem elaborado de governo. Era uma briga feroz do dólar contra o tostão, não havia baixaria, como presenciamos nestes anos atuais da política em Mato Grosso. Na esquina da antiga Catedral Basílica do Bom Jesus, o irreverente Zé Bolo Flor, discriminado como louco e tarado pela sociedade preconceituosa da época, mas na verdade inteligente e criativo, compôs esta música com humor da política em Cuiabá, veja: “A carestia está um horror, para presidente votar em Bolo Flor; falta transporte, falta café, na governança nós queremos Enhaporé; se Deus quiser, se Deus quiser, para prefeito vou votar em Peteté”. Assim o tachado como louco, criativo da política daquela época deu o seu recado e os próprios políticos não captaram a sua mensagem de crítica à nação, ao estado e à capital. E venceu Pedrossian, que deixou uma marca como estadista, teve um filho cuiabano que leva o nome de Pedro Pedrossian Filho .
Raposas da política
Quando se falava nas eleições de presidente do Brasil, já se lembrava logo dos caciques ou raposas políticas do estado, que eram referência em nível nacional e em todo o Mato Grosso. No tempo de Getúlio Vargas, era Filinto Muller; com Dutra, era D. Aquino; mais tarde, com o trabalhismo de Goulart, era este ou eventualmente Júlio Muller. E assim até hoje vivenciamos grande líderes políticos como coordenadores de campanha para diversos candidatos presidenciáveis no país. É bom lembrar que no Estado Novo, com o DASP, houve o favorecimento a muitos mato-grossenses que, mediante concurso, ingressaram no serviço público por seus próprios méritos, sem interferência de nenhum protetor, sem perseguição política. Nas eleições para presidente de 1946, o cuiabano Eurico Gaspar Dutra contra o Brigadeiro Eduardo Gomes, as moças do Pacaembu criaram o famoso brigadeiro, cujas vendas dos doces eram para ajudar o Eduardo em sua campanha presidencial. Por outro lado, Dutra presenteava os seus eleitores com delícias da terra: pirulito, pixé e queimada, e assim ele venceu as eleições. Em 1960 o mato-grossense Jânio Quadros concorreu à Presidência com os candidatos Henrique Teixeira Lott e Ademar de Barros. Os eleitores daquela época aplaudiam a inteligência de Jânio, principalmente nas reuniões políticas que aconteciam na residência de Mestre Inácio, no bairro Baú – o Mestre Inácio foi um grande articulador político da época. Decepcionado com um país mal planejado na forma de administrar, criou este jingle: Varre, varre, vassourinha… varre, varre, varre, vassourinha! Varre, varre a bandalheira! Que o povo já tá cansado de sofrer dessa maneira. Jânio Quadros é a certeza de um Brasil moralizado! Alerta, meu irmão. E, assim, vivemos num país em que o Brasil está matando o Brasil.
A língua vence o silêncio
A cada dia de nossa vida nos deparamos com pessoas que usam duas máscaras, uma para falar em nome de Jesus e a outra para julgar o seu próximo, sem provas. Isto acontece com pastores, espíritas, cristãos, até mesmo com ministros de eucaristia, continuo ouvindo comentários que saem da imaginação contaminada dessa gente que prega os ensinamentos de Deus. Comentários que as pessoas ofendidas saibam dos fatos, mas elas procuram eliminar a língua pelo silêncio. O poder dos prepotentes, porém, é como a força dos tratores que não levam em consideração as respostas com um simples silêncio. Lembre-se: as pessoas são o que são e não o que você deseja que elas sejam. Evite criar imagens ou mitos em relação às pessoas de sua admiração, para que você não seja iludido. As pessoas, sem exceção, têm defeitos e falhas. Portanto, não impede ao próximo uma avaliação além da realidade para que você não se decepcione. É preferível que você esteja diariamente preparado para aceitar tanto as qualidades quanto os defeitos das outras pessoas. É aceitando a imperfeição alheia que você dará um passo rumo à sua própria perfeição.
Carlinhos Alves Côrrea é jornalista e colunista social e semanalmente escreve a coluna Cadeira de Balanço no Circuito Mato Grosso.