Pelo visto o novo Hospital da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o Júlio Muller (HUJM), não ficará pronto antes do ano de 2017. Com as obras interrompidas, o projeto que promete desafogar a fila de espera para atendimentos e cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS), com os 250 leitos previstos, deixa de salvar vidas por descumprimento de prazo do consórcio de empreiteiras responsáveis pela construção da unidade. Ele realizou apenas 9% da obra que era para ser entregue agora em dezembro.
Enquanto isso o déficit no HUJM é de pelo menos 380 leitos. Isso significa mais de 4,5 mil atendimentos por ano nas diversas complexidades, cuja meta é implantar com o novo hospital 49 UTI, com 23 leitos para adulto, 16 leitos infantis e 10 para neonatal.
Ainda 206 leitos de enfermaria geral, sendo 68 de clínica médica, 68 de clínica cirúrgica, 36 leitos de pediatria e 34 de ginecologia/obstetrícia. Estão previstas, no campo da cirurgia e obstetrícia, nove salas cirúrgicas e sete salas de parto.
“Estamos apertados aqui, mas conseguindo sobreviver. Seria muito melhor se nós tivéssemos um hospital novo, porque teríamos mais espaço e poderia dar mais conforto para os pacientes e alunos. Iria aumentar os cenários de aprendizado, de ensino”, diz o diretor superintendente do HUJM, Francisco Souto.
O cenário do HUMJ é de 120 leitos, onde o centro cirúrgico está funcionando limitado com basicamente quatro salas e há a necessidade de ampliar o laboratório e criar alguns serviços, como de neurocirurgia. Uma novidade é o serviço de oftalmologia, sendo o único hospital do SUS em Mato Grosso que faz cirurgia oftalmológica de alta-complexidade.
O planejamento, com a instalação do hospital novo, localizado na rodovia Palmiro Paes de Barros (MT-040, Km 16 – estrada que liga Cuiabá ao município de Santo Antônio de Leverger) e com as ampliações pretendidas no atual Júlio Muller, que deve continuar funcionando, é que chegue entre 450 e 500 leitos. O que seria o ideal para atendimento acadêmico e da sociedade, com o SUS, oferecendo a população mais serviços e mais agilidade.
“Muita gente não consegue internar, as filas são grandes para muitos. Para a população a falta deste hospital é a perda de leitos e que muitas vezes a pessoa está desesperada e tem que procurar um hospital privado e gastar dinheiro”, destaca Souto.
O que acontece neste caso, uma vez que tem dinheiro disponível para fazer o projeto, no valor de R$ 120 milhões, bem como local para construí-lo? Será mais um caso agravado de tornar-se um “elefante branco”, ou melhor, obra parada, como o inacabado Hospital Central, há mais de 30 anos?
Segundo o médico, a obra de 58.645, 29 metros quadrados era para ser entregue em 720 dias, no dia 10 de dezembro, quando a UFMT completa 44 anos de criação e ficou orçada em pouco mais de R$ 116 milhões.
No entanto, o contrato foi rescindido, após diversas notificações feitas pela Secretaria de Estado de Cidades (Secid) perante a má qualidade de materiais utilizados e dos serviços executados.
Também consta no levantamento da Secid a falta de equipamentos de segurança do trabalho (telas fachadeiras, ponteiras para vigas, sinalização de segurança dos operários).
Ou seja, no ritmo que a obra estava levaria 17 anos para ser concluída, tal como relata o estudo apresentado pela secretaria contratante.