A Federação dos Hospitais Filantrópicos divulgou uma nota sobre a situação financeira dos hospitais que prestam serviço em Mato Grosso. A crise das unidades teria atingido “índices insuportáveis” neste mês de maio devido à falta de repasses no valor de quase R$ 13 milhões para as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e serviços essenciais, como a Oncologia, leitos de retaguarda e incentivo de cirurgias cardíacas e obstetrícias.
Em nota, a presidente da Federação das Santas Casas e dos Hospitais Filantrópicos do Estado de Mato Grosso (FEHOSMT), Dra. Elizabeth Meurer, afirmou que caso o repasse não seja feito até esta sexta-feira (26), os hospitais irão paralisar os serviços.
“Acabamos sempre batendo contra a parede de um Estado que não está solucionando os problemas dos hospitais filantrópicos e por consequência dificultando o acesso dos pacientes aos leitos e aos procedimentos". Cada vez que um hospital regional paralisa seus serviços os hospitais filantrópicos ficam ainda mais sobrecarregados porque atualmente 50% de seus atendimentos já são para pacientes do interior do Estado e da Baixada Cuiabana.
Os repasses não foram regularizados pelo Governo do Estado há pelo menos dois meses. “As instituições Santas Casas de Cuiabá e Rondonópolis, Hospital Geral Universitário, Hospital Santa Helena e Hospital de Câncer estão passando por enormes dificuldades com fornecedores e pagamento do serviço médico”, diz trecho da nota.
Elizabeth ressaltou que a dívida do Estado com as instituições vêm se arrolando desde 2015. "No ano passado elencamos uma série de perdas que estamos tendo com a falta destes repasses para a Secretaria de Estado de Saúde, mas até agora não foi feito quase nada para nos tirar desta situação. O incentivo de custeio emergencial veio apenas por três meses e desde fevereiro as instituições não receberam mais este aporte”.
A presidente apontou que os cinco hospitais atualmente atendem 80% da população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e somam 3,5 mil internações por mês, sendo que o Hospital Santa Helena e o Hospital Geral fazem cerca de 1,1 mil partos ao mês. Em cada unidade são feitas aproximadamente 500 cirurgias por mês.
Os hospitais cobram do governo o imediato pagamento do valor atrasado e a elaboração de um cronograma para não deixar que os repasses voltem a atrasar.
Plano emergencial
O governador Pedro Taques (PSDB) se reuniu nesta quarta-feira (24) com 17, dos 19, deputados da base aliada do Governo e secretários para tratar sobre os repasses em atraso na saúde em Mato Grosso. No encontro, o chefe do Paiaguás apresentou aos parlamentares sugestões para um pacote de medidas emergenciais e assumiu uma dívida de R$ 162 milhões relativos aos repasses aos hospitais regionais.
A reunião foi uma ação premeditada para conter os ânimos mais exaltados dos parlamentares que nas últimas sessões ordinárias na Assembleia Legislativa não pouparam críticas ao Executivo.
De acordo com a assessoria do Governo, as medidas visam, no curto prazo, garantir especialmente o restabelecimento do pleno funcionamento dos sete hospitais regionais existentes no Estado, e também os repasses obrigatórios e voluntários para a atenção básica, em parceria com os municípios.
As medidas, de acordo com o Governo, vão exigir mudanças na legislação e a participação de todos os poderes. Por esta razão, todos os setores envolvidos foram contatados a partir desta quarta-feira (24). A meta de Taques é anunciar nesta quinta-feira (25) as medidas que serão tomadas, mas até o momento nada foi divulgado.
O secretário de Saúde, Luiz Soares, que assumiu a pasta há cerca de 60 dias, foi quem revelou um passivo de R$ 162 milhões aos hospitais regionais. De acordo com o governador, a meta é zerar esse passivo até a primeira quinzena de junho.
O passivo junto aos municípios, relativo aos exercícios anteriores, é de R$ 33 milhões, que também serão equacionados na proposta a ser apresentada pelo Governo.
“A saúde sempre foi nossa prioridade, mas estamos diante de uma situação de queda de arrecadação em função da crise econômica e política do país. Neste caso, temos que fazer escolhas difíceis. Para por as contas da saúde em dia, precisaremos cortar outras áreas do Governo. Estamos tentando fazer isso sem comprometer outros serviços essenciais e os investimentos. Porém cortaremos de onde for necessário para investir mais na saúde", salientou o governador.
Com Assessoria